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Tales of Xillia - Análise

Uma fantasia de convicção implacável.

Quando Hideo Baba e a sua equipa dedicada à série "Tales of" se propõe a desenvolver um novo jogo primeiro começam com a elaboração de um tema central que todos os restantes elementos terão que respeitar. Sejam os personagens, o mundo, o enredo e a forma como o jogo se desenrola, tudo serve para destacar essa ideia. Aqui em Tales of Xillia, que chega até nós quase dois anos depois do lançamento original no Japão, todo o jogo assenta na temática "Um RPG de convicção implacável". Todos os fãs de Tales sabem como o seu tema molda os acontecimentos e como toda a experiência destaca essas sensações. Em Xillia é sobre como podemos ir além dos nossos limites para nos erguermos acima do que acreditamos conseguir caso a situação assim o exija.

Desde a sua revelação que Xillia prometia muito potencial. Por um lado prometia progredir elementos clássicos dos jogos Tales que todos conhecemos e adoramos, por outro prometia procurar algo novo, fresco e diferente do que vimos em Vesperia ou Graces. Apesar de muito aqui ser igual e base do que esperamos de um Tales, como o uso de magia pelos humanos, o seu papel dentro da sociedade e como ela vive, outras partes, como a possibilidade de presenciar a história por duas perspetivas e até o ritmo do jogo, estão ligeiramente diferentes ou são algo novo.

Jude Mathis é um jovem aprendiz de medicina que vê a sua relativa ingenuidade ser crescentemente destruída para se tornar num homem resoluto e dedicado. Ele vive numa incrível cidade de seu nome Fenmont. Aqui a noite é eterna e as pessoas usam magia para curar outras pessoas, para iluminar a cidade e para um grande número de coisas. Esta é a capital do reino Rashugal, uma das duas metades que dividem Rieze Maxia (o mundo onde o jogo decorre) sendo a outra Auj Oule, onde reina Gaius. Ali, em Nia Khera, mora Milla Maxwell, a incarnação da mestre de espíritos, que decidiu adotar uma forma humana para manter a paz no mundo dos homens.

Milla pressente a chegada de uma ameaça e aqui vemos como ela é o oposto de Jude. Não basta serem criaturas diferentes, não basta serem de reinos vizinhos mas diferentes, os dois são um completo oposto. Jude não tem firmeza e ainda está a formar-se enquanto adulto quando cai insuspeito no meio de acontecimentos demasiado grandiosos para si. Jude encontra Milla e ambos partem numa jornada que os vai mudar radicalmente. Uma jovem implacavelmente dedicada, que não pára seja porque motivos for, encontra-se com um jovem indeciso e pacato para dar início a uma aventura durante a qual as suas convicções serão testadas.

Pelo caminho vão encontrar um grupo estranho de personagens, seis no total, que provavelmente não seriam as favoritas caso os fãs tivessem que escolher mas que surpreendem e crescem em nós. Alvin, Elize, Illbert, e Leia não são propriamente as personagens mais normais de encontrar mas aos poucos e poucos vamos ficando familiarizados com eles e mais importante, mostram qualidade nas suas histórias. Xillia é um jogo com um ritmo bastante diferente dos anteriores, é um jogo mais dinâmico, talvez mais direto e mais simples, que corre com boa estabilidade. O que pode ser bom e pode ser mau.

Qualquer fã de Tales nem vai dar por ela mas em menos de uma hora está plenamente integrado no jogo e a dominar a gameplay, é muito fiel à série nas suas estruturas base, mas o ritmo de progressão é provavelmente o que mais espantará. Xillia é um jogo que pode ser terminado em menos de 25 horas e isso reflete-se nas pequenas aldeias ou cidades que encontramos, na exploração insuficiente dos personagens e até na fraca quantidade de tarefas secundárias que temos para realizar.

