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3D Shinobi III: Return of the Ninja Master - Análise

Na crista da onda.

O melhor da famosíssima série Shinobi foi produzido para a Mega Drive. Pese embora o lançamentos de alguns jogos para a Sega Saturn, PlayStation 2 e 3DS (numa edição mais recente), mais nenhum título conseguiu ombrear em termos de arte e jogabilidade com a seguinte tripla de jogos: Shadow Dancer, The Revenge of Shinobi e Shinobi III: Return of the Ninja Master. Se quisermos procurar uma produção mais recente que tribute este pecúlio armazenado na Mega Drive, temos que pesquisar pelos trabalhos de Tomonobu Itagaki, o "Samurai" que fez o mais espantoso Ninja Gaiden para os tempos modernos, atormentando a vida dos fãs dos jogos de acção e plataformas com o grau de dificuldade e desafio patente num quadro renovado de sangue e muita acção.

Mas em meados dos anos noventa, Shinobi era uma série que não passava indiferente a ninguém. Com The Revenge of Shinobi a ocupar um espaço privilegiado num cartucho composto por três jogos e de acesso a uma consola 16-bit pujante e repleta de títulos, não tardou para que mais dois títulos se posicionassem como boas alternativas. Shadow Dancer é uma fonte relevante de acção e plataformas, o mesmo sucedendo com Shinobi III: Return of the Ninja. Na verdade, este é dos poucos jogos que atesta as capacidades impressionantes da Mega Drive e que superou totalmente a boa qualidade de The Revenge of Shinobi.

Shinobi III possui boa arte.

Compreende-se por isso a escolha da M2. Talvez não tão popular como The Revenge of Shinobi, Shinobi III poderá ser desconhecido para uma boa parte da audiência que hoje possui uma 3DS para jogar Pokémon X ou Y ou então o Zelda Between Worlds. Óptimos para curtas experiências, Shinobi III segue a estrutura do primeiro jogo mas é em quase tudo maior e melhor, posicionando-se facilmente na linha da frente. Como se não bastasse ter em mãos um título dotado de forte qualidade, o acrescento proporcionado pela M2 veio dar-lhe ainda mais esplendor, deixando bem ilustrada a qualidade de um dos melhores jogos de acção e plataformas da década de noventa.

Com mais de vinte anos sobre o lançamento, é impressionante descobrir a boa quantidade de sprites (especialmente aumentados em relação a The Revenge of Shinobi), arco de movimentos de Joe Musashi que aqui contempla um "dashkick", óptimo caso haja falta de "shurikens", e a possibilidade de escalar paredes e efectuar elevações com barras. Além disso, o nosso protagonista ninja tem à sua disposição alguns instrumentos como uma prancha de surf tecnologicamente avançada, com a qual não só se desvia de certos obstáculos mas também enfrenta os inimigos, tudo isto num mais rápido patamar de acção. A constante alternância entre os níveis em forma de "scroll" horizontal e vertical proporciona mais alguma diversidade à acção.

O regresso dos ninjas.

Enfrentando a nova vaga de violência proporcionada pela organização Neo Zeed, Joe Musashi irá atravessar diferentes territórios e zonas controladas pelos inimigos. A começar numa densa floresta, passando por grutas, instalações militares e laboratórios de produção de armas biológicas, Shinobi III parece ir de encontro às intenções não totalmente concretizadas do Revenge of Shinobi, ao apresentar um jogo com mais conteúdo e produção gráfica, sem perda de cadência.

A dificuldade é talvez um dos pontos mais delicados. Sem "shurikens" Joe Musashi fica mais vulnerável na resposta aos ataques dos adversários, tendo que os eliminar ao pé, o que é altamente desafiante. Os poderes especiais Ninjitsu podem ser aplicados a qualquer instante mas sob a condição de um poder por nível ( a menos que encontrem bónus), justificando-se a sua utilização para os combates com os "bosses" no fim do nível. Os movimentos do protagonista estão bem conseguidos, ainda que o salto enrolado antes de chegar ao apex do primeiro salto pudesse estar mais facilitado. O tempo para a sua execução é muito estreito e às vezes uma falha neste processo pode deitar por terra as hipóteses de sair bem sucedido nos momentos de maior aflição.

Mais um momento que envolveu particular trabalho na colocação de profundidade.

Quanto à banda sonora, neste jogo não temos as coordenadas sonoras de Yuzo Koshiro, o que acaba por um ponto menos positivo, ainda que a música escolhida seja competente e eficaz na sua missão. Dispondo de uma boa base de trabalho, a M2 não precisou de muito esforço para dar um aspecto visual condigno a uma obra com mais de vinte anos. Para uma produção dos anos noventa, os visuais são apelativos, mas ficaram melhorados com este acrescento de profundidade proporcionado pelo ecrã estereoscópico. De forma a debelar o excesso de dificuldade existe uma opção para abrir todos os níveis assim que entram no jogo e ainda o modo "Expert Ninja", com o qual podem realizar mais depressa certos movimentos, premindo os botões respectivos.

Novamente sobressai o bom trabalho da M2, num clássico que nem precisava de muitos retoques de modo a ir ao encontro dos amantes de plataformas e acção retro. Apesar de estar hoje totalmente ultrapassado por títulos como Ninja Gaiden (edição Itagaki), Shinobi III representa o que de melhor se fez para a Mega Drive, ao mesmo tempo que evidenciou a capacidade da respectiva plataforma. De tal modo é um título marcante na sua época que em mais outro momento do ciclo de produção da série houve uma correspondência quanto ao resultado desta produção, como se o espírito de Joe Musashi se tivesse diluído. Se este puxar de carta do baralho pela mão da M2 pode levar a SEGA a perceber quanto ainda pode fazer pela série, então que não se assinale este regresso apenas uma celebração nostálgica, mas como um ponto de partida.

8 / 10

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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