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Minecraft: Edição Xbox 360 - Análise

Os blocos abrem horizontes.

Em janeiro deste ano, publiquei um artigo aqui na Eurogamer sobre a versão PC de Minecraft. Não foi uma análise, como tive o cuidado de referir na altura, mas sim uma exploração de design do jogo de Markus "Notch" Persson. O artigo acaba por resumir tudo aquilo que eu julgo ser o apelo, e em última análise a razão do sucesso do jogo da Mojang. É uma obra interativa sobre descoberta, aventura e criatividade, e provavelmente um dos maiores exemplos de como o envolvimento da comunidade é muito importante para qualidade final de um jogo.

Esta versão de Minecraft que chega ao Xbox Live Arcade está adaptada de várias maneiras, para servir tanto a plataforma como o público em causa. De uma forma geral a adaptação está competente, mas a experiência global sofre de uma simplificação e corte de alguns modos que acabam por tornar esta versão num produto inferior ao original.

O primeiro ponto de diferenciação é o sistema de controlos, adaptado claro para o comando. Habituei-me bastante rápido a todos os controlos, mas senti que não é tão natural como utilizar um rato e teclado, principalmente se nos lembrarmos que a ação no jogo não se limita apenas a partir um ou dois blocos, mas uma infinidade de blocos organizados em várias direções diferentes. Para isso o rato é tão mais simples.

No domínio da interface, o jogo conta ainda com um menu de "crafting" totalmente renovado e sinceramente simples de utilizar. Este menu é acessível, e disponibiliza logo de início uma lista de todos os objetos do jogo, com a respetiva combinação de matérias-primas necessárias. No PC precisamos "montar" os objetos na mesa de "crafting", nesta versão para Xbox 360 este processo é automático. Uns interpretarão isto como "dar a mão" ao jogador, outros como um método simplificado para fazer basicamente a mesma coisa, eu julgo que vai na direção certa em relação ao público alvo, mas continuo a preferir utilizar a "crafting table" manualmente.

A memória da consola é outro fator limitador e os mapas são bem menores do que na versão original exatamente por causa disso. É verdade que não é necessário ter mapas tão grandes como no PC, qualquer jogador mais dedicado de minecraft já se perdeu eventualmente fora dos limites do mapa, e sabe perfeitamente que pode ser torturante descobrir o caminho de volta para casa. Mas a verdade é que os mapas gigantes da versão original também ajudam a transmitir uma ideia de inferioridade em relação ao ambiente, temos respeito pelo mundo quando nos aventuramos, ele é muito maior que nós.

A base é a mesma, um imenso "sandbox" de blocos que podemos destruir e reordenar à nossa vontade. Temos basicamente duas habilidades fundamentais, criar (colocar um bloco), e destruir (retirar um bloco), e assim a responsabilidade pela estrutura do mundo é completamente nossa. Somos largados no meio de um mundo de desertos, lagos, florestas, cavernas, pradarias, montanhas, neve, oceanos, e até aldeias e minas abandonadas para explorar. Estas zonas são compostas pelos seus blocos e fauna particulares, e que oferecem uma beleza especial a Minecraft. Mas este é apenas o ponto de partida, logo de seguida, o poder passa para as nossas mãos.

O primeiro impulso será explorar, e eventualmente escolher uma zona que julguem adequada para montar a vossa casa ou base de operações. Esta versão oferece inclusivamente um mapa logo de início no inventário para que o jogador se consiga orientar. Também incluíram um tutorial que explica o fundamental do jogo, mas felizmente é opcional, e pela primeira vez desde que escrevo análises, aconselho a enfrentarem o jogo sem este tutorial. A razão pela qual digo isto, é porque julgo que grande parte do apelo do jogo vem das condições naturais em que o jogo coloca o jogador, não é necessário ensinarem-nos a jogar, o ambiente condiciona-nos a aprender sozinhos.

Outra das diferenças em relação à versão PC é a ausência do modo Creative, o modo onde temos acesso imediatamente a todo o tipo de blocos infinitos, e dedicado apenas para construções megalómanas. Isto poderá significar uma desilusão para muitos fãs, que não encontrem apelo na rigidez do modo Survival, onde temos que merecer todos os materiais que utilizamos nas construções.

Não existe designação clara do modo de jogo, mas o que esta versão oferece é basicamente o modo Survival em toda a sua glória, apenas com um mapa menor e um sistema de "crafting" simplificado. Já o escrevi, este modo é uma autêntica subida pela pirâmide das necessidades de Maslow, primeiro força-nos a procurar segurança, depois subsistência, mais tarde conforto, e finalmente estatuto. Outra diferença é a ausência da progressão da nossa personagem, e consequentemente da mesa dos encantamentos, uma baixa menor mas ainda assim digna de registo já que é o maior incentivo para evitar morrer no original.

"É um jogo sobre descoberta, aventura e criatividade, e provavelmente um dos maiores exemplos de como o envolvimento da comunidade é muito importante para qualidade final de um jogo."

Existem os diferentes modos de dificuldade para adaptarem a experiência a vosso gosto, e que basicamente determinam o número de criaturas que vos irão assombrar durante a noite, ou em zonas pouco iluminadas. Aranhas, zombies e os temíveis "creepers" são apenas alguns exemplos do que vos espera no escuro. O som também tem um papel importante no pânico que Minecraft consegue criar no jogador. Os vários monstros fazem barulhos característicos, sons simples, mas que nos conseguem colocar completamente em tensão. Quem conhece o assobiar de um Creeper a poucos centímetros de distância sabe do que falo.

Uma das bandeiras deste jogo, e provavelmente o motivo que levará muita gente a comprar esta versão é o modo de multijogador local, que funciona em ecrã dividido. Esta é uma excelente adição que permitirá que desfrutem do jogo lado-a-lado com um amigo lá em casa, o problema é que inacreditavelmente este modo apenas está disponível de tiverem uma televisão que suporte alta definição. Os motivos ultrapassam a minha competência como é óbvio, mas esta limitação é um duro golpe para esta versão de Minecraft se nos lembrarmos que nem toda a gente tem a possibilidade de possuir um aparelho deste tipo.

Outra das amputações desta versão tem a ver com os mundos online. Jogar com um grupo de amigos online foi de longe o melhor que o jogo me proporcionou, construímos um pouco de tudo em modo cooperativo, ligações entre as nossas casas, uma quinta comum, e até zonas secretas para evitar ser roubado pelos próprios companheiros. As limitações da plataforma não permitem este tipo de mundos, e por isso terão mesmo de se contentar com o modo em ecrã dividido, se tiverem televisão para isso.

O que eu aprecio mesmo no design de Minecraft, é o fato de ser muito mais sobre a experiência que o jogador escolhe criar para si, do que o tradicional experienciar daquilo que o designer construiu para o jogador. O poder criativo é algo fundamentalmente humano. O ato de criar algo que anteriormente não existia, pegar num conjunto de elementos e reordena-los de forma a produzir algo novo e fundamentalmente nosso. Seja um monumento à vossa imagem, um sitema de caminhos-de-ferro, uma recriação de um castelo conhecido ou até o estádio Axa, essa é a beleza do jogo, não existem limites.

Minecraft é já um clássico, um exemplo de simplicidade e contexto, aliado a um sistema ausente de objetivos estruturados que permite que seja o jogador a determinar os próprios objetivos, oferecendo uma longevidade infinita ao jogo. Esta versão é algo limitada em relação ao original, mas no geral é uma adaptação competente, e absolutamente obrigatória para quem nunca experimentou o jogo no PC.

8 / 10

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Aníbal Gonçalves avatar

Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.
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