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Rayman 3D

Outra vez?

Não é segredo para ninguém que recém-chegada Nintendo 3DS sofre de uma escassez de títulos, e dentro dos poucos disponíveis com o lançamento da consola alguns são apenas "remakes", "ports", ou lá como lhes queiram chamar. Primeira consideração, não tenho nada contra remakes se lhes for dado a dignidade que merecem. São excelentes oportunidades para quem nunca jogou determinado jogo à época, e servem também para que criaturas nostálgicas como eu possam reviver alguns bons momentos. Confesso que neste caso em particular o meu ceticismo foi maior porque Rayman 2: The Great Escape foi um título que joguei no passado na saudosa Dreamcast, e já na altura não me mereceu grande interesse. Ainda assim, plataformas em 3D parece ser uma grande ideia, antes de entrar na análise em si, imaginem por um minuto Super Mário 64 em 3D, pois.

Rayman, a mascote amarela sem pernas continua igual a si mesmo nesta conversão para 3D, uma personagem unidimensional cujo passado e motivações são um mistério para o comum dos jogadores. As suas habilidades continuam as mesmas, saltar, atirar uma espécie de bolas de fogo/luz pelas mãos, usar o cabelo como uma hélice para planar, e até mesmo jogar basquetebol com o próprio corpo para combater o tédio de ficar parado muito tempo. Rayman continua a ser uma personagem agradável de controlar, algures entre a elegância de Mário e a versatilidade de Banjo e Kazooie. Em termos de controlo, o jogo está bastante sólido, controlar Rayman é bastante fácil, particularmente devido ao direcional analógico que a nova consola portátil da Nintendo traz, ao contrário da sua antecessora.

Os objetivos do jogo continuam iguais, e consistem basicamente em derrotar um exército de robots piratas invasores, e salvar a fada Ly. Para isto, Rayman embarca numa série de aventuras através de 19 níveis bastante diversos que vão desde um navio de escravos, florestas, pântanos, ou até debaixo de água. Durante a aventura Rayman vai recuperando os seus poderes com a ajuda de alguns amigos, com o objetivo de recuperar as Lums espalhadas pelo mundo, reunir as quatro "masks of Polokus", e assim reparar o mundo da clareira dos sonhos (world of the glade of dreams). A coleção de objetos sagrados é um tema clássico das histórias de jogos de plataformas, apesar de não trazer nada de novo funciona sempre bem, importa apenas registar que alguns diálogos são bastante engraçados e em grande medida são responsáveis pelo charme do Rayman 3D.

A mascote amarela sempre em busca dos pirilampos.

O gameplay do jogo permanece interessante mas francamente ultrapassado, combina plataformas com pequenos puzzles, e oferece alguma variedade de objetivos como fazer esqui ou montar uma bomba de duas pernas. A dificuldade do jogo encontra-se acima da média dos videojogos de plataformas dos dias de hoje, no entanto, se é verdade que grande parte desta dificuldade está ligada á execução das mecânicas ligadas ao design dos níveis, as maiores frustrações que sentimos várias vezes durante o jogo tem a ver com ridículas falhas no sistema de câmara.

O sistema de câmara é sem dúvida um aspeto que historicamente pode condenar um jogo de controlo livre em 3D ao fracasso. Neste aspeto Rayman merecia outro cuidado por parte da Ubisoft, já que pura e simplesmente durante a aventura a câmara parece ter vontade própria. Por vezes muda de plano nas piores alturas, por exemplo antes de um determinado salto. Obriga-nos a mudar para a perspetiva de primeira pessoa só para vermos em detalhe as plataformas para onde vamos saltar. E pior ainda, em determinados cenários corta-nos completamente a visão ao ficar presa numa parede. Estas falhas no design são ainda mais notórias devido ao efeito 3D.

Falando no efeito 3D, apesar de visualmente esta versão de Rayman ser bastante agradável, com mundos ricos em cor e detalhe, não é o melhor exemplo para demonstrar as capacidades da nova máquina da Nintendo. Como sabemos a consola exige que mantenhamos a cabeça numa posição frontal (conhecido como soft spot), e ajustemos a profundidade do 3D à nossa medida para podermos desfrutar do efeito nas melhores condições. Ora nesta versão de Rayman muitas vezes o soft spot muda conforme as zonas/níveis em que nos encontramos e obriga a um reajuste do nível de 3D e da posição da consola, isto nota-se devido a um efeito de ghosting que cria um efeito de duplicação de Rayman ou mesmo de alguns cenários, e que se torna especialmente irritante ao fim de alguns minutos de jogo. Nota-se perfeitamente que Rayman não foi um jogo desenhado de raiz para suportar o efeito 3D, ainda assim, já que não quiseram presentear o herói amarelo com uma aventura nova, podiam ter mais cuidado para tornar a experiencia de jogar Rayman em 3D mais agradável e distinta.

Também temos cenas debaixo de água.

Apesar dos aspectos negativos que falamos, Rayman 3D continua a ser um jogo de plataformas decente que veio preencher um vazio, já que não existe nenhuma alternativa dentro do género no leque de jogos disponíveis para a Nintendo 3DS. A aventura central demora bastante tempo para ser ultrapassada, e existe ainda muito conteúdo secreto para aqueles que gostam de terminar os jogos a 100%. Por exemplo apanhar todos os Lums do jogo representa um bom desafio com toda a certeza.

De todos os Ports de Rayman 2: The Great Escape que foram sendo lançados, esta versão seria a que mais atenção merecia, devido às possibilidades que julgo que o efeito 3D trará no futuro aos jogos de plataformas, pena que a Ubisoft não tenha atribuído a Rayman a tal dignidade que falava no inicio desta análise. Ainda assim esta versão está ligeiramente superior à anterior para a Nintendo DS, principalmente devido ao controle analógico. Se nunca jogaste Rayman 2 e não aguentas a espera pela aparição de um certo canalizador na 3DS, então Rayman é uma opção viável com variedade e divertimento para oferecer. Se não és fã do boneco amarelo ou se já jogaste uma das versões anteriores, então a experiência 3D por si só não justifica a compra de Rayman 3D.

5 / 10

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Rayman 3D

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Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.

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