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Deus Ex: Human Revolution

Agente protótipo.

A implementação de um sistema de "cover" garante inteira protecção à personagem, mas não a afasta dos perigos e da possibilidade de ser detectada. A movimentação enquanto se está coberto é assegurada, e pode-se mesmo rolar entre espaços onde há uma abertura. Do mesmo modo poderão contornar colunas ou caixas numa posição de resguardo. O processo é bastante simples e eficiente, mas não chega. Para enganar os soldados o jogador deverá baixar-se e produzir poucos ruídos. Se o fizer de forma eficiente conseguirá até aproximar-se das costas dos soldados e fazer um "takedown" com pouco barulho para não chamar a atenção. Contudo, o jogador poderá aproveitar o sistema de cobertura para evitar fogo do adversário (pelo menos enquanto os inimigos não rebentarem com os objectos onde estejamos protegidos). Uma das novidades em Human Revolution é precisamente a possibilidade de regenerar energia perdida depois de atingido, já que os produtores não queriam impor "saves" automáticos, o que obrigaria o jogador a prosseguir com uma quantidade de energia limitada.

Contudo, os combates processam-se de uma forma bastante agressiva e violenta e se não se protegerem convenientemente acabarão dentro de um saco escuro. Por isso, há que articular bem as situações de confronto com uma postura de intromissão e invasão no campo alheio, evitando a detecção pelos sistemas de segurança e respectivas patrulhas. A segurança é levada muito a sério e o mínimo de barulho ou movimentação detectados dentro do ângulo de visão do sistema de segurança provocam imediatamente uma reacção de alerta e consequente alarme, o que implica que tenham uma série de soldados à vossa perna, quando não for o caso das horrendas "turrets" móveis.

O melhor neste esquema de foge e esconde é que a postura de invasão é favorecida por uma série de curtos e pequenos movimentos que permitem manter a personagem escondida. Porém há desafios que implicam grandes distâncias a percorrer até certo objectivo e o recurso à opção onde está o mapa é tão frequente que acabamos por deixar passar alguma da imersão. Alem disso, Jensen será confrontado com situações em que terá mesmo de eliminar algumas tropas, recorrendo aos "takedowns". Estes golpes operam de forma automática quando a personagem se aproxima nas costas dos oponentes sem fazer barulho. Depois de os deixar a dormir será conveniente agarrar os corpos e escondê-los dos outros inimigos. Tudo o que é objecto das tropas adversárias como munição ou arma de fogo poderá ser recuperado. Uma visita aos bolsos também ajuda a obter alguns créditos e munições extra. O objectivo é actuar de forma mais silenciosa possível, deixando para o fim as situações que envolvem ataques corporais mais agressivos que chamam pela atenção do inimigo.

Salve-se quem puder.

Sendo um jogo com forte componente de acção, embora não exclusivamente, alguns combates contra os "bosses" poderão tornar-se numa tarefa de dificuldade acrescida para quem sempre preferiu evitar o confronto. Haverá munições e granadas espalhadas pela arena em quantidade suficiente para fechar o desafio, ainda que alguns jogadores menos rotinados no combate em Deus Ex possam passar mal. Estes combates oferecem um confronto muito duro e porão à prova os "augments" da nossa personagem. Se optaram assim por desenvolver mais depressa os atributos físicos poderão ter argumentos suplementares para saírem vencedores. O auxiliar de escolha rápida de armamento através do analógico direito revela toda a utilidade especialmente nestas situações

Frequentemente Adam Jensen terá de desbloquear dispositivos electrónicos de segurança. Os momentos em que entra em cena a vossa habilidade de "hacking". Desafios inscritos numa dificuldade crescente que constituem uma distinta forma de interacção, eles forçam o jogador a perceber as regras para conseguir superar a prova antes de atingido o tempo limite. Devem assim ligar "nods" desde o servidor de partida até ao servidor de chegada antes da activação do alarme. Existem algumas formas de atrasar o sistema, minando as ligações opostas, mas o processo torna-se tão exigente à medida que avançam pelos graus que dificuldade, que nem o negro da equipa Missão Impossível (série, anos 60) resolveria sem suar abundantemente a testa. A habilidade é constantemente posta à prova e quão mais eficientes forem poderão recolher mais dados e informações sobre a demanda.