Adicionalmente, a dado momento temos a possibilidade de viajar instantaneamente para qualquer ponto já utilizado, o que facilita a navegação e evita que a longevidade seja prolongada artificialmente. No entanto, isto torna a experiência demasiado simplificada para o que é habitual num Tales. É tudo relativamente direto e sem problemas, quase como se o jogo estive em modo semi-automático. Ainda assim consegue ser agradável e a experiência cresce em tom simpático para algo envolvente que acabará por se tornar cativante e viciante. Este é o poder de Xillia que quando coloca na balança os seus prós e os seus contras, os primeiros terão muito mais impacto.

Que o diga o sistema de combate que é sem sombra de dúvidas um dos melhores que já conheci num JRPG. Evoluindo sobre os mais recentes, o Dual Raid Linear Motion Battle System coloca-nos em combates de 4 personagens principais contra um número variável de adversários. Convém relembrar que em Tales os monstros e inimigos estão visíveis no "campo" por onde progredimos. Os combates decorrem em tempo real (após um rapidíssimo ecrã de transição) onde podemos controlar livremente o personagem e executar os ataques como num Action RPG tradicional.

O jogador controla um personagem enquanto a IA controla os restantes três e além de combos físicos, existem variáveis relacionadas com as direções do analógico, podemos executar Spirit Artes. Artes mágicas que resultam em ataques/combos especiais e espetaculares. Um dos elementos que mais me agradou nos combates é o sistema LINK. Isto permite a dois personagens criarem uma ligação e assim que "ligados" é como se o jogador estivesse a usar dois personagens ao mesmo tempo (um em manual e outro em auto). Isto porque ambos atacam os mesmos adversários que o jogador deseja e combinam ataques, combos e artes para um resultado visual espetacular.

Há muito que se sabe que os combates de Tales valem muito mais na experiência que a sua própria história. Aqui em Xillia não temos eventos de impacto até às 8 horas de jogo e provavelmente só voltam a ficar espantados 8 horas depois. O gosto está mesmo em conhecer os locais, ver os Skits com as personagens, e combater com todo o gosto. Em determinados momentos torna-se difícil sentir empatia com os personagens e parece não haver crescimento. É pena porque noutras alturas ficam vislumbres de maior potencial.

Outro elemento que incorpora alguma novidade é a forma como melhoramos os personagens. Cada uma carrega consigo uma "flor" que lhe permite aprender novas habilidades. No menu isto assume a forma de uma grelha com habilidades que temos que desbloquear com os pontos obtidos ao subir de nível. É um esquema que se torna fácil de gerir e se não quiserem estar a cair em erro, existe a opção de escolher automaticamente o melhor percurso para um personagem em específico. Fica no entanto a nota que não é preciso qualquer grinding nem tão pouco investir novamente nas masmorras para colocar os personagens a nível que permita progredir sem interrupções.

Ainda relacionado com a progressão das personagens, em Xillia é aconselhado explorar os campos (o termo usado é mesmo fields que estão separados das dungeons) para encontrar itens e dinheiro. Este segundo é escasso e só mesmo os exploradores serão capazes de patrocinar as diferentes lojas com doações para estas subirem de nível e abrirem acesso a itens mais poderosos assim como a bem-vindas promoções. O "eco-sistema" criado pela equipa de Tales é de louvar pois é diferente de praticamente tudo que já vi num jogo do gênero.

Precisamos de dinheiro para comprar armas e armaduras mas ao doar itens para as lojas estas sobem de nível e rapidamente surgem promoções que nos deixam poupar o dinheiro. Quase sempre raro e dificilmente conseguem comprar tudo que precisam se não explorarem bem. No entanto, Xillia está longe de ser difícil e só mesmo perto das 12 horas precisei repetir uma batalha porque perdi.

