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I Am Alive: Antevisão

Está vivo e com fôlego para dar.

I Am Alive está vivo e bem vivo. Apesar do período longo e conturbado de desenvolvimento, o jogo da Ubisoft chegou-nos finalmente às mãos e tive a oportunidade de experimentar uma parte já avançada de produção e descobrir se realmente valeu a pena ressuscitar ou se mais valia ter caído na lagoa do esquecimento. Começou como um projeto de grande envergadura e ambição a cargo da Darkworks e entretanto passou para um título digital lançado na PlayStation Network e Xbox Live Arcade, onde agora o podemos experimentar. Desde os primeiros vídeos e imagens de Agosto de 2009 para o resultado que temos diante nós em Fevereiro de 2012, muito mudou mas nem mesmo assim I Am Alive parece ter perdido o seu sentido de orientação.

I Am Alive decorre num mundo devastado por uma grande catástrofe que dizimou grande parte da população, mais precisamente um ano depois desse grande evento. Quem grita que está vivo é um homem que procura descobrir o paradeiro da sua mulher e da sua filha e num mundo virado do avesso, tal não é propriamente fácil até porque não só o ambiente está alterado, bem como a forma como o ser humano vive e interage está completamente degradada. Está dado o mote para o jogador entrar neste novo mundo, uma cidade Norte Americana fictícia, e cedo compreendemos que a Ubisoft pretendeu oferecer algo distinto.

Nesta nova jornada pela capacidade de sobrevivência do ser humano e da sua capacidade para contornar obstáculos vamos conhecer uma abordagem bastante real a géneros bastante populares nos tempos recentes. Neste mundo pós-apocalíptico o protagonista principal é-nos apresentado numa perspetiva na terceira pessoa e desde cedo os fãs de Splinter Cell: Conviction podem encontrar pontos similares, desde a forma como a personagem se move até à posição da câmara.

Os primeiros instantes do jogo nada mais são que um tutorial e o jogador aos poucos fica a conhecer as regras base desta luta pela sobrevivência. Aqui o protagonista pode ao princípio parecer um novo Sam Fisher ou um novo Nathan Drake mas aqui não há nada heroico, é tudo muito "real", "cru", e sentimos que é mesmo um ser humano que desempenha estas acrobacias, com limites mais ao encontro do que se poderia considerar real e menos cinematográfico, ficção, o que influencia a estrutura e esquema da jogabilidade.

Assim que o protagonista inicia a primeira escalada para chegar ao outro extremo de uma ponte em ruínas, verificamos uma barra branca e vermelha no topo do ecrã. A branca corresponde à energia da personagem enquanto a vermelha corresponde à sua vitalidade (ambas podem ser recuperadas graças a preciosos itens que encontramos ocasionalmente pelos cenários e cuja gestão vai ser importante ao longo do jogo). Ações como correr, escalar, trepar ou qualquer outro tipo de acrobacias possíveis de executar causam esforço na personagem, fazendo com que a sua barra de energia desça, e quando chega ao fim, temos que lutar pela vida (isto é algo que foi alvo de grande atenção e vai mesmo causar momentos de tensão ao jogador).

Como cada ação causa esforço e um decrescer da respetiva barra, temos que gerir bem os movimentos mais atléticos e recuperar fôlego e força sempre que possível. É uma luta pela sobrevivência por parte de um ser humano comum como todos nós. Pensem em como seria o Príncipe da Pérsia caso estivesse a escalar muralhas na vida real. Isto faz com que o ritmo de jogo seja bem mais baixo e dinâmico que a maioria das propostas com componentes similares disponíveis no mercado e desde logo podem descobrir se I Am Alive vos vai conquistar. Se este ritmo vos agradar e se a sua singularidade vos fascinar então podem continuar, caso contrário mais vale regressarem às propostas mais viradas para a ação cinematográfica.

Os persistentes vão então finalmente entrar em contacto com humanos e aqui temos novamente um foco na tensão e no "realismo". O protagonista fica face a um sem abrigo que imediatamente saca da sua pistola e nos ameaça. Aqui levantamos os braços e recuamos gentilmente pois o oposto causa uma morte rápida. Mais tarde aprendemos que podemos usar a arma e tentar jogar com o sem abrigo, mesmo sem balas (algo ainda mais raro) podemos agir como se as tivesse-mos, o que faz os outros habitantes reagir com medo. Em I Am Alive a interação com os restantes humanos é mesmo do mais importante e quando alguns, raros, nos pedem ajuda, é novamente um apelo da Ubisoft Shangai ao papel que o jogador vai optar por desempenhar face ao seu questionamento da condição humana e da sua capacidade de entre-ajuda.

Antes de descobrir o seu apartamento, pelo caminho a nossa câmara de filmar vai gravando e mostrando as cinemáticas que desenrolam a história, o protagonista vai conhecer como a humanidade vai lidando com a situação. Focos de habitantes reunidos no centro da cidade agem como selvagens, mergulhados na anarquia e na lei do mais forte. Face a múltiplos adversários o melhor pode ser correr mas primeiro podemos ter que nos render ao adversário para o imediatamente atacar assim que este chega perto de nós. Ao apontar a pistola o adversário coloca-se em posição de clemência mas isto é um engano pois ataca logo que possa. Aqui não há espaço para homens, apenas para heróis e com um uso de checkpoints severos, os menos astutos não vão poder gritar I Am Alive.

Visualmente I Am Alive é um jogo que apesar do recurso ao Unreal Engine não vai propriamente surpreender e ao longo do nosso período de jogo raramente tivemos um momento de espanto, só raros efeitos visuais relacionados com o uso de luz. O esquema de cor maioritariamente a preto e branco, com alguns pontos a cor, é um pouco estranho e dificilmente entranha. Visualmente esperamos poder aceder a todo o jogo para conhecer melhores momentos pois a componente visual aliada ao esquema de cor, em conjunto com os movimentos mais bruscos da personagem, não causam grande impacto a nível visual e foi mesmo dos elementos que mais dificuldade teve em nos convencer.

I Am Alive, nesta versão, sofre de alguns problemas técnicos que esperamos ver resolvidos para a versão final, caso contrário será afetado por elementos que não deveriam sequer ser notados, como os longos tempos de carregamento. É um produto igual a si próprio e praticamente sem algo que se lhe possa comparar e forma como a jogabilidade serve o tema, sobrevivência do ser humano, é espantoso. Pode não ter a dinâmica dos grandes blockbusters cinematográficos, nem sequer o quer, mas que ostenta uma personalidade só sua isso ninguém o pode negar.

As piadas relacionadas com o nome podem ser mais do que muitas mas a verdade é que a Ubisoft Shangai não está para brincadeiras. I Am Alive pode ter perdido muito da sua grandiosidade mas o que há a louvar nesta passagem para produto digital é que a essência promete estar toda lá, intacta e pronta a perguntar aos jogadores se gostariam que se tornasse em algo mais. Nós ficamos à espera para poder comprovar em pleno o que está a caminho.

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