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Wallace & Gromit: Fright of the Bumblebees

Uma apreciável fatia de queijo!

Depois das duas temporadas bem sucedidas de Sam & Max e com a reedição de Monkey Island na forja dificilmente poderia escapar à Telltale Games, com similar fórmula, a adaptação a videojogo da série de animação britânica Wallace & Gromit, conhecida pelo humor e feição distinta das personagens centrais da série moldadas a plasticina. Valendo-se ainda de actores da Aardman e outros colaboradores, cujo contributo foi decisivo para a preservação do estilo animado, a Telltale Games preocupou-se também em manter os predicados que fazem daquele duo um ícone da cultura moderna britânica com a estrutura de “point’n click” reminiscente de Strong Bad.

Wallace & Gromit’s Grand Adventures é constituído por quatro episódios, cada qual com o seu próprio argumento, sendo que neste primeiro episódio para o XBLA – Fright of the Bumblebees - o que se segue é uma aventura que faz o pleno da ligação entre Wallace, o inventor esquecido e abstraído, constantemente envolvido em tramas e problemas causados pelas suas engenhocas, e o Gromit, canino fiel escudeiro, quiçá mais inteligente, terra a terra e quase sempre incumbido de resgatar Wallace das situações mais apertadas. Tal como na série animada televisiva Gromit não fala. Actua primordialmente através de gestos, acenos e expressões. Sente-se, porém, a falta do actor Peter Sallis, o octogenário que dá voz a Wallace. Com a idade já avançada acabou por ficar à margem do trabalho requisitado para outras construções que façam uso da sua voz. No entanto o substituto fez um óptimo trabalho e em pouco tempo nem se dará pela diferença.

A transposição das personagens animadas para videojogo fez-se com rigor. O apelo e essência da série, em termos visuais, fica patente assim que Wallace dá a conhecer ao jogador mais uma invenção, o ecrã que permite movimentar os protagonistas e interagir com os objectos espalhados pelo cenário. Numa mesa da sala de jantar Gromit joga uma partida de xadrez contra um aparelho que, aparentemente, terá destruído um bispo. O movimento dos olhos do canino, para exprimir sensações de vária índole é fundamental. Com Wallace sucede o mesmo, nos movimentos e, no seu caso, na linguagem, tipicamente ajustada à expressão britânica. Sem Peter Sallis, mesmo assim, o trabalho de voz é notável.

Deixa cá ver o correio: contas, contas e mais contas...

O primeiro segmento do jogo é constituído por uma série de puzzles simples e curtos adequados para ilustrar o funcionamento do jogo ao mesmo tempo que se faz uma breve súmula do contexto temporal e pessoal das personagens. Wallace acordou cedo e para tomar o pequeno almoço solicita a Gromit um par de torradas, mel e um ovo frito. Destas instruções para a frente Gromit terá de progredir pelo interior da casa, apesar de nesta fase do jogo muitas secções da mesma estarem fechadas. A movimentação do canino e exploração fazem-se com simplicidade. O analógico esquerdo movimenta a personagem e o analógico direito percorre os objectos passíveis de interacção. Gromit pode utilizar determinados objectos e apossar-se de alguns deles para fazer combinações com outros ou com outras personagens, resultando dessa conciliação a solução para muitos dos problemas.

O início do jogo é engenhoso, os puzzles e problemas obrigam o jogador a percorrer os objectos existentes e perceber as utilidades de cada um, enquanto que Wallace, ainda com o pequeno almoço totalmente por digerir fica a saber que terá de produzir uma enormidade de galões de mel até ao fim do dia para abastecer um produtor do centro da cidade. Está dado o mote principal para a aventura. Na arrecadação Wallace dispõe de uma máquina de fabrico de mel, mas não abundam as abelhas e sobretudo as flores indispensáveis para tanto mel. Em pouco tempo o jogador terá de percorrer diferentes cenários e interagir com vizinhos e donos de estabelecimentos que providenciam objectos, ingredientes, alimentos e outras utilidades indispensáveis para se ultrapassar os quebra-cabeças.

Ah, finalmente a vizinha Felicity está salva das abelhas gigantes.

A estrutura dos actos é tudo menos linear. A campanha principal é constituída por quatro actos, mas depois da restrita secção limitada ao pequeno almoço o jogador terá de percorrer áreas maiores e pensar muito mais na forma de resolver os vários enigmas. Em vez de uma lista de objectivos consecutivos a cumprir, pode bem acontecer que o jogador adquira um pedaço de queijo para alimentar o robot controlado remotamente no final do acto para escapar da cadeia, ou seja, descubra uma parte do puzzle, mas passe a maior parte do tempo a tentar descobrir uma forma de ludibriar o polícia. Alguns puzzles completam-se com atenção e observação atenta dos elementos passíveis de interacção, mas ainda que sobrem dificuldades, com insistência, as personagens deixam algumas dicas.

Durante o jogo o controlo reparte-se entre Wallace e Gromit. Ainda que sejam personagens distintas a forma como utilizam os objectos, travam diálogo e resolvem os quebra-