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Ultimate Marvel vs. Capcom 3 - Análise

Leva-me para uma volta.

Quando a Sony prometeu um catálogo forte e diverso no lançamento da PlayStation Vita, seria de esperar que estivessem presentes diversos géneros e assim foi. Entre vários géneros e várias experiências, os fãs dos jogos de luta, que tanta fama conseguiu no último par de anos, tem por parte da Capcom uma proposta de excelência na forma de Ultimate Marvel vs. Capcom 3, a chamada versão final do original lançado em Fevereiro de 2011. A Capcom há muito que se tornou célebre pelos seus confrontos entre universos e desde meados da década de 90 que os jogos no qual personagens das bandas desenhadas da Marvel face a personagens Capcom tem sido alvo de especial destaque.

Este Ultimate Marvel vs. Capcom 3 tem ainda um sabor mais especial pois nasceu da vontade dos fãs, dos pedidos feitos ao longo dos anos à Capcom, e de uma colaboração forte com a Marvel que resultou num jogo altamente especial para os fãs de qualquer um destes universos. No entanto, nas consolas caseiras o jogo apresentou alguns problemas, nomeadamente poucos modos de jogo, pouca variedade do modo multijogador, e uma incompreensível política por parte da Capcom quanto aos conteúdos adicionais.

Agora é chegada a altura de UMVC3 voltar à luz da ribalta e num teste bem diferente daquele que enfrentou nas consolas caseiras pois está num novo formato portátil que quer provar-se como casa de direito para qualquer género que possam encontrar nos sistemas caseiros. O resultado não é tão estrondoso e louco quanto as personagens e os mundos que aqui são apresentados, é um pouco misto e tal prende-se a diversos fatores, alguns diretamente ligados ao jogo e outros indiretamente.

Tal como nas versões caseiras, o grande mal de UMVC3 na Vita é a sua fraca quantidade de modos em oferta. Para além do modo principal, no qual vamos desbloquear os finais das personagens, o jogo apresenta modos versus, modos de treino, modos online nos quais podemos enfrentar jogadores de todo o mundo e um novo modo Heroes and Heralds. Apesar do modo principal motivar inicialmente, para ver os finais e conhecer um pouco mais do interessante enredo gerado em torno deste crossover, rapidamente podemos perder o encanto por tal, tendo em conta que as personagens estão todos desbloqueados desde o início e que os itens extra estão quase todos disponíveis desde o imediato.

O modo online é uma presença que torna todo o pacote mais robusto, mas numa portátil não deixamos de sentir que vamos passar mais tempo em modo solo e aqui sentimos que mais poderia, e deveria, ter sido feito. O modo Heroes and Heralds é uma boa alternativa na qual vamos escolher um lado e usar cartas para colocar condicionantes e ajudas específicas nos combates. É um modo divertido mas que sentimos não ver florescer o seu verdadeiro potencial. O modo Missões, tal como nas consolas caseiras, volta a ganhar enorme protagonismo e por dois motivos: deixa-nos conhecer as diversas camadas de profundidade da qual a gameplay consiste, ajudando o jogador a melhorar a sua forma de jogar, e deixa-nos enfrentar desafios específicos, que podem encaixar bem num esquema de um jogo portátil.

Ao longo destes modos vamos ter 48 personagens (+2 via DLC) para conhecer e o mais delicioso que a Capcom conseguiu alcançar é a forma tão diversa como todos se sentem e jogam. Enquanto uns são mais virados para a defesa e ataques longos, outros são mais diretos e bruscos, outros recorrem a ataques rápidos e outros são mais lentos e mais robustos. Tudo isto numa gameplay com uma boa camada de profundidade que permite ao mesmo tempo que estes combates de 3 contra 3 sejam frenéticos, intensos, rápidos, e mesmo loucos. Melhor de tudo é que cada personagem revela bem a sua personalidade, ataques e comportamentos que conhecemos do seu universo em específico e tal é um dos melhores elementos do jogo. Quando colocados em confronto podem esperar frases, golpes e situações bem caricatas mas dotadas de todo um humor irreverente e inteligente.

Quem tenha jogado qualquer jogo de luta da Capcom vai ficar praticamente familiarizado de imediato com a jogabilidade, com a forma como as personagens se comportam e como se executam os golpes. Um dos maiores encantos do jogo é mesmo como pode ser imediato e divertido desde logo, para os ocasionais, como pode oferecer profundidade para os que investirem o tempo necessário. As nuances na jogabilidade estão lá e em grande variedade para que cada um encontre o lutador com o qual mais se identifica e que melhor se adapta à sua forma de jogar.

É mesmo pena que uma jogabilidade com tamanha qualidade não possa ser melhor aproveitada em novos modos de jogo, quem sabe alguns desenhados com a Vita em mente, que permitiriam revigorada personalidade e maior validade a um produto que por vezes parece transparecer enorme falta de esforço. Prova disso é o novo modo Touch que é tão básico que nem sequer merece atenção, e que torna tão banal as características tanto da PS Vita como da jogabilidade do jogo em si, que mais parece uma ofensa ao próprio produto. Tocar freneticamente no ecrã da consola para a personagem executar golpes de forma aleatória retira qualquer encanto à jogabilidade e simplesmente torna o papel do jogador inexistente.

Onde UMVC3 brilha sem contestação é no seu visual de luxo. A chuva de cores é tão espantosa quanto a suavidade com que os combates decorrem. Ver a Vita a patrocinar visuais tão arrebatadores sem fraquejar é uma prova mais do que merecida para a máquina da Sony. Nos primeiros instantes é mesmo uma sensação inacreditável ver nas nossas mãos visuais de uma qualidade que facilmente iríamos identificar como aqueles que vemos na nossa HDTV. É um mérito partilhado pela Sony e pela Capcom que consegue dar a UMVC3 os visuais mais espetaculares na portátil.

"Onde UMVC3 brilha sem contestação é no seu visual de luxo. A chuva de cores é tão espantosa quanto a suavidade com que os combates decorrem."

O tom em jeito de banda desenhada dos personagens, aliado aos cenários com ações a decorrer no fundo e repletos de detalhes, de forma a que parecem surgir novos a cada vez que jogamos neles, e a fluidez de movimentos dos personagens fazem com que este seja um dos jogos mais belos em termos visuais com o qual tive o prazer de contactar neste início de vida da PlayStation Vita.

Ultimate Marvel vs. Capcom 3 é um jogo que facilmente se recomenda a qualquer fã de jogos de luta com uma PlayStation Vita, especialmente porque é tão único quanto sempre foi. No entanto não representa nada de verdadeiramente novo para quem o tem nas consolas caseiras e até para quem já o jogou até à exaustão na sua forma original. É uma maravilha de ver a correr numa portátil e o fator visual vai ser o grande responsável pela maioria dos espantos e apesar da sua gameplay sair pouco afetada na adaptação, o pouco que é vai por vezes incomodar alguns mais fervorosos.

Se não conseguem passar o vosso dia sem um bom beat'em up, seja onde for, então talvez Ultimate Marvel vs. Capcom 3 seja o que precisam, especialmente se quiserem deixar boquiabertos os vossos amigos, mas não vão encontrar aqui nada de verdadeiramente novo. Ter o jogo a correr numa portátil com esta qualidade é de louvar mas seria de esperar que a Capcom tivesse imprimido mais empenho nesta versão, com novidades de revelo ao invés sente-se mais como um port direto.

7 / 10

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