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Asphalt 3D

De cara no asfalto.

Chama-se Asphalt 3D e é mais um dos títulos de lançamento da 3DS. Podia chamar-se só Asphalt, o 3D não faz lá nada. Aliás, o melhor é mesmo jogá-lo com o 3D desligado. É que este é mais um daqueles em que todas as falhas gráficas ficam ainda mais insuportáveis na nova dimensão. E são muitas. Um jogo que começou por encantar nos telemóveis, sendo símbolo de originalidade numa altura em que muitos dos jogos de corrida para a plataforma eram adaptações de grandes franquias. Curioso chegar a um ponto em que é Asphalt a adaptação e de originalidade ou, se quiserem, identidade própria, tem muito pouco.

É que as inspirações de Asphalt 3D são várias, mas nenhuma delas digna. Tenta ser um pouco de tudo, mas não chega a ser nada. Com isso a jogabilidade torna-se não um produto único, mas sim uma mistura mal conseguida de muitas outras. À série Burnout vai buscar o abalroar de carros em corrida e respetivos modos de jogo. A jogos como Ridge Racer ou Outrun vai buscar as derrapagens em estilo. E nem vou apontar mais candidatos sob pena de parecerem rebuscados. Mas a questões impõe-se: consegue ir buscar o melhor de cada jogabilidade como forma de criar uma melhorar experiência? Não, definitivamente.

É, na sua génese, um jogo de corridas, Arcade, no qual os objetivos são vários: finalizar entre os 3 primeiros, contra-relógio, duelo, derrapagem ou abater outros carros. Existem uma série de cenários do mundo a correr, ao longo das várias provas presentes em jogo. A cada prova do modo campanha o jogador é convidado a completar 4 eventos, culminando com um duelo final. Ganhá-lo significa desbloquear uma nova competição. Assim vão também subindo de nível, o que permite desbloquear novos carros para comprar com o dinheiro recolhido em corrida.

Existe um modo de Tuning dedicado à performance do carro, mas serve apenas para que cada vez que compram um carro novo tenham que ir gastar mais uns tostões (sim, porque a quantia pedida é irrisória) em cada da um desses itens. Está lá apenas para fazer vista. Noutra situação seria bem-vindo mas, como está mal implementado, é só mais uma opção. A utilização de Decals idem. É possível ainda escolher entre diferentes patrocínios para garantir algumas particularizas extra ao carro, como obter melhor arranque em corrida ou desconto nas multas.

Ah pois, Asphault tinha que ter carros de polícia. Sem qualquer critério lá aparece um carro da polícia no meio de cada corrida. Se forem apanhados pagam uma multa. Nada de mais, na verdade só existem porque Asphault tem que ter tudo o que existe em todos os jogos de corrida, mas num só. Depois é daqueles que exige demasiado perfeccionismo do jogador quando, no entanto, o motor de jogo e estrutura adjacente é tudo menos perfeita. Em corrida, embater num carro ou ficar atracado numa parte do cenário é o suficiente para ficarem de fora. É que depois de um despiste o carro leva uma eternidade a arrancar, e até ganhar uma velocidade decente é muito provável que já estejam em último lugar. Isto em Burnout funciona porque o jogador rapidamente é colocado numa velocidade que lhe permita manter o frenesim da corrida. Aqui podem desde logo recomeçá-la.

Animações são anedóticas, com carros a fazer aterragens pouco ortodoxas ou colisões acrobáticas com piruetas incluídas. Asphalt 3D reinventa a física. O carro parece que voa pela pista, enquanto o Pop-in de texturas e partes do cenário é uma constante. O Framerate é, em regra, baixo, mas tende ainda a descer em momentos críticos. Por outro lado temos a jogabilidade, que varia entre o aceitável e o degradante. Manusear o carro pela pista é algo com que posso bem, mas as derrapagens são completamente infelizes. Não se pede que sejam realistas, mas pelo menos divertidas. Mas não, derrapar é, mais uma boa forma de perderem a concorrência de vista. Funciona mal e quando precisam dela, não é uma solução mas mais um problema.

Ainda assim, os modelos do carros estão bem conseguidos. Sem que se note grandes diferenças na condução de cada qual, a introdução de uma série de carros licenciados de marcas como Ferrari, Audi ou Lamborghini é realmente bem vinda. Algumas motas da KTM e Ducati podem também ser utilizadas. Alguns cenários são bonitos e estão até bem construídos, o problema não será por aí. Todos os problemas técnicos a nível de jogabilidade e funcionamento é que comprometem a experiência. Outra coisa engraçada que notei é que os carros têm infinitas mudanças - a julgar pelo som, pelo menos. É que podem ir à velocidade máxima e mesmo assim o carro continua a aceitar mudanças. Dez, vinte, são quantas contarem. Penso que isto é o suficiente para ilustrar o quão pobre é a interatividade a nível sonoro. A banda sonora tem um estilo eletrónico, composta por – pelo menos – uma música de renome e uma série de imitações da mesma.

A utilização do 3D é só mais uma história mal sucedida. Em Ridge Racer 3D havia um melhoramento da experiência graças a esta particularidade, mas aqui não vejo qualquer benefício. Há um certo efeito de profundidade, mas é mal conseguido. Os carros não ganham a mesma dinâmica e o cenário parece vazio. Além disso não existem quaisquer efeitos gráficos utilizados a favor do 3D. Modo multijogador está disponível localmente apenas, Online não existe.

É um produto sem identidade. Coloquem todos os grandes jogos de corridas da última década numa batedeira avariada e é o que obtém. Pena, pois se Asphault se focasse mais em ser um jogo único poderia ter sido uma boa opção para esta altura em que o catálogo da 3DS é ainda curto. Assim é nada mais do que uma cópia barata de uma série de jogos. Não sei se o problema aqui é tanto o excesso de ambição ou a falta de pés assentes na terra.

4 / 10

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