Onde Xillia nada perde mas sim ganha é na sua banda sonora. Devo confessar que nunca me entendi muito bem com Motoi Sakuraba. Por diversas vezes fui exposto ao seu trabalho e excepto algumas peças nunca senti uma particular ligação com o seu trabalho. A banda sonora é um dos elementos mais importantes em qualquer JRPG que se preze e apesar de aclamado, até à data tinha os meus problemas em entender-me com o senhor Sakuraba, até agora. Xillia é mesmo um prazer de ouvir, as peças do compositor que brinda a grande parte dos jogos desta série são deliciosas de ouvir e encaixam-se muito bem nas diversas cidades.

Passear por Hamil debaixo das árvores de Porange, percorrer as ruas eternamente noturnas de Fenmont, conhecer os diversos Seahaven espalhados por Rieze Maxia, ou enfrentar criaturas gélidas nas montanhas de Thoran antes de chegar a Xian Du representam alguns dos momentos mais brilhantes no jogo. No geral é o habitual do compositor mas por alguma razão conseguiram fazer-se sentir em maior nível que nos outros jogos. Uma palavra de apreço deve ser deixada para o talento dos atores que emprestaram as vozes para dar vida aos personagens.

A convicção não poderá parar no caminho para a paz.

Jude e Milla tem vozes que não vão surpreender mas Ilbert, Alvin, Gaius, Rashugal, Wingul e Pressa, por exemplo, são fruto de vozes que conseguem deixar uma boa impressão. Esse é também o efeito que os visuais tem no jogador. Colorido e artisticamente brilhante, o mundo de Xillia é diverso, graças aos Spirit Climes que forçam nas diversas localizações estados climatéricos variados, e bem fascinante num jogo de fantasia. Em muitos momentos foge a vários clichés dos JPRGs e ostentam um design e criatividade artística de aclamar. O problema talvez seja mesmo o tamanho relativamente pequeno de cada cidade ou localização, não pedia algo desnecessariamente grandioso, mas um pouco mais de espaço nos locais poderia ajudar. No entanto, conseguem boa personalidade e atmosfera, o que é bem importante.

A nível visual talvez só mesmo o, por vezes excessivo, aliasing é que rouba à imersão no mundo de jogo. Por momento podemos ficar a pensar que estamos num anime mas a ilusão pode ser quebrada abruptamente devido a esse elemento técnico. Nas batalhas tudo decorre de forma altamente fluída e eficaz excepto quando estamos numa situação com muitas Spirit Artes em uso ou com muitos inimigos. Não se enganem, este é o motor que deu vida a Vesperia e a Graces mas numa forma evoluída e pronto para convencer.

Para completar a jornada de Millia Maxwell e Jude Mathis serão precisas perto de 25 a 30 horas. Caso queiram jogar com a segunda personagem tem o dobro das horas. Isto por um lado pode ser encarado como diferente e até surpreender à primeira vista, mas quando olhamos para a pouca quantidade de horas que temos em tarefas secundárias, fica a ideia que estamos perante uma compensação não abonatória. Mais missões secundárias e até uma história principal um pouco maior poderia elevar a duração para as 40/50 horas. Assim, a única verdadeira alternativa e incentivo a que o jogador continue em Rieze Maxia é mesmo jogar uma segunda vez com o outro personagem.

Provavelmente Tales of Xillia não vos deixará indiferentes. Para uns será dos piores na série enquanto para outros poderá ser dos melhores. O mais curioso é que consegue ser superior aos outros em alguns pontos mas não consegue deixar de ficar atrás noutros. Mais curioso ainda é que este é provavelmente o Tales que mais prazer me deu jogar mas cujo potencial senti ser menos aproveitado. O enredo decorre a bom ritmo, não existe nada a "empapar" a trama, a gameplay nas batalhas é familiar mas sentimos avanços e no final do dia fica na memória um jogo que deveria ser maior e melhor. A sensação de algo que não faz nada de propriamente errado, apenas poderia ser mais.

8 / 10

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Tales of Xillia

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.
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