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3D Super Hang-On - Análise

Viajar pelo mundo em duas rodas.

Uma das mais preciosas memórias que guardo do primeiro contacto que tive com as máquinas arcade é precisamente a cabine de Super Hang-on, da Sega. No final dos anos oitenta a Sega detinha uma imensa presença na cena arcade, inundando tudo o que era espaços dedicados a arcadas com títulos que viriam a formatar uma geração de plataformas e encher de recursos o seu sistema doméstico 16-bit, a Mega Drive. Mas apesar da boa conversão para a consola, Super Hang-On na arcade era qualquer coisa de fascinante. Com um ecrã montado à frente do guiador e toda uma restante estrutura construída de modo a imitar uma moto de pista, a possibilidade de deslizar para os lados na negociação das curvas, numa tentativa de correspondência da realidade, era não só impressionante como fazia a diferença para muitos dos jogos disponíveis. No ecrã, a enorme sensação de velocidade com que a mota ultrapassava adversários, sobretudo quando activado o turbo, era a cereja no topo do bolo.

Hoje, o mesmo jogo das arcadas e da Mega Drive volta a conhecer nova versão, para a portátil Nintendo 3DS e integrado na nova oferta de clássicos 3D da Sega. Enquanto que estes jogos já se encontram disponíveis no Japão, só agora os europeus estão a receber títulos de uma primeira fornada, onde se incluem, para além do Super Hang-On, outros como 3D Space Harrier e 3D Sonic the Headgehog, sendo que mais títulos serão disponibilizados como Afterburner. Estes clássicos 3D da Sega vêm ocupar um lugar muito específico na eShop da 3DS, procurando retomar o saudosismo e alguma nostalgia presente nos fãs destas produções. Poderão estes jogos encontrar sucesso?

A prova para os profissionais está na Europa.

Independentemente do resultado, é de louvar o esforço desenvolvido pelos pequenos estúdios incumbidos da produção destes clássicos 3D. Na verdade, contrariamente a outras conversões que nos chegam de jogos domésticos e arcade, estas não são conversões simples e acomodadas à meta de colocar o jogo pronto a correr e pouco mais. Pelo contrário. No que toca a este 3D Super Hang-On, a M2 começou por trabalhar a partir do código de jogo da versão para a Virtual Console da Wii e tentou adaptar o jogo à 3DS de modo a tirar partido do efeito estereoscópico, bem como reproduzir as sensações típicas das máquinas arcade.

O resultado disso é um trabalho surpreendente e bem conseguido em todos os capítulos, mantendo as qualidades da versão arcade, sem ignorar as funções da 3DS, como o giroscópio, possibilitando que o utilizador incline a mota para a direita ou para a esquerda deslocando a consola nesse sentido. Mas ao mesmo tempo que a mota se inclina, o mesmo sucede com a perspectiva de jogo, que acompanha a inclinação da máquina. Esta perspectiva nem sempre é a mais útil e a que melhor permite uma abordagem segura às fases mais exigentes da corrida. Contudo, com o desenho à volta do ecrã da máquina arcade ainda visível, é como se estivéssemos no salão de jogos, o que vale sobretudo por uma grande sensação de nostalgia.

Quanto ao conteúdo do jogo, não há grandes diferenças para a versão arcade a não ser o modo World Tour, que só é desbloqueado depois de terminados os quatro diferentes percursos. O objectivo volta a ser chegar ao fim de cada desafio de classe, passando por todos os pontos intermédios de contagem de tempo. A dificuldade está em negociar as curvas o mais depressa possível e não embater nos adversários que correm a ritmo mais lento. Ao passar por um checkpoint obtemos mais umas dezenas de segundos essenciais para chegar ao ponto intermédio seguinte. A estrutura é essencialmente clássica e assenta num modelo de condução de uma potente mota de estrada. A velocidade máxima atingida pelo acelerador é de 280 km/h, mas podem facilmente bater os 300 km/h se ao chegarem à velocidade máxima aplicarem o turbo, saindo uma chama amarelada pelos canos de escape da mota e um ruído mais agudo do motor, enquanto as imagens por segundo disparam.

A primeira arcade de Super Hang-on data de 1985. A versão que agora nos chega à 3DS foi lançada 3 anos mais tarde.

As quatro classes dividem-se por territórios mundiais e a dificuldade (da mais fácil até à profissional) varia de acordo com o número de pontos intermédios a percorrer antes de chegar à meta. Por outro lado, a configuração das pistas também é variável, e se no princípio encontramos largas curvas e rectas que podem ser percorridas no pico da velocidade, na América e na Europa as curvas apertadas seguidas de contra-curva prometem infernizar a vida dos mais incautos, causando espetanços que atiram pelos ares o piloto de serviço. Enquanto que os adversários chegam em maior número e obrigam a abrandar sob pena de haver um embate que nos pode atirar para fora do asfalto e a embater num obstáculo, perdendo preciosos segundos, há que contar sempre com postes de iluminação, placards, árvores, grades, entre outros objectos que não toleram a mínima saída de estrada.

Mas é esta permanente negociação de curvas sempre a alta velocidade, num constante desafio do perigo, serpenteando os adversários e nuns seguros 60 fps, que faz de 3D Super Hang-On um título memorável e ainda tão jogável. O grafismo limpo, muito colorido e muito seguro em termos de fluidez ficou uma maravilha com este banho 3D, num efeito que empresta mais profundidade entre a mota e fundos e nas subidas de inclinação acentuada.

Inclinação da perspectiva.

O extenso rol de aspectos personalizáveis como o grau de dificuldade, a maior ou menor extensão do ecrã, a possibilidade de usar como alternativa ao giroscópio e à stylus o botão analógico, junta-se uma outra inclusão eivada de forte nostalgia: a versão arcade que nos permitia conduzir sentados, que se destaca por apresentar um desenho diferente do modelo que trazia inclinação. De modo a conseguir os melhores tempos, talvez a combinação mais adequada seja o ecrã largo e o uso do botão analógico para inclinar a mota nas curvas, sem deslocação da perspectiva, usando o gatilho direito para o turbo. No final, se conseguirem um recorde que vos deixe satisfeitos e querendo partilhá-lo com um amigo, podem sempre gravar uma repetição.

Super Hang-On não seria um jogo tão marcante sem a banda sonora que causou forte impacto aquando da sua estreia em 1985. Dos quatro temas disponíveis e oriundos da arcada, podemos escolher qualquer um para a classe que queremos disputar. Todos são magníficos e encontram-se devidamente remasterizados.

3D Super Hang-On chega à 3DS numa conversão pela mão da M2 que faz absoluta justiça ao clássico arcade. Esse é talvez o maior feito; conseguir emular na perfeição, com desenvolvimento e atenção às funções da 3DS, um jogo que ainda é uma bandeira das produções da Sega para os salões de jogos. Clássicos arcade da Sega em 3D e com um trabalho tão cuidado por trás, justificam-se pela diferença que proporcionam e merecem o apoio dos fãs.

7 / 10

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