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Para quem é a Wii U?

Uma plataforma para agradar a gregos e a troianos.

Quando demonstrou a recém-lançada Wii U na última E3, a Nintendo prometeu uma consola capaz de unir jogadores hardcore e casuais, mas conseguirá uma só plataforma agradar a públicos tão distintos?

A julgar pelo lançamento, não podemos dizer que a Wii U não se está a esforçar:

  • Para o público conquistado com a Wii, a Nintendo pisca o olho com Just Dance 4, Nintendo Land ou New Super Mario Bros. U.
  • Aos que preferiram a Xbox 360 ou a PS3, a Nintendo lança o isco com o original ZombiU e as versões “completas” de Mass Effect 3, Batman: Arkham City ou Darksiders 2.

Será que um título original e alguns ports, alguns deles de jogos com vários meses, é o suficiente para convencer o público hardcore a comprar uma Wii U ou terá este público sido completamente afastado com a Wii?

As casualidades da Wii

Com a Wii U, a Nintendo tem entre mãos uma tarefa hercúlea: repetir o sucesso da Wii com os jogadores casuais e, ao mesmo tempo, conquistar os jogadores hardcore.

A Wii conquistou público que nunca tinha jogado antes, mas isso teve um custo.

A Wii foi a consola doméstica de maior sucesso da história da empresa: já vendeu cerca de 100 milhões de unidades desde o seu lançamento em 2006, o que também faz dela a consola que mais rapidamente alcançou tal marca.

A Wii fez jus ao seu nome de código, “Revolution” - a sua facilidade de uso conquistou massas que nunca tinham tocado num videojogo na vida e que rapidamente tornaram a Wii na vencedora da sua geração. Mas isso teve um custo: a consola era claramente dirigida a um público casual, pouco dado a comprar jogos com frequência. Isto depressa se refletiu nas vendas de software: tirando a própria Nintendo e a Ubisoft, poucos foram os que conseguiram fazer dinheiro com a Wii.

À partida, a Wii U não é tão casual quanto a sua antecessora: custa mais, não tem a mesma facilidade de uso e a consola não inclui uma killer app como o “Wii Sports”, o jogo mais vendido da história. Este é um grande ponto negativo que pode afastar o público casual. É inegável que jogos de lançamento ou incluídos com a consola, tais como Super Mario Bros., Super Mario World, Super Mario 64, Tetris e Wii Sports abriram o caminho para o sucesso das máquinas Nintendo mais populares da história. Bastava que “Nintendo Land” ou um “Wii U Sports” viesse incluído no pacote básico para garantir o escoamento de hardware durante os próximos meses. Certamente a Nintendo vai acabar por corrigir esta deficiência se o ritmo de vendas baixar drasticamente.

Do outro lado da barricada temos o público que já antes da Wii consumia videojogos com frequência e que, na geração atual, preferiu a Xbox 360, a Playstation 3 ou o PC por, na generalidade, oferecerem experiências mais imersivas e um serviço online inexistente na Wii.

Títulos envolventes e serviços online captaram a atenção dos jogadores hardcore. Call of Duty foi o Wii Sports da Sony e Microsoft.

"A Nintendo quer os hardcore de volta e está empenhada no cumprimento dessa missão."

6 anos volvidos, é difícil afirmar que o público hardcore ainda se identifique com a marca Nintendo. Até mesmo os seus últimos títulos mais “sérios”, como Metroid Other M e The Legend of Zelda Skyward Sword, venderam bastante menos que os seus antecessores apesar da sua inegável qualidade.

A longevidade desta geração permitiu à Sony e Microsoft transformar as suas máquinas em verdadeiros centros multimédia e a generalidade do público hardcore está bastante satisfeito com estas marcas. Dar uma oportunidade à Nintendo pode significar abdicar de serviços que conquistaram.

No entanto, do lançamento da Wii U podemos reter uma mensagem clara: a Nintendo quer os hardcore de volta e está empenhada no cumprimento dessa missão. Conquistar este público é vital não só para o sucesso da Wii U mas também para restabelecer a confiança dos developers nas consolas domésticas da marca.

Será que ainda vai a tempo de reatar uma relação que remonta à NES mas que sofreu um duro golpe pelo caminho?

2013 vai ser hardcore

A Nintendo precisa de conquistar os hardcore gamers antes que a Microsoft e a Sony os comecem a namorar com as suas novas consolas. Para isso vai ter muito trabalho pela frente e um prazo para o fazer: a E3 de 2013.

Até lá, o seu o maior lançamento é Pikmin 3, um título sólido mas incapaz de escoar hardware à velocidade a que a empresa se habituou.

Antes da E3 há um outro grande desafio a que a Nintendo vai ter de responder: o lançamento de Grand Theft Auto V nas atuais consolas. É mais que certo que GTA V vai vender muito e mover muito hardware. Toda a atenção vai estar voltada para a Xbox 360 e PS3 por isso convém que a Nintendo responda com qualquer coisa. Mais uma vez, não parece que Pikmin 3 seja o suficiente para travar o gigante da Rockstar.

Antes de conhecer as suas concorrentes da nova geração, a Nintendo terá uma pedra no sapato chamada Grand Theft Auto V

Se até Junho 2013 nada fizer, a Nintendo não terá outra hipótese que não jogar todos os seus trunfos durante a E3. É altamente provável que a Sony e a Microsoft revelem novo hardware que, a julgar pelos rumores, se avizinha bastante superior ao da Wii U. Outros rumores apontam para a entrada da Valve na sala de estar, o que significa mais uma empresa a competir pela atenção e dinheiro dos jogadores.

Para roubar algum do inevitável protagonismo às novas consolas, a Nintendo terá que se esforçar bastante. Precisará de um novo Mario(e não apenas um New Super Mario Bros.), Mario Kart, Metroid e Zelda por forma a encher as medidas aos jogadores hardcore que, muito provavelmente, ficarão impressionados com demos de Gran Turismo ou Halo a tirar partido do poder das novas consolas da Sony e Microsoft.

A E3 de 2013 será hardcore. Várias empresas competirão por early adopters para o seu novo hardware e a Nintendo precisa de rever a estratégia que tem utilizado nos anos anteriores do evento se quer convencer estes jogadores a gastarem dinheiro numa Wii U, capaz de lhes proporcionar experiências ricas e únicas. Não conseguir combater a antecipação de novas consolas pode ser terrível. Que o diga a Dreamcast que viveu assombrada pelo “fantasma” da Playstation 2.

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Joel Monteiro

Contributor

Amante de design de videojogos nos poucos tempos livres. Escreve quinzenalmente na Eurogamer Portugal sobre a indústria e criatividade.

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