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Afinal, os gráficos importam ou não?

Um reflexão sobre este debate tão comum.

É um eterno debate entre jogadores.

De um lado, estão as chamadas graphic whores, jogadores que dão grande importância à qualidade gráfica de um jogo e que rapidamente descartam títulos que não cumpram um certo padrão. Do outro, estão aqueles que dizem dar mais valor à jogabilidade e que não se importam com a qualidade gráfica.

Quando se discute videojogos, há uma tendência para assumir posições extremas e, por vezes, é difícil encontrar um meio termo. É a velha falácia do falso dilema, quando numa discussão só nos dão duas hipóteses, quando na realidade há mais. Nesta questão dos gráficos, ambos os extremos apresentam argumentos válidos, a conclusão é que é errada.

São os gráficos a parte mais importante de um jogo?

Ultimamente, não são. Mas é com a qualidade visual, aliada a uma estética apelativa (é importante perceber esta diferença: um jogo com bons gráficos ainda pode ser feio), que começa a sedução e o nosso interesse para jogar alguma coisa. Afinal, antes de comprarmos um jogo, assistimos sempre a vídeos e trailers. A parte visual é a única coisa que realmente podemos avaliar, ainda que com limitações, antes de experimentamos o jogo. Se isso não "clicar", nada feito.

É por isso que as editoras apostam em demos tecnológicas e outros tipos de exibições que mostram os jogos nas suas melhores condições. Às vezes, o tiro sai pela culatra porque aquilo que foi mostrado não corresponde à realidade. Basta recordar, por exemplo, a demo de Watch Dogs na E3 2012. Ainda que a Ubisoft não tenha conseguido entregar o que prometeu, é um caso que mostra como qualidade gráfica e realismo pode gerar uma onda de entusiasmo e "vender" o jogo antes do lançamento.

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Um jogo com maus gráficos pode ser bom?

Claro que sim. Há vários exemplos. Um dos que me vem imediatamente à cabeça é Vampire Survivors. Visualmente é horrível. Os gráficos podiam ser de qualquer jogo do início dos anos 90. Mas a jogabilidade é viciante e facilmente perdemos a jogar. Eu sei porque foi o que me aconteceu. Dito isto, se não fosse pelo efeito de passa a palavra, a verdade é que nunca teria experimentado a versão mobile e comprado a versão para PC. A olhar para as imagens e vídeos gameplay, é fácil ficar com o pé atrás.

Outro exemplo ainda mais gritante é Minecraft. É um dos maiores fenómenos dos videojogos nos últimos 20 anos e, novamente, visualmente é pouco apelativo. Portanto, sim... um jogo com maus gráficos pode ser bom, mas poderá ser mais difícil convencer os jogadores a experimentá-lo porque não há amor à primeira vista.

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Melhor hardware equivale a apenas a melhores gráficos?

Existe uma percepção errada de que as consolas precisam de ser mais poderosas (isto é, ter melhor hardware) apenas para aumentar a qualidade gráfica e/ou a resolução. O aumento da resolução pode deixar a qualidade visual de um jogo mais apelativa ao aumentar a nitidez - experimenta jogar um título da PS3 ou da Xbox 360 a 720p e compara-os com os jogos atuais para veres a diferença- mas no geral, um hardware mais poderoso resulta em jogos mais complexos e realistas.

Neste momento, a consola menos capaz do mercado é a Nintendo Switch. Mesmo diminuindo a resolução e detalhes visuais, há jogos que claramente têm dificuldades em correr na consola. Isto é porque, além dos gráficos, há muita coisa acontecer num jogo em simultâneo. Jogos com simulações complexas de física requerem hardware poderoso e isso não tem nada a ver com a parte visual. O mesmo pode ser dito acerca de uma grande quantidade de personagens ou outro tipo de objetos no ecrã ao mesmo tempo.

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Conclusão: sim, os gráficos importam

O desenvolvimento de videojogos é processo de combinar múltiplas artes para criar algo interativo. É a combinação de escrita, narrativa, diálogo, arte conceptual, modelação, design de níveis, programação, engenharia, e por aí fora. Inevitalvemente, os gráficos fazem parte deste processo. Quando alguém diz que os gráficos não importam, está a excluir uma parte tão vital dos videojogos como as outras. Normalmente, os melhores jogos são aqueles que conseguem exceder-se em todas as áreas, mas há claro excepções.

A evolução de Lara Croft ao longo dos anos mostra como o melhor hardware permitiu criar uma personagem de feições mais realistas e humanas.

Importa também não confundir qualidade gráfica com realismo. Dragon Ball FighterZ é um jogo com bons gráficos, ainda que não prime pelo realismo. No entanto, é um jogo com visual de "bonequinhos" que não existiria se não tivesse havido uma evolução contínua de hardware. O mesmo vale para tantos outros jogos que não enveredam pelo realismo, mas que ainda são complexos visualmente e não poderiam existir da mesma forma em gerações anteriores.

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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