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Fallout: New Vegas

Peão dentro da humanidade.

Algo que sempre me atraiu num RPG, ou nas suas actuais múltiplas variações, é a possibilidade de podermos ser quem quisermos. Claro está que poucos jogos conseguem dar esta possibilidade em todo o seu expoente, mas no fundo existe um fascínio de interpretar e progredir como personagem. É quase como misturar o actor com realizador, mantendo uma linha mental sobre o que realmente é importante.

Já há algum tempo que não me envolvia a fundo num RPG tão complexo quanto Fallout: New Vegas, e com o tempo a ficar cada vez mais frio, a obrigar estadias para além do trabalho a jogar em casa, a vinda do jogo veio mesmo a calhar. Fallout: New Vegas promete trazer de volta todo o ambiente que premeia os jogos Fallout.

Para os mais distraídos, Fallout: New Vegas não é uma sequela directa do muito galardoado Fallout 3, mas é antes uma produção, que embora não seja "muito diferente" do seu anterior, premeia por uma abordagem mais de acção (já lá vamos). O estúdio de produção é agora a Obsidian Entertainment, que embora não tenha tido o sucesso esperado com Alpha Protocol, consegue redimir-se no novo Fallout.

Um dos aspectos positivos, ou negativos em muitos casos, deste New Vegas, é que não tenta fugir muito ao conceito do anterior jogo. Como referi, embora não sendo uma sequela, é perfeitamente notório toda a sua influência. Neste novo jogo somos um carteiro contratado para levar uma determinada encomenda. Diferente de outros carteiros, aqui o nosso inimigo não é um cão, mas sim um certo individuo, armado em Gigolô barato que nos rouba a encomenda e deixa-nos a morrer. A nossa primeira demanda é ir em busca da encomenda, e poder cumprir com o nosso papel. Mas o que iremos encontrar não é bem o que estávamos à espera, e como em qualquer RPG que se preze, a árvore de "Quests" aumenta de forma desalmada conforme penetramos mais na trama.

Algo estranho nesta onda de RPGs é que o trabalho desempenhado na caracterização da nossa personagem é deitado literalmente ao lixo, pois nem uma única vez consegui vislumbrar a nossa face em qualquer parte do jogo. Sem cut-scenes, sem espelhos, pois com tanta destruição não houve um que tenha aguentado. Após o Fallout 3 de 2008, esperava uma grande mudança neste aspecto, tornar o nosso jogador, o nosso eu virtual mais familiar. Mas tal não acontece.

Desta vez o local de "trabalho" é uma Las Vegas (New Vegas) perdida, e o deserto Mojave, ou Mojave Wasteland como é chamado no jogo, como palco de muitos quilómetros a pé. Estamos em 2281, sendo que é o jogo da série Fallout com data mais afastada da Grande Guerra de 2077. Por esta razão, existe uma sensação no ar de um maior equilíbrio em termos de vegetação, de radioactividade e efeitos da guerra nuclear. Tal poderá ser vislumbrado no jogo através da presença de várias flores ou frutos que poderão ser recolhidos para consumo instantâneo ou para posterior preparação de receitas. Algo que não era possível no anterior, pois não existia vegetação. Diversos nativos foram ao encontro das luzes brilhantes da nova New Vegas, uma nova cidade que prometia um reinício da civilização. De um momento para o outro vemo-nos envolvidos numa guerra e conflito de interesses entre diversas facções.

Esta nossa relação com as diversas facções da Wasteland é um dos pontos altos do jogo. Tudo aquilo que fazemos irá ter repercussões onde menos esperámos. A nossa fama, boa ou má, é rapidamente passada de boca em boca, e não raras são as vezes em que fui confrontado com coisas que tinha feito há mais de 8 horas (reais). Esta ligação, de fazermos bem a estes e mal àqueles, dar-nos-à amigos, mas muitos mais inimigos. Também podemos optar por jogar à defesa, tentar vencer em todas as frentes. Embora pareça impossível, tentei sempre ir por esse caminho, tentando ganhar em todos os lados. Existem, claro, alturas que temos que tomar decisões mais importantes, que ditam o rumo da história, e aí não há nada a fazer.

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Fallout: New Vegas

iOS, PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Jorge Soares avatar

Jorge Soares

EG.pt Master of Puppets

Sempre ocupado e cheio de trabalho, é ele quem comanda e gere a Eurogamer Portugal. Queixa-se que raramente arranja tempo para jogar, mas quando está mesmo interessado num jogo, lá consegue arranjar uns minutos. Tem mau perder e arranja sempre alguma desculpa para a sua derrota, mas no fundo, é o que todos fazemos.

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