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Remember Me - Antevisão

As memórias são a única coisa que nos resta.

Mais que uma nova propriedade intelectual, o videojogo Remember Me, anunciado na conferência da Capcom, tem o condão de ser revelador da nova postura da companhia para com os estúdios fora do Japão. A Capcom está longe dos seus tempos de empresa focada em produzir desde a sua terra Natal, abrindo agora, e até colocando as suas séries mais conhecidas nas mãos de estúdios externos.

O novo jogo representativo desta postura é Remember Me, e desde logo ficámos a sentir que iríamos nos lembrar do jogo por muito tempo. A primeira vez que ouvimos falar do jogo foi num registo de marcas e patentes da Capcom, no início deste ano. Antes da conferência da Capcom apenas sabia que iríamos ter um jogo com este nome, mas tudo estava embargado. A minha ideia inicial seria um mundo mergulhado em algum tipo de cataclismo, mas felizmente que fui surpreendido. Aliás, o jogo já tinha sido mostrado no ano passado na gamescom, em formato de demo tecnológica com o nome de código Adrift.

Remember Me está em produção nos estúdios Dontnod, que tem membros na sua equipa que trabalharam em títulos tais como Heavy Rain, Splinter Cell e Rainbow Six. Sendo um estúdio francês, a escolha sobre a cidade de Paris cai que nem uma luva. Aliás, uma cidade fantástica e icónica, que pouco tem sido aproveitada em videojogos. É algo refrescante e que cativou desde o início.

Com o poder Memory Remix podemos alterar um momento específico da memória de outra pessoa. Até colocar sentimentos de culpa de um homicídio.

É claro que não é uma Paris atual. Em 2084 a torre Eiffel não é o maior edifício da cidade, e os céus são povoados por enormes naves e arranha-céus. A Neo-Paris está mergulhada num mundo no estilo Cyberpunk, onde a tecnologia de ponta impera, controlando o dia a dia dos seus habitantes. Mais que tech que controla e vigia os cidadãos, em Remember Me, as super corporações vão mais longe, controlando e mantendo registo das nossas memórias.

A Capcom menciona que numa indústria em que raramente correm-se riscos, Remember Me é uma aposta na inovação, uma aposta em algo diferente. O estúdio Dontnod (pode ser lido ao contrário) não pretende produzir um jogo de ação banal, mas levar o enredo a um novo patamar. Remember Me não foge do estilo de ação, onde os tiroteios, a linearidade, os confrontos com bosses e combos nas lutas estão presentes. Mas coloca um novo foco na forma que quantifica as nossas ações e decisões, principalmente aquelas que nunca fizemos. A memória é algo única, algo que apenas nos diz respeito. O mesmo acontecimento vivido por duas pessoas ao mesmo tempo é gravado de forma diferente na nossa memória. Mas e se tudo pudesse ser alterado? Apagado? Manipulado? Melhor ainda. E se pudermos jogar com as memórias de outras pessoas?

A personagem do jogo é a menina Nilin (pode ser lido de trás para a frente também), cuja memória foi apagada. Nilin não se lembra de nada sobre si, pelo menos do seu passado. O jogo começa com a saída de Nilin da prisão francesa Bastille, e pretende saber como restaurar memórias apagadas. Por outro lado Nilin tem o poder de ler, alterar e apagar as memorias de outras pessoas. Todos os habitantes da Paris de 2084 têm um mecanismo produzido pela corporação Memoreyes. Um sensor chamado de Sensation Engines, ou abreviado de Sen-Sen, colocado na nuca, que recolhe todas as memórias dos seus habitantes. O lema da corporação é "Confia em nós. Nós não iremos esquecer-te". Mas existe um senão. Nem tudo é perfeito e as memórias poderão ser vendidas, compradas e trocadas no mercado negro. Saber as memórias das pessoas é algo que muda completamente a forma de olharmos para a sociedade. O último reduto da intimidade das populações caiu para a taxa zero, Mas ainda fica mais complicado e confuso quando sabemos que as mesmas poderão ser alteradas. Bem vindos à globalização das redes sociais ao seu estado mais profundo.

