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30 anos de Castlevania

A Konami acabou com um dos grandes clássicos.

Esta noite (a noite passada), a série Castlevania comemorou 30 anos. Propriedade da konami, cravou um espaço como poucas séries atingiram ao longo de 3 décadas, sobretudo um estatuto de culto e uma marca de qualidade junto de um núcleo grande de fãs. O original foi lançado a 26 de Dezembro de 1986 para a Famicom Disk System, uma plataforma agregada à NES que operava por intermédio de disquetes. Não foi um sucesso imediato. Longe disso. Só através da versão cartucho para a NES e posterior travessia ao ocidente é que Akumajo Dracula (assim é designada no Japão) começou a galgar fronteiras e ganhar popularidade até tornar consensual a sua qualidade entre os amantes dos jogos de acção 2D.

Neste longo trajecto são imensos os pontos altos, especialmente nas produções 2D, com Symphony of the Night a posicionar-se talvez como o jogo mais consensual, especialmente no género "metroidvania", do qual faz parte, com uma vertente role play memorável, alicerçada num grafismo ímpar (a versão PlayStation é superior à Sega Saturn). Existem outras edições igualmente fascinantes, como Rondo of Blood, a versão japonesa criada para a PC Engine, acessório Super CD Rom 2, que nunca sairia do Japão (existe apenas uma versão digital para a Virtual Console da Wii) e por isso é muito procurada entre coleccionadores e fãs. Também os jogos para a Game Boy e outras plataformas portáteis da Nintendo como GBA e Nintendo DS contaram com fabulosas edições.

A versão Castlevania em cartucho para a NES saiu depois da versão Famicom Disk mas é a mais popular.

Na verdade, o 2D sempre foi o pináculo da série, um equilíbrio notável entre todos os elementos do jogo. Desde a jogabilidade, aos sprites e design, passando pela notável banda sonora, as experiências mais evocativas dos fãs são quase todas em formato "scroll horizontal" 2D. Com o aparecimento de jogos de acção como Devil May Cry, dos quais Bayonetta é actualmente um dos expoentes máximos, a Konami tentou o mesmo na sua série de fantasia negra, usando o 3D em jogos como Lament of Innocence. Mesmo preservando a identidade e tradição na estrutura, o formato 3D da série Castlevania nunca foi sinónimo de grande qualidade, pelo menos quando comparado com as produções anteriores.

"o 2D sempre foi o pináculo da série, um equilíbrio notável entre todos os elementos do jogo"

À semelhança do sucedido com outras editoras japonesas que apostaram em estúdios ocidentais para desenvolver as suas franquias, também a Konami sucumbiu à pressão interna e cedeu às intsruções da chefia. Lords of Shadow e sequela são talvez as melhores representações em 3D da série Castlevania, pelo menos em termos de execução técnica, porque enquanto prolongamento dos clássicos deixam a desejar, aproximando-se mais de outras séries como God of War, rebatendo o carisma da série com títulos musculados. Poder-se-á dizer o mesmo de Devil May Cry sob a batuta da Ninja Theory. Certo é que ambos os jogos venderam imenso, num período em que a Konami não acreditava no sucesso da série Castlevania. Nichos ou núcleos de fãs não podem ser alvo de milhões em recursos e investimento, parece ser o mote de uma editora apostada no mercado mobile e das "pachinko". Se Lords of Shadow foi uma espécie de última oportunidade dada à série pela Konami, apesar de ter vendido bem e continuar a vender através de plataformas como o Steam, a forma abrupta como terminou a ligação com o estúdio espanhol MercurySteam e o desinteresse no mercado das consolas à excepção de PES e Metal Gear Solid, abre mais do que um futuro negro para Castlevania, o seu fim.

Rondo of Blood, um belíssimo Castlevania 2D para a 8 (16 bit) PC Engine Super CD Rom2. Boa jogabilidade, belíssimos gráficos e um audio com a qualidade CD. É um dos jogos mais procurados pelos fãs.

É só uma evidência dos tempos modernos, o encerramento de muitas séries provenientes dos anos oitenta e noventa, muitas com peso no arcade. Embora nem todas as produtoras tenham sido capazes de assegurar a melhor transição para formatos 3D, os investimentos e recursos das grandes editoras incidem nos "blockbusters" ou "triple A". O mercado mudou e a face da indústria está em alteração profunda. Sem Kojima e resumida a um par de séries (ainda) rentáveis - quando deixarem de o ser duvido que continuem mais tempo - , a Konami é só mais uma peça a juntar a outras que vão desistindo dos seus sucessos dos noventas, lista encabeçada por Sega e Capcom, hoje estreitas imagens do que foram.

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A Nintendo é dos "velhos jogadores" o único que parece ser capaz de reinventar os clássicos, assegurar uma linha de continuidade com inovação e qualidade e jogos originais com aquele gosto "retro". Por isso é que desejo muito do fundo do coração que a NX tenha todo o sucesso que o mundo deu à Wii e à NES. A indústria precisa de uma Nintendo em grande forma. A Platinum Games parece ter força para resistir (quando imagino Metal Gear Rising, Transformers Devastation, Bayonetta 2, entre outros). Porque fora do quadro de grandes orçamentos movimentados pelas gigantes editoras ocidentais, só o "Kickstarter" parece funcionar como uma espécie de último reduto das produções entretanto abandonadas, e das quais os fãs de Castlevania ainda podem esperar algumas garantias de sucesso no projecto de Koji Igarashi, um dos veteranos produtores da série, que tem previsto para 2018 o jogo Bloodstained: Ritual of the Night. Os 30 anos de Castlevania lembram-nos sobretudo o fim de uma série brilhante. Sobram as memórias doces. Já agora, qual o vosso Castlevania favorito? Partilhem aqui a experiência.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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