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Quantum Conundrum - Análise

Portal para os pequenos lá de casa.

Kim Swift é uma das principais responsáveis por um dos maiores sucessos e aclamados jogos desta nossa indústria, Portal. A aclamada série da Valve nasceu em grande parte devido ao talento desta senhora que liderou a equipa que nos deu dois espantosos jogos e após ter saído da companhia juntou-se ao estúdio Airtight Games e pode ter-lhe dado o seu primeiro produto pronto para se tornar numa série de sucesso. Com o apoio da Square Enix, Quantum Conundrum chegou recentemente aos serviços digitais para PC, Xbox 360 e PlayStation 3 e não é de estranhar que no seu primeiro trabalho pós Valve Swift tenha decidido criar uma espécie de Portal Kids, um jogo que tenta recorrer a um esquema similar ao da sua aclamada série mas que ao mesmo tempo pode ser também jogador por qualquer um.

Quantum Conundrum coloca-nos na pele de um jovem de 12 anos sobrinho do Professor Fitz Quadwrangle e apesar da sua mente brilhante, a sua enorme mansão fica presa entre várias dimensões como resultado de uma experiência que correu mal. O nosso objetivo vai ser percorrer as diversas zonas da mansão para salvar o Professor que ficou preso numa dimensão em particular sem se recordar do que correu mal e consequentemente da possível resolução. Após obter uma luva que permite controlar e manipular estes fluxos dimensionais, o jogador fica pronto para percorrer as várias salas que surgem pela frente que são elas na verdade puzzles de escala variante e que obedecem a regras específicas, dependendo das características da dimensão em que se encontram e cuja complexidade vai crescendo.

As tradicionais salas da mansão tornam-se quartos de obstáculos enormes, autênticas salas cujos puzzles não estão restritos a um pequeno canto mas que englobam toda a sala em si. Alguns dos puzzles podem estar divididos por pequenos focos mas uma ação nesse espaço específico vai ter consequências noutro ponto e o jogador vai aprender que não pode pensar só no imediato mas tem que pensar de uma escala maior, antevendo as consequências e tentando delinear estratégias e planos.

O uso de diferentes dimensões serve para imprimir características únicas nas mecânicas de jogo que resultam numa experiência diversificada e motivadora, especialmente quando as leis da física e os comportamentos tradicionais dos mais variados objetos são postos em causa. Imaginem que tem a capacidade para tornar tudo mais leve, entrando na Dimensão Fofa, podem assim pegar em itens mais pesados para os transportar e ao reverter para a dimensão normal vão fazer com que aja uma reação consequente, preferencialmente a que desejam.

No entanto, para tentar ultrapassar as salas muito mais do que isso vai estar em jogo. Pensem na capacidade de tornar tudo mais pesado e ultra-resistente, ativando a Dimensão Super-Pesada, para manterem certos objetos intactos e no ponto desejado para permitir o progresso. É uma gestão do espaço inserida em puzzles de escala crescente que vai desafiando o jogador, oferecendo imensa variedade aos puzzles que podem até assumir contornos de jogos de ritmo. A Dimensão Lenta e a Dimensão de Gravidade Invertida são as outras duas dimensões que podem ativar e todas elas tem influências diferentes nos objetos e em todo o comportamento da sala, permitindo que os puzzles variem na sua estrutura e propósito.

No entanto o jogador apenas pode ativar uma dimensão de cada vez, não as pode usar ao mesmo tempo, mas vai na mesma ter que as combinar. Isto faz com que a dificuldade do jogo ganhe toda uma nova dimensão, no verdadeiro sentido da palavra, pois vamos ter que tentar calcular como manipular uma dimensão vai influenciar determinado objeto e quais as dimensões que devemos aceder para progredir pela sala, especialmente desafiante quando parte do puzzle exige um padrão e a outra exige outro.

É mesmo delicioso como algo tão desarmante visualmente consegue ser tão terrível e perturbador devido às suas excelentes mecânicas do jogo e na sua premissa. Pena que por vezes o jogo conseguia ser um pouco confuso e se sinta apressado ou menos interessante em alguns momentos. Não tem a consistência necessária no seu pleno para prender o jogador tal como o produto de excelência ao qual é inevitavelmente comparado mas sem dúvida que se apresenta como algo bem interessante.

Leis da física, quebras-cabeça e manipulação dimensional.

O uso do Unreal Engine neste jogo consegue ser outro dos fatores surpreendentes. Ao contrário do característico aspeto realista e pormenorizado que confere aos seus produtos, aqui o motor da Epic pauta por um aspeto mais em jeito cartoon, colorido e até fofo em certos pontos. Isto não quer dizer que não seja agradável, porque é, apenas quer dizer que tem todo um aparato visual bem singular e que nem parece que estamos perante este motor. O jogo de cores é usado para muito mais do que estética, é usado nos puzzles e são indicadores visuais que nos ajudam a delinear estratégias e a percorrer tentativas.

Provavelmente o motor foi usado pela sua facilidade no uso em jogos na primeira pessoa e pelo domínio de físicas que consegue apresentar mas tendo em conta que esses são dois elementos básicos de todo Quantum Conundrum, só podemos louvar o seu uso. Seja de que forma for, para um produto distribuído em formato digital em serviços como estes cujos jogos tantas vezes são catalogados como "jogos menores", QC consegue um trabalho visual que consegue mesmo ultrapassar bastantes jogos "de caixa".

Quantum Conundrum é um dos produtos mais especiais a chegar aos respetivos serviços digitais neste atual ano de 2012. Esta espécie de Portal em tons mais suaves e até mais amigáveis permite que possa ser encarado como um produto para todos mas ao mesmo tempo não consegue o brilhantismo do mesmo nem o seu estatuto de clássico. No entanto, da toda a motivação e valor a este formato e experiências sendo uma bela experiência de Verão para os que pretendem algo descontraído mas ainda assim terrivelmente desafiante.

Se são fascinados por quebra-cabeças e acreditam que a Valve poderia dar mais Portal aos fãs ou que simplesmente os videojogos podem ser muito mais do que sangue, tiros e pontapés na bola, talvez Quantum Conundrum seja mesmo do que precisam. É um produto que pode ser relaxante pela sua postura diferente mas que nos engana pois é desafiante e pode até mesmo ser enervante. O ritmo crescente da complexidade é bem gerido e a devida curva de aprendizagem está tão bem delineada que o jogador vai-se sentir premiado a todo o momento, apesar de alguns pontos mais fracos.

8 / 10

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In this article

Quantum Conundrum

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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