Nem todos estão contentes com as atividades da corporação Memoreyes, e o grupo radical auto-denominado de Errorists tenta a todo o custo acabar com o Memoreyes. Nilin trabalha para este grupo, debaixo da liderança de Edge. Foi dado um exemplo de como podemos fazer uso das memórias. Uma missão que Nilin tem que cumprir, o objetivo é fazer com que as memórias de Frank Forlan, um dos oficiais da corporação Memoreyes debaixo da Sabre Force Unit, sejam alteradas e que seja morto. Como fazer? Nilin sobe a um prédio e entra na mente de Frank Forlan. Neste formato de gameplay temos acesso a uma visão cinemática dos acontecimentos, alterandos detalhes específicos enquanto puxamos para a frente ou para trás a ação.

No fundo somos quase como um realizador de um filme, movendo e alterando a cena para que cumpra com um objetivo específico. Nesta caso foi alterar a memória duma discussão que Frank Forlan teve com a sua mulher, Alexis, acabando por a matar. Quando acabamos de alterar a memória, Frank Forlan lamenta o que fez, está deprimido e com a sua arma suicida-se. A alteração da memória é feita através do poder de Nilin chamado de Memory Remix e não altera fisicamente os acontecimentos. Não é uma viagem ao passado, mas sim a alteração daquilo que nos lembramos de algo passado. O filme A Origem aborda este tema, noutro ponto de vista, onde para além de sabermos as memórias das pessoas poderíamos colocar algo novo.

Em termos de jogo jogado, podemos confirmar que teremos muita variedade de gameplay. Aliás, pudemos ver que temos jogo para todos os gostos. Temos zonas de combate corpo a corpo (algo que Nilin parece privilegiar) a fazer lembrar Batman da Rocksteady, bem como momentos mais lentos. Se quisermos colocar um autocolante em Remember Me, temos aqui elementos notórios de um Deus X: Human Revolution. Syndicate, Mirror Edge e até mesmo de Uncharted, na forma como Nilin escala os prédios.

Para além das coisas excelentes e frescas em Remember Me, algo que ainda terá que ser melhorado é a forma como Nilin corre e aborda cada obstáculo físico. As animações não parecem naturais, e mesmo que tenha aquele andar calmo de felina fatal, Nilin teima em não ser convincente quanto a ultrapassar muros, saltar, e até mesmo o sistema misto de se proteger. Por outro lado, e embora tenhamos visto muito pouco do jogo, a linearidade na forma que tudo acontece parece ser evidente.

"Remember Me cativa pela temática envolvida à sua volta. Mudar as memórias de outras pessoas de forma jogável é algo novo, senão único nos videojogos."

Remember Me - Sete minutos de gameplay

Mas acima de tudo a Capcom está para já de parabéns por ter apostado num novo título, numa nova PI que vem trazer algo de novo e fresco ao género. Remember Me está para a gamescom como Watch Dogs esteve para a E3. Captou imediatamente a atenção dos jogadores, mostrando que todos estão à espera de novas ideias e formas de abordar os videojogos.

Não foi o gameplay, os combos, a ação de Remember Me que cativou. Cativa, mas não é o maior foco de atenção. Remember Me cativa pela temática envolvida à sua volta. Mudar as memórias de outras pessoas de forma jogável é algo novo, senão único nos videojogos. Não é apenas controlar as pessoas, mas é mexer no que de mais profundo um ser humano tem. Se nos tiram as memórias, o que nos resta? Quem somos?>

Os elementos de sucesso estão apresentados e queremos mais. A apresentação do jogo soube a pouco, principalmente sobre a história de Nilin, e até que ponto iremos poder mexer com as memórias de outras pessoas. Que liberdade o estúdio Dontnod dará ao jogador? Que novos sistemas de hack iremos ter? São perguntas que gostaríamos de serem respondidas e esperamos em breve ter algo mais para partilhar com os nossos leitores. Até lá, o jogo será lançado em maio de 2013, para a Xbox 360, PS3 e PC.

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Remember Me

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Jorge Soares avatar

Jorge Soares

EG.pt Master of Puppets

Sempre ocupado e cheio de trabalho, é ele quem comanda e gere a Eurogamer Portugal. Queixa-se que raramente arranja tempo para jogar, mas quando está mesmo interessado num jogo, lá consegue arranjar uns minutos. Tem mau perder e arranja sempre alguma desculpa para a sua derrota, mas no fundo, é o que todos fazemos.
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