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Ilomilo

Milo à procura de Ilo.

Que melhor forma de começar o ano do que conhecendo a dupla Ilo e Milo? Estes são os dois personagens que protagonizam o jogo da South End que agora chega ao Xbox Live Arcade em exclusivo e que prometem oferecer uma doce companhia para os que se vão aos poucos curando da ressaca e voltando ao quotidiano tradicional. Esta é uma palavra que pode não ter muito haver com este jogo pois todo ele está envolto em mecânicas e ideias bastante interessantes e até originais. Este é um jogo no qual somos convidados a resolver vários quebra-cabeças que envolvem todo o cenário e ainda o "brincar" com a perspectiva e são essas mecânicas simples que aglomeradas como um todo tornam Ilomilo num produto tão interessante. Assim como os seus visuais e todo o estilo da arte aqui adoptado que quase nos fazem esquecer que estamos perante um jogo lançado para os serviços digitais mas tal tipo de conotações à muito que deixaram de existir. Consoante a qualidade dos mesmos foi evoluindo de forma assinalável.

Desde os primeiros instantes com o jogo que notamos que este não é um jogo qualquer e todo o aparato visual é único e tão belo e pormenorizado como raramente visto no serviço. Este é um dos pontos de maior valor em Ilomilo e ajuda a dar forma à visão do estúdio na criação de toda uma história que parece querer misturar linhas típicas das histórias para crianças como quebra-cabeças dignos dos mais astutos. Como se fosse um mundo costurado através de tecido e peças de roupa, Ilomilo faz-nos navegar pelos seus simples menus como se já nos fosse preparando para toda a "doçura" que aí vem. É uma parte do seu encanto, é uma das formas que tem para nos sossegar e ambientar. Como se fosse um convite para uma caneca de chocolate quente numa tarde fria de Outono.

Um jogo que nos faz pensar e que nos leva para um mundo cheio de ternura e reconfortante.

Assim que conhecida a história entramos então no mundo do jogo, propriamente dito, e conhecemos todo um "caloroso" visual. Altamente colorido como se fosse um arco-irís moldado a bel prazer, Ilomilo leva-nos para cenários onde todo o fundo parece uma série de desenhos dignos de figurar nos mais belos livros de história de encantar ou então nos melhores livros para colorir na primária. É altamente encantador e uma forma altamente charmosa de expressar uma espécie de inocência que acalma o jogador e o vai convidando a "entrar". No meio deste cenário está uma estrutura de tamanho variável que parece ter sido costurada à mão com vários tipos de materiais mas aqui como se pertencessem a um mundo de cartão. Esta estrutura é constituída por vários quadrados que são o nosso "espaço" de jogo, por onde temos que progredir. Essa progressão é feita ao controlo de Ilo e de Milo, duas personagens que também parecem elas costuradas à mão e que são parte fundamental deste espantoso mundo que consegue atingir um admirável nível de detalha nas vistas aproximadas.

Certamente que os visuais do jogo se distinguem e se assumem como um das partes mais fundamentais do jogo pois são eles que nos aliciam e nos fazem sentir confortáveis desde o primeiro instante. Mesmo quando a dificuldade começa a subir de tom e os reais quebra-cabeças surgem, os visuais parecem ter um efeito tranquilizador e ao longo dos quatro capítulos conseguem assumir tons distintos e ambientes completamente diferentes em todos eles. Desde o prólogo que nos ensina as mecânicas até ao final do jogo, vamos progredindo pelos vários quebra-cabeças como se estas fossem os parágrafos de um livro de encantar que se vai compondo ao tom do nosso avançar pelo jogo. Ilo e Milo tem uma história para contar e os quebra-cabeças resolvidos pelo jogador são como que o papel para a caneta.

Ilo e Milo vivem num mundo que está em constante alteração, para eles pelo menos está pois nunca conseguem recordar o caminho para se encontrarem e mais parece que o mundo muda a todos os dias. A verdade é que está mesmo e não é apenas impressão dos personagens. Cabe então ao jogador desenrolar esta história de verdadeira amizade e fazer com que os personagens se encontrem ao derrotar os inimigos do seu quotidiano. Cada personagem começa o nível em pontos diferentes e o jogador pode alternar entre o seu controlo. Caminhar neste mundo não é algo tão limitado quanto o nosso e quando referi que o jogo "brincava" com a perspectiva foi porque na verdade as paredes podem tornar-se em chão e o que antes era tecto pode agora ser o nosso chão. Temos pontos no cenário por onde podemos passar para outro segmento de quadrados e assim alcançar o que normalmente não seria possível.

Quando é necessário, os personagens podem colocar às suas costas como se fossem mochilas alguns cubos que estão disponíveis pelo cenário e estes vão ser peças base de todo o esquema. Temos que os usar em partes específicas dos cenários para poder avançar ao autenticamente criar chão para caminhar. Alguma peças tem efeitos verticais e outras horizontais e uma peça usada por Milo pode mais do que desbravar caminho para Ilo, pode ser inserida num ponto onde vai agora ser apanhada pelo outro e ser usada num outro ponto e assim desbloquear mais um pedaço do nível.

Ambientes distintos mas todos eles com muita magia e personalidade.

Para os que vão querer coleccionar tudo a 100%, que é como dizer apanhar todos os Safkas (pequenas criaturas que habitam nos níveis) e apanhar as fotografias, vão ter mesmo que se aplicar nos níveis e aprofundar caminhos alternativos que podem não ser sempre evidentes. À primeira vista podem ter o final do nível desbloqueado e a solução alcançada mas por vezes compensa reflectir um pouco mais e quando não temos todos os elementos, temos que pesquisar onde melhor usar os cubos e para onde nos levam os tais pontos de transição nos cenários. Outros itens que podemos recolher através dos nossos feitos nos níveis são discos de música que também é ela uma parte altamente interessante de Ilomilo. Os efeitos sonoros e a banda sonora também parecem saídos de um desenho animado de encantar e são uma das partes que constituem a agradável personalidade desta experiência.

Recolher todos os objectos num nível para desbloquear novos fragmentos de memória e assim conhecer a história de Ilo e Milo é ao lado do conquistar melhores pontuações um dos melhores incentivos da longevidade no produto. Tal pode também ser feito através do modo cooperativo para dois jogadores local. Desta forma duas pessoas podem tentar ajudar a dupla jogando à vez para ultrapassarem os desafios de cada nível. Outros incentivos passam pelas Conquistas de Jogador que reforçam os valores maiores que o produto pode oferecer para os que desejam completar tudo a 100%, incluindo desbloquear os mini-jogos dos Safkas.

Ilomilo é um jogo absolutamente encantador repleto de charme e carácter. É uma experiência que nos desafia sem a momento algum largar o seu tom de criança que apenas quer brincar. A combinação dos visuais com a componente sonora mais parecem fazer-nos recuar para uma inocência dos nossos tempos da primária e acima de tudo é altamente divertido e inteligente. É uma bela forma de começarem o vosso ano e quem sabe se vai permitir à South End continuar a elaborar mais admiráveis trabalhos.

9 / 10

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Ilomilo

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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