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Remember Me - Análise

Overdose de memórias.

A ação é ao estilo hack and slash, sem utilização de armas, Nilin utiliza os punhos, as pernas e alguns poderes especiais para combater as vagas de Leapers e soldados que nos atiram para cima. A parte mais interessante do sistema de combate é a possibilidade de sermos nós a montar os próprios combos, utilizando Pressens que vamos desbloqueando, ou melhor, de que nos vamos "recordando". Estes são basicamente uma habilidade para designar numa posição do combo, e que atribui um efeito adicional a cada golpe, seja dano adicional ou o restauro de um pouco da vida. Não podemos modificar a ordem do combo, apenas escolher o bónus de cada golpe individual.

É um sistema interessante, mas confesso que esperava muita mais profundidade desde que o anunciaram. Temos poucos combos e poucos tipos de Pressens (Regen, Power, Cooldown, Chain) até ao final do jogo, o divertimento está em formar sequências para várias situações, um combo para ganhar vida, outro para reduzir cooldowns por exemplo, mas a magia do sistema desvanece-se rapidamente. Precisamos ainda assim de ter em conta algumas "nuances", por exemplo, o efeito do Pressen é maior quanto mais tardio estiver na sequência, mas o risco é maior também, porque nem sempre chegarão ao final de cada combo.

Gameplay sobre os combos.

O combate sofre um pouco com este sistema, a execução de cada combo requer o respeito pela sua sequência claro, mas pela velocidade com que aplicamos cada golpe também, e o ritmo para que o jogo registe cada habilidade é francamente lento. O sistema é misturado com algumas mecânicas dos adversários, uns são invisíveis no escuro, outros dão dano quando os atingimos, mas a sequência de golpes é demasiado mecânica, parece robótica por vezes. Torna-se numa dança de temporização de golpes e de momento para nos desviarmos dos ataques, é muito igual ao longo de todo o jogo, gratificante, mas repetitivo.

Para descobrir a verdade sobre nós próprios e travar a Memorize vamos fazer muitos inimigos como devem imaginar. O trama da história é interessante, certamente diferente em alguns momentos, mas pareceu-me mal montado. As apresentações dos antagonistas são assim muito imediatas e parecem suceder-se, nunca temos a certeza quem deve ser o alvo e quem ainda é inatingível. É o mal de ter uma protagonista sem memória, Nilin também vai descobrindo novas preocupações apenas após se livrar da ameaça atual.

Está dividido por episódios e não é muito longo, aproximadamente 9 horas a campanha se gostam de vasculhar tudo. A ação é linear, têm sempre uma seta amarela que indica a direção do objetivo, e ainda podem utilizar a visão especial de águia que aponta a própria câmara para a direção que devemos ir. Poderá afastar jogadores esta ideia de nos orientar permanentemente para o objetivo, ainda que em certos cenários a seta seja bastante útil, ou simplesmente não saberíamos para que plataforma saltar. Digamos que é objetivo declarado do jogo controlar a experiência, combatemos quando o jogo decide que devemos combater, pensamos quando o jogo decide que é hora de pensar.

"A parte mais interessante do sistema de combate é a possibilidade de sermos nós a montar os próprios combos..."

Existem ainda assim espaços para vasculhar, sem nunca oferecer muitas opções, mas se perderem algum tempo têm colecionáveis espalhados pelos cenários, e ainda aquele tipo de items que depois de juntados X nos aumentam a vida ou focus totais. Já os puzzles, podem ser divididos em dois estilos, aqueles que surgem nos cenários, e as sequências para alteração de memória. Os primeiros são mais simples, divertidos, pequenos em escala, mas definitivamente inteligentes. Já os segundos são do mais interessante que o jogo oferece, apesar de achar que a Dontnod podia ter ido muito mais além neste campo.

Já expliquei na antevisão o funcionamento básico destas sequências, a ideia é entrar na cabeça de alguém e provocar a alteração de uma memória específica, utilizando para isso certos elementos do cenário dessa mesma memória. Nem todos os elementos contribuirão para o efeito desejado, o apelo está em antever o comportamento dos indivíduos na memória ao ativarmos determinada ordem de elementos. O meu problema com este sistema é que tem apenas uma resposta certa, uma combinação possível, e por isso podemos completá-los facilmente com um pouco de "tentativa-erro".

Tal como a ação, a história também é completamente pré-determinada e por isso compreende-se o porquê de haver apenas ter um resultado possível, no entanto, facilmente imaginamos como seria se existisse algum tipo de escolha, ou pelo menos duas respostas certas com resultados e consequências que teríamos de aceitar. É um sistema simplista, mas a ideia é muito boa. Como comecei por dizer, nós somos muito aquilo que nos lembramos e uma alteração do desfecho de uma memória pode modificar por completo a visão que outros têm de nós ou do mundo. E fico-me por aqui.

Para resumir, com uma boa apresentação e um ambiente estético que tem tanto de surpreendente como de familiar, Remember Me é um bom jogo, com várias boas ideias, mas que infelizmente são poupadas em ambição. Gostei da protagonista, mas sinceramente, o jogo não fez muito por isso, raramente Nilin faz algo por sua vontade e a vontade do jogador não conta nada considerando a linearidade da ação. Merecia mais conteúdo, um sistema de combos mais profundo, mas principalmente uma abordagem mais ambiciosa à capacidade de modificar memórias, e mais destas sequências também seria agradável. Acho que tem potencial para ter direito a sequela, só o tempo dirá se voltaremos a ver Nilin em ação.

7 / 10

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Remember Me

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Aníbal Gonçalves avatar

Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.

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