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Age of Monsters (Escape From) - Análise

Eles andem (na verdade corram) por aí!

Existe indiscutivelmente algo fascinante no género 'infinite corridors' que desde algum tempo conquistou imensa popularidade nos sistemas iOS e tem vindo a crescer em popularidade. Talvez por ser algo tão simples de assimilar que juntamente com uma boa sensação de desafio resulte numa combinação demasiadamente atrativa para se ignorar mas o certo é que tem um apelo e um encanto que dificilmente encontrariam noutra plataforma. Existem de todos os tipos e feitios, desde Gravity Guy com a influência da gravidade à mistura, Whale Trail com os seus lindos visuais e baleias voadoras, até ao expoente máximo que é Jetpack Joyride, corredores infinitos com humor e irreverência sem iguais.

Por um lado o género de corredores infinitos é um formato que se adequa na perfeição a um sistema portátil, as suas mecânicas são assimiladas em segundos, e não tem qualquer ponta de complicação. O jogador sabe o que tem a fazer e sabe que o desafio vai ser crescente mas o mais sensacional é como tudo isto não se torna aborrecido rapidamente. Aqui entra o desafio e as mecânicas de gameplay que ditam a relação entre o jogo e o jogador. A jornada não se torna repetitiva porque o jogador é convidado a tentar obter melhor prestação e surgir nas tabelas de pontuação e porque lhe é prometido que ao continuar a jogar vai obter mais e mais prémios e itens para desbloquear.

É um pouco aquela sensação que todos os aficionados de Pokémon tem, que procuram desesperadamente apanhar todas as criaturas que veem pela frente. Queremos sempre mais e mais e juntamente com isso chega a sensação que se poderia ter chegado mais longe, que se poderia ter evitado aquele erro e lá vamos nós mais uma vez colocar em prática todos os nossos reflexos e capacidade de reação e quando algo tão simples se torna tão difícil e novamente é sensacional como tudo isto não se torna cansativo.

Ao contrário de jogos como Angry Birds que apelam um pouco à capacidade pensativa do jogador, jogos como este Age of Monsters apenas pedem ao jogador que coloque os seus reflexos à prova. As mecânicas de jogo são mais do que fáceis, temos um corredor infinito numa perspetiva 2D no qual o nosso personagem corre loucamente pois a sua vida depende disso, um qualquer tipo de ameaça surge na sua perseguição ou então surge ao longo de todo o percurso e pelo meio vão surgindo itens que nos dão bónus especiais ou até itens adicionais.

Então o que tem Age of Monsters para oferecer que outros não tenham oferecido já? A verdade é pouco, ou mesmo nada, mas ao fazer o que outros já fazem não se faz rogado de o fazer com imensa personalidade e muito estilo. AoM é na verdade o mais simples jogo do género que já joguei mas é sem dúvidas o que mais estilo tem, especialmente evidente na sua arte e na sua música. Nada de admirar quando temos presente o talento do premiado produtos dos desenhos animados de Batman.

Age of Monsters coloca-nos num mundo no qual a Terra foi invadida por monstros e apenas um par de luvas cuspidas das entranhas do planeta que escolheram um homem estúpido o suficiente para as usar nos podem salvar. Isto não é meta-crítico, é meta-irónico pois Gizard (fácil de perceber que é uma mistura de Geek com Wizard) apenas tem como objetivo não morrer.

Para tal vai ter que correr pelo meio de prédios destruídos com duas crianças atrás de si e o papel do jogador é pressionado no lado correto do ecrã para usar a luva da cor correspondente que lhe vai permitir derrubar a barreira dessa mesma cor. Sempre que falhar, seja por errar na luva necessária ou por mau timing, uma criança é levada por um monstro até que o próprio Gizard seja capturado. Com a pontuação sempre a subir a cada novo passo temos ainda o incentivo a um toque bem ritmado no ecrã pois três toques perfeitos seguidos permitem acesso ao modo Turbo no qual a ação decorre de forma mais rápida.

Ritmo e bons reflexos vão ser recompensados.

Pelo meios vemos surgir no ecrã estranhos itens, como batatas fritas ou pizzas, que podem ser capturados ao deslizar o dedo por cima deles. Estes dão-nos pontos extra enquanto outros como moedas ou sacos de notas nos dão dinheiro que pode ser usado para adquirir bónus e itens especiais que facilitam o desafio, como uma criança adicional que é como quem diz uma vida adicional.

"Podemos por enquanto dizer que Age of Monsters está a algumas atualizações de se tornar um clássico"

Tudo isto feito ao ritmo de um furioso rock'n'roll (a cargo dos The Binges) que confere a AoM todo um alto aparato repleto de estilo e irreverência. Combinado com o seu estilo de arte, temos aqui um jogo visualmente mais do que apelativo, bem irreverente e muito senhor de si mesmo. O design dos monstros é curioso e as animações propiciam momentos divertidos e rapidamente sentimos uma ligação e gosto por toda a experiência, facilmente separando-se das demais.

Prova disso é a Stash House, local onde podemos ver os itens que desbloqueamos mas cujo propósito é meramente decorativo. Tal como manda a fórmula, temos objetivos que nos são colocados (como 5 socos perfeitos numa partida) que quando compridos nos oferecem algo em troca. Isto representa uma boa sensação de desafio adicional e pode quebrar qualquer sensação de rotina, ao implementar objetivos secundários além do principal, mas ao contrário dos melhores exemplos do género, aqui não parecem oferecer grandes consequências.

Ao cumprir um objetivo temos como recompensa uma peça de um puzzle que quando completo revela um item que vai surgir na Stash House, uma espécie de sala de troféus. Aqui podemos ver os itens (puzzles) completos e ver o que foi feito para os obter mas nada mais e é pena que a este respeito não tenha sido feito algo mais profundo.

AoM é divertido de jogar e coloca toda a sua personalidade em boa prática em sintonia com o género e tudo aquilo que outros estabeleceram como fórmula principal anteriormente. No entanto, onde AoM não consegue ascender ao patamar de jogos como Jetpack Joyride é quando se demonstra demasiado limitador para o jogador a médio-longo prazo. O design e aspeto podem ser apelativos mas quando temos ambientes demasiadamente similares tudo pode perder apelo rapidamente e de nada adianta toda a irreverente personalidade rock.

Caso a sua personalidade e tom tivessem sido combinados com cenários mais variados, mais itens para desbloquear que consequentemente iam aliciar mais o jogador a jogar cada vez mais e teríamos aqui uma combinação estrondosa. Assim sendo podemos por enquanto dizer que Age of Monsters está a algumas atualizações de se tornar um clássico e que esperamos no futuro ter um jogo muito mais completo do que aquele que temos atualmente.

Para fãs dos 'corredores infinitos' e dos desafios que apresentam Age of Monsters (Escape From) é mais do que interessante, especialmente pela sua personalidade. No entanto a falta de maior diversidade nos desafios e nos cenários, assim como nas recompensas que motivariam o jogador a longo prazo peca por escasso e nem mesmo a Stash House parece ser bem o que deveria ser. Tal impede que AoM fique lá ao lado dos melhores mas que tem espaço para lá chegar tem.

7 / 10

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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