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Portal 2

Consciência artificial: A próxima fronteira.

Na verdade, é quase incomparável a quantidade de puzzles presentes em Portal 2 com o primeiro jogo. É um jogo bem mais comprido, recheado de alterações à narrativa e que fomentam este aumento em termos de duração. Como desafio ao intelecto Portal 2 é do melhor que podem encontrar e para lá da aventura principal ainda dispõem de um modo co-op que pode ser jogado em rede ou via local através de ecrã dividido, em ambos os casos com o protagonismo a ser entregue a um duo de robôs que não perdem o sentido de humor quando se vêem forçados a interagir entre si naquela velha máxima de que duas cabeças pensam sempre melhor do que uma.

Além disso, o trabalho em torno do argumento em Portal 2 deu os melhores frutos. Os guionistas Eric Wolpaw, Jay Pinkerton e Chet Faliszek fizeram um excelente trabalho, não obstante terem deixado a protagonista sem palavras. Ela que acaba por ter como principal objetivo escapar daquele laboratório psicadélico e enlouquecido, onde personagens tão díspares deambulam, lançando ironia e confundindo o jogador, como se esses computadores artificiais também eles tivessem sido assolados por uma espécie de vírus ou contaminação que os deixou à beira de uma completa e inconfundível incontinência verbal.

Assim, Chelley irá encontrar logo nos primeiros instantes uma bola que lembra um olharapo. Trata-se de um globo ocular que circula sobre um mono-rail e vive em permanente sobressalto causado pelas hecatombes imprevistas na Aperture Science. Aparentemente intrépido, sucumbe ao medo nas fases decisivas. Tende a acompanhar-nos e aparece nas ocasiões mais surreais. Como elementos destabilizadores estas personagens integram-se na aventura e moldam-se totalmente ao espírito do jogo, comentando os nossos progressos, satirizando num tom irónico e jocoso quando menos se espera. Além disso o humor é uma nota permanente, especialmente com a entrada de Cave Johnson, visível nalguns quadros (interpretado pelo actor J.K. Simmons).

Todo o trabalho vocal e guião merecem apreço. A articulação destes com os desafios e visuais alcançam aqui uma dinamite cerebral invejável. Além disso a boa qualidade de construção das cenas, é acompanhada por ritmos musicais que se adaptam aos diferentes tipos de situações, onde é fulcral o silêncio para pensar e algum ritmo no momento da fuga. A coordenação destes momentos é tocante e a realização exibe muito bem o ambiente opressivo, de permanente tensão e delírio que se vive nos laboratórios da Aperture Science.

Portal 2 é só aquele jogo. Entra de imediato para a estreita margem dos imperdíveis. Um clássico imediato, um propulsor de originalidade e inovação, onde tudo está longe de acabar à lei da bala, mas dentro dos limites da física. Espicaçando a mente humana, revela todos os seus atributos num esquema de puzzles tão satisfatórios e plenos de incertezas como legítimos. É certo que este jogo encerra uma sequência, mas é muito mais engenhoso, rigoroso e admirável.

10 / 10

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Portal 2

PS3, Xbox 360, PC

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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