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Dead Island

Morte e horror em pleno Éden.

Uma coisa que me captou particularmente a atenção quando pela primeira vez vi o famoso trailer cinemático de Dead Island foi a surpresa que é fazer drama com Zombies nos dias de hoje. Não é que não goste, antes pelo contrário, mas é que nos últimos tempos as abordagens de sucesso com Zombies vinham a ser tudo menos dramáticas. Depois de Shaun of the Dead e mais tarde Zombieland no grande ecrã, enquanto Dead Rising e Left 4 Dead faziam as delícias dos jogadores, este foi um estilo que rapidamente ganhou fãs e que sempre me agradou em particular. Fiquei desde logo curioso para saber que abordagem iriam realmente dar ao jogo na versão final, já que se não seguir o conceito do trailer seria publicidade enganosa, então segui-lo seria desviar-se daquilo que o público mainstream tem procurado ultimamente.

De uma forma geral, acho que Dead Island tenta seguir uma vertente dramática sem cair, no entanto, numa depressão tão radical quanto a mostrada no dito trailer. Mas acho também que, na busca por uma abordagem mais dramática, falha em elementos essências de fundação que, mais tarde ou mais cedo, acabam por se refletir no resultado final.

O jogador embarca numa aventura cujo principal objetivo deixa, a certa altura, de ser a sua sobrevivência, para carregar nos ombros a heroica tarefa de salvar todos os sobreviventes da ilha e arredores. As missões vão ao encontro dessa mesma ideia, com objetivos que passam por salvar e ajudar pessoas, a carregar mantimentos para locais-chave ou, inevitavelmente, descobrir o que realmente se passou para que evento tão nefasto tenha ocorrido. Mas desenvolve-se num ritmo muito lento.

Poderão entrar na pele de uma entre 4 personagens disponíveis para escolha. Qualquer uma delas tem um motivo suficientemente grande para justificar o protagonismo na aventura: a imunidade ao vírus que assola a ilha. Guiados por uma voz misteriosa, serão convidados a fugir em busca de um local que garanta a fuga da ilha. Mas é claro que pelo meio existem uma série de percalços. Entretanto, e sem darem conta, estarão envolvidos numa equipa de quatro sobreviventes com as mesmas características (os mesmos que estavam disponíveis inicialmente), enquanto lutam por um objetivo comum: alcançar a voz misteriosa.

Mas existem algumas inconsistências em todo o enredo desde o seu verdadeiro começo. Dificilmente vejo qualquer uma das personagens disponíveis realizar atos humanitários da grandeza dos que serão recorrentemente propostos. Um bêbado que afirma ser ajudado pelo álcool na condução, um gajo famoso do Hip-Hop, uma ex-reclusa e uma asiática com problemas paternais. Os estereótipos estão todos lá e, com tantos problemas no cadastro de cada personagem, não será difícil encontrarem um pingo de empatia com uma das quatro.

No meu caso, não fiquei totalmente agradado com nenhumas delas e, não havendo quaisquer opções de personalização, lá tive que embarcar numa aventura com uma personagem com a qual minimamente me identifiquei. Aliás, a minha escolha acabou por recair sob a habilidade em que me queria focar, já que cada uma domina um estilo-arma diferente - armas para atirar, objetos afiados, armas pesadas de corpo-a-corpo ou especialidade em tiroteio. Ou seja, caso gostasse de outra personagem mas não da sua habilidade, estaria bem tramado. Pensando bem, vá lá que não gostei de nenhuma...

Se há jogos do género que não se tentam levar a si mesmos demasiado a sério, acho que Dead Island faz exatamente o contrário, recorrendo por vezes a um dramatismo com o qual não sabe lidar. E o problema principal está desde logo na sua génese, pois a falta de uma personagem única, ou de uma aventura focada na personagem escolhida, acaba por fazer com que o enredo perca o sentido. Há uma falta de identidade enorme na demanda da nossa personagem.

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Dead Island

PS3, Xbox 360, PC

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Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.

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