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Resident Evil 6 - Análise

Crise de identidade.

Grande parte dos elementos que tornaram a série Resident Evil famosa foram descartados em Resident Evil 6. A necessidade de contar balas deixou de existir, assim como a parte da sobrevivência. Em qualquer uma das três campanhas começamos com um pequeno arsenal ao nosso dispor. Na campanha de Leon, por exemplo, que é aquela mais virada para o Survival Horror, temos ao nosso dispor logo de início três armas. Assim não há inimigo que meta medo. O facto do modo cooperativo ser possível em cada uma das três campanhas também não ajuda Resident Evil 6 na questão do Survival Horror. Ter sempre um companheiro do nosso lado, seja a jogar offline ou online, origina uma sensação de segurança. Se estivermos em apuros, sabemos que existe alguém para ajudar e nos levantar do chão.

Os puzzles e qualquer interesse de exploração também foram descartados em Resident Evil 6. O caminho a seguir é sempre em frente, dado que o jogo é completamente linear. Numa tentativa de criar momentos de tensão e de muita ação, a Capcom injetou inúmeros quick-time-events no jogo. Estas são as piores partes de Resident Evil 6. O pior é que alguns quick-time-events não fazem sentido nenhum. Inserir um QTE apenas para desligar o piloto automático de um avião é ridículo e uma perda de tempo.

A acompanhar todas estas desilusões, há um enredo desinteressante e mal estruturado que foi construído com o propósito de dar sentido de uma ameaça a escala global para que possamos visitar locais como Estados Unidos, Europa de Leste e China. Ao longo das três campanhas, há coisas que acontecem sem uma boa explicação e unicamente com o propósito de criar momentos de ação. Deste modo, o melhor nome para este jogo talvez fosse Resident Evil: Die Hard. Muita ação e explosões é tudo o que vão encontrar de valor.

Resident Evil 6 não deve ser condenado, pelo menos não de forma total, por ter abandonado as raízes Survival Horror. Já o tinha feito praticamente no número 5, mas o jogo ainda causou boa impressão. A questão é que, no género da ação, Resident Evil 6 não inova, e ainda mais, fica atrás de outros jogos.

É impressionante, pelo lado negativo que, com três campanhas, Resident Evil 6 não consiga deixar uma marca patente na nossa memória. É um jogo para ser jogado e cair no esquecimento. Não há momentos marcantes. Com a perda de identidade, Resident Evil 6 tornou-se num jogo sem sabor e sem nenhum traço de distinção em comparação com muitos outros que estarão a seu lado nas prateleiras das lojas.

E a forma como a Capcom decidiu organizar as três campanhas não é a melhor. Haveria uma dinâmica maior e o jogo seria mais fácil de digerir se as campanhas fossem alternando entre si. Porém, o jogo obriga o jogador a jogar uma campanha inteira por completo com uma personagem e só depois é permitido passar para a próxima. Seria preferível uma estrutura semelhante à de Resident Evil: Revelations para a Nintendo 3DS, em que se joga com várias personagens, mas há uma única campanha.

Também devo dizer que as premissa das três campanhas é enganadora, porque na realidade, a duração das três campanhas é equivalente a uma campanha de um Resident Evil anterior. Cada campanha tem a duração de, mais ou menos, cinco horas. Há uma quarta campanha secreta com Ada, onde vários pontos de interrogação que permaneceram nas três campanhas anteriores obtém resposta. Jogar com Ada não é muito diferente que jogar com Leon, Chris ou Jake. A diferença mais relevante é que não há um companheiro do nosso lado.

Resident Evil 6 Demo Gameplay 2 PS3

"Também devo dizer que as premissa das três campanhas é enganadora, porque na realidade, a duração das três campanhas é equivalente a uma campanha de um Resident Evil anterior."

A Capcom respondeu às críticas negativas que Resident Evil 6 tem recebido dizendo que com as iterações anteriores, e para ser honesto, as críticas para com este jogo não seriam tão duras se não carregasse o nome que carrega. Contudo, não podemos ignorar que o nome do jogo é Resident Evil. A Capcom não pode simplesmente pedir para esquecermos todos os outros jogos que ajudaram a moldar a identidade da série e para abraçarmos esta nova identidade que em nada faz justiça ao nome Resident Evil. Para além de ser simplesmente impossível, é incorreto pedir aos fãs que adoraram e ajudaram a manter viva esta série de longa data algo deste género.

O que resta para aproveitar de Resident Evil 6, que não passa de uma sobra daquela que já foi uma das maiores séries nos videojogos? Bem, a banda sonora é boa, e o motor de jogo que alimenta as belíssimas e detalhadas cinemáticas CGI têm um potencial enorme. Se ao menos todo este potencial tivesse sido aproveitado para um jogo com uma direção certa e segura de si e com o intuito de oferecer algo fresco e original, independentemente de respeitar as raízes da série, o resultado teria sido muito diferente.

Se querem jogar um verdadeiro Resident Evil, o melhor que têm a fazer é comprar uma Nintendo 3DS e Resident Evil: Revelations. Em três jogos que foram lançados em 2012, este é o único que respeita as origens da série. Se excluirmos todos estes fatores, continua a ser um jogo que pouco ou nada vale a pena jogar.

6 / 10

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Resident Evil 6

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC, Nintendo Switch

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Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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