Se estas diferentes componentes da jogabilidade que apreciámos se conjugam maioritariamente dentro de uma vertente de acção, elas acabam por estar directamente ligadas à progressão da personagem através dos "augments". Estes são melhoramentos técnicos que permitem à personagem desenvolver as suas características em cada uma dessas vertentes, num esquema de role-play. Ao longo do jogo serão muito significativas as alterações por que irá passar a vossa personagem à medida que a qualificam para novas especialidades, equipando-a para os combates, invasão ou "hacking" com visíveis transformações na personagem.

Desta forma, ao atingir determinados pontos de experiência (obtidos através da conclusão de imensos objectivos), o jogador obterá pontos de "praxis", podendo aplicá-los na árvore de "augments", constituída por uma série de funções corporais. Algumas estão já activadas e por cada melhoramento o jogador gastará apenas uma unidade de "praxis". Outros melhoramentos adquiridos de origem implicam o dispêndio de duas unidades "praxis" e apenas uma para os ajustes seguintes.

Testes em laboratório, sem ratos ou primatas.

Todavia, a progressão dentro deste sistema é lenta, progressiva e numa primeira conclusão do jogo, a personagem não atingirá a plenitude desses acrescentos. De modo que o jogador deverá escolher como pretende ver a sua personagem melhorada; se de uma forma mais adequada ao combate, ao "stealth", aos diálogos como forma de persuasão de objectivos ou então para o desbloqueio de sistemas informáticos.

Sem "multiplayer" e sem modos de jogo adicionais, Deus Ex Human Revolution repousa num argumento muito sólido para manter o jogador preso por algo próximo das duas dezenas de horas, longevidade que aumentará por força das missões secundárias que aprofundam ainda mais o enredo, apontando para o passado da personagem e de quem está perto de si. Uma primeira passagem pelo jogo não será suficiente para descobrir tudo o que os produtores esconderam, assim como algumas opções tomadas inviabilizam percursos paralelos. As reviravoltas e uma sucessão de acontecimentos imprevistos por causa de decisões provocadas pelo jogador geram motivos suficientes para uma conclusão adicional. Haverá, pois, que decidir entre atribuir lealdade a quem comanda Jensen ou afastar-se do vínculo primitivo, contrariando a pretensão das empresas e grupos que sobrepõem o lucro às consequências das suas pesquisas e produções.

Há um lume brando constante neste enredo. Mistérios e situações que pugnam pela imediata descoberta. E sobre cada enquadramento narrativo o jogador terá uma participação activa, a sua chance de exploração, a possibilidade de mudar o rumo das coisas. Como um "thriller" que mantém quente o palco de acção é impossível não dirigir uma palavra de apreço para magnífica banda sonora, profunda, eivada de um registo musical capaz de aumentar a frequência cardíaca do jogador. A animação das personagens é boa, a vocalização está ao melhor nível, mas quando comparado com alguns jogos como LA Noire que já chegam a um outro patamar em termos de animações faciais, Human Revolution fica um pouco aquém. Mas nada que afecte o valor global da obra.

Deus Ex: Human Revolution é muito bom e só não é um jogo perfeito porque lhe falta a originalidade que Deus Ex conseguiu na viragem do milénio. Com um caminho já aberto, a Eidos Montreal brinda a indústria com um trabalho notável e marcante, mas com uma base prévia já instalada que facilitou o caminho a percorrer. Contudo é um jogo que se destaca pela forma como põe o jogador em contacto com uma realidade a acontecer no futuro, num confronto sobre a evolução do ser humano e a ganância das empresas que buscam uma espécie de protectorado. O argumento torna-se num dos principais factores de motivação e podendo haver, por vezes, demasiada informação a digerir em tão pouco tempo, não se perde a temática enquanto fundo permanente. Mas ao oferecer diferentes perspectivas de exploração, entregando uma jogabilidade diversificada e estimulante, num mundo aberto de possibilidades, o jogador é uma peça chave na conclusão do enredo e longe de responder às solicitações por intermédio exclusivo da lei da bala.

Deus Ex: Human Revolution será lançado na PlayStation 3, Xbox 360 e PC no dia 26 de agosto.

9 / 10

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In this article

Deus Ex: Human Revolution

PS3, Xbox 360, PC, Mac

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Sobre o Autor
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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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