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A New Beginning

Quanto tempo terá o planeta?

Goste-se ou não, videojogos de aventura são um verdadeiro clássico da indústria. No meu caso, lembra-me imediatamente de jogos como Myst, Discworld ou Broken Sword, mas as origens são bastante anteriores a estes, tendo conhecido a época de ouro entre os anos 80 e 90. Independentemente de o termo aventura ser hoje utilizado de forma mais generalizada, este tipo de jogos é caracterizado por um design bastante especifico, centrado na componente narrativa e na resolução de puzzles. Atualmente para caracterizar este tipo de jogos, utiliza-se mais definições como aventura gráfica, ou aventura visual, muito porque os cenários são estáticos, mas definem em si o próprio gameplay do jogo. As mecânicas estão nos cenários, os puzzles, mesmo a própria história é em grande parte contada através da beleza dos cenários.

Logo à partida A New Beginning conquistou a minha atenção por dois motivos, em primeiro lugar pelo estilo Banda Desenhada dos menus e dos diálogos tipo cinemáticas utilizadas quando as personagens interagem, e sim, sou um confesso fã de BD. Depois claro está, pela original linha narrativa escolhida pelos produtores da Daedalic Entertainment para este título. O jogo concentra-se no sensível tema do aquecimento global e das alterações climáticas, um assunto perfeitamente atual, e que não me parece que vá desaparecer num futuro próximo. Apesar de ser uma peça de ficção, facilmente nos conseguimos relacionar com a história à partida, ao imaginar que é possível uma espécie de armagedão ambiental se a humanidade continuar com os hábitos atuais de consumo energético, nomeadamente com os chamados combustíveis minerais ou fósseis.

Salvar o mundo é um objetivo relativamente usual nos videojogos, menos usual é ter que salvar o mundo de nós próprios. Em A New Beginning não existe um antagonista claro, não temos um vilão maléfico que encontre prazer em infernizar-nos a vida. Ao invés o jogo transmite implicitamente uma mensagem de consciencialização social sob forma de entretenimento, e põe o jogador a questionar se aquilo que damos por garantido, como o ar que respiramos, será tão garantido assim no futuro.

Exemplo das cinemáticas ao estilo de banda desenhada.

A interface de A New Beginning funciona no estilo point and click clássico deste tipo de jogos de aventura, onde nos movimentamos de cenário em cenário, enquanto clicamos em tudo que seja suspeito. Uma adição relevante é a possibilidade de viajar rapidamente entre cenários com um duplo clique na extremidade para onde nos desejamos movimentar. O jogo traz ainda um sistema de orientação que revela as zonas onde podemos clicar em cada cenário se carregarmos na barra do espaço. Para interagir com os objetos mantemos o botão esquerdo do rato pressionado, e temos acesso a várias opções conforme o contexto/objeto em causa (context base options), por exemplo, se tivermos um copo de água, opções como, investigar, beber, ou pegar, aparecem para escolha.

Os cenários são um dos pontos fortes do jogo, com ambientes deslumbrantes desenhados à mão, que são mais uma prova que a estética é bem mais importante do que os gráficos de forma a imergir o jogador numa experiência interativa. Claro que o poder gráfico possibilita mais fidelidade, e fundamentalmente mais detalhe nos cenários e personagens, mas não é isso que importa neste caso. O aspeto visual conseguido em A New Beginning em estilo animado, é suficientemente apelativo quando aliado a puzzles inteligentes e uma narrativa bem construída.

A New Beginning apresenta-se pelo fim, 500 anos no futuro, e o planeta encontra-se à beira da destruição total, ameaçado por uma erupção solar de grande escala. O ar é irrespirável, e os poucos sobreviventes vivem no subsolo, onde preparam uma última missão desesperada para mudar um futuro que parece condenado. A missão consiste em enviar uma equipa de viajantes do tempo até a uma época passada, e convencer os líderes do mundo a mudar drasticamente de rumo, adotando formas de energia amigas do ambiente, nomeadamente utilizando a pesquisa de um cientista já retirado, Bent Svensson sobre a utilização de algas (sim, algas) como uma forma sustentável de energia.