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Angry Birds Trilogy - Análise

A luxúria dos pássaros zangados.

É inegável o sucesso da série Angry Birds, tornada popular com uma premissa essencialmente baseada na acessibilidade. Por ter nos telemóveis a sua base de distribuição, tem a vantagem de poder ser jogada em qualquer lado; e porque o seu preço de distribuição é irrisório, conseguiu chegar facilmente a toda a gente. Os 3 primeiros jogos da série são grátis para Android, enquanto nos sistemas iOS podem ser adquiridos por cerca de 3 euros. Com o mesmo conteúdo, Angry Birds Trilogy custa 30 euros - uma desvantagem difícil de ignorar para um jogo que tão pouco oferece de novo.

Com a chegada de Angry Birds de forma generalizada às consolas caseiras a Rovio podia ter dado um passo em frente com a sua série de sucesso, mas ficou agarrada ao passado. Focalizou-se na vaidade de um produto que oferece como chamariz um punhado de níveis exclusivos que nada são quando comparados com os mais de 700 níveis originais. Mais do que isso, introduziu como grande novidade os cenários em alta definição e uma série de novas animações que não são mais do que uma obrigação num produto que chega a um novo universo.

Tudo isso está bonito, que não restem dúvidas. Mas a verdadeira inovação ficou para trás. Para o bem ou para o mal, Angry Birds Trilogy é exatamente aquilo que estão à espera - e isso é um grande problema para quem já jogou os originais. Porventura, o maior fator de entusiasmo serão as tabelas de liderança, muito acessíveis e incentivadoras de competição. A cada nível, a apresentação da pontuação conseguida em comparação com o resto do mundo é uma constante.

A trilogia chega às consolas adaptada a controlos de movimento mas, tanto o Move como o Kinect, têm dificuldades em recuperar a intuitividade do dedo colocado diretamente no ecrã. A surpresa chega por meio dos controlos através do comando clássico que oferecem algumas novas possibilidades. A utilização do comando deixa o ecrã livre a todo o instante e oferece uma precisão que o tato não consegue satisfazer. Além disso, através do joystick para controlar a "fisga" é possível recuperar a última posição utilizada a cada pássaro lançado.

É fácil e útil alternar entre uma vista mais ampla ou apertada.

Quando estamos na rua ou em transportes públicos estamos com atenção a outras coisas e por isso é desejável que o jogo tenha uma certa dose de redundância. Quando estamos apenas focalizados no jogo, no conforto de casa, redundância em demasia torna-se chata e desmotivante.

Da passagem para as consolas seria expectável que o jogo ficasse mais lento ou menos intuitivo, mas tal não acontece. É facílimo ampliar e reduzir a área de visão através dos triggers e a inclusão de um novo botão para reiniciar um nível a qualquer instante é realmente prática.

De resto não tem nada que falhar. Abater os porcos com os diversos pássaros e suas habilidades únicas é tão divertido como antes, com a simplicidade de um sistema de físicas que tem na destruição o seu grande aliado. É viciante e, mais do que isso, desafiante. Conquistar todas as estrelas a cada nível é algo que não está ao alcance de todos. Os novos troféus e achievements aqui adicionados são a prova disso, já que há muito a fazer para obter a pontuação máxima.

Mas ao pegar nesta versão, com os enormes cenários e excelente visibilidade, salta à vista uma grande ausência. Angry Birds tem tudo para ser um jogo de família, com um potencial tremendo para modos diversos em multijogador. Nada disso existe aqui. Nem tampouco um criador de níveis para partilha em rede de novas criações, já que é tão vasta a comunidade de Angry Birds. É o mesmo jogo de sempre, jogado da mesma forma de sempre. Ninguém disse que tinha que ser de outra forma, mas falta de ambição paga-se.

Angry Birds fica bem em ecrãs grandes. Infelizmente a componente familiar aqui vista foi descartada.

Se não vou poder jogar enquanto ando de comboio ou espero pelo almoço, ao menos que tenha algo em troca. Mais do que casual, Angry Birds é um jogo de ocasião. Há uma diferença de disponibilidade entre aquilo que aceitamos jogar em qualquer lado e aquilo que apenas podemos jogar num determinado sitio. Desde logo porque quando estamos na rua ou em transportes públicos estamos com atenção a outras coisas e por isso é desejável que o jogo tenha uma certa dose de redundância. Quando estamos apenas focalizados no jogo, no conforto de casa, redundância em demasia torna-se chata e desmotivante. Com Angry Birds acontece isso. Os níveis são às centenas, mas por vezes parecem forçados.

Ao longo dos diversos cenários podem encontrar ovos de ouro que dão acesso a níveis especiais, alguns deles com boas surpresas. Caso estejam com dificuldades em avançar, a Mighty Eagle pode dar uma ajuda, lavrando todos os inimigos do cenário e abrindo caminho à progressão. A própria personagem tem uma campanha única, que envolve limpar por completo todos os elementos que compõem cada nível através da destruição.

O Angry Birds Classic e o Seasons são bastante semelhantes. O Rio é o que mais se distingue do restante pacote mas, por vezes, também o mais derivativo e desinspirado. O jogo, baseado no filme de mesmo nome, substitui os porcos por pássaros que devem ser libertados e animais à mercê de um castigo; e adiciona ainda uma série de frutas escondidas ao longo de cada nível. Os ambientes vão ao encontro do filme, com locais de passagem conhecidos e personagens a condizer. Pequenos elementos adicionais alteram a forma de jogar, mas sem qualquer tipo de revolução. Essa viria com Angry Birds Space, mas fica por explicar a não inclusão do último jogo da série. Talvez chegue num dos dois conteúdos adicionais já planeados pela Activision.

Para alguns, os fãs incondicionais, o facto de colocar os 3 primeiros jogos num só pacote e em formato físico já será o bastante. Para outros não será mais do que uma composição de baixo valor, condicionada pelo contexto do seu lançamento. Mas Angry Birds Trilogy é isso mesmo: um luxo. Se já jogaram ou têm a possibilidade de jogar as versões para telemóvel, então não vejo qualquer motivo para adquirir esta versão. Caso contrário, e mesmo considerando aquilo que esta versão poderia ou não ter a mais, a quantidade de material aqui aplicado impressiona. Caberá a cada um decidir se o preço pedido justifica ou não a compra.

6 / 10

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In this article

Angry Birds Trilogy

PS3, Xbox 360, Nintendo 3DS

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Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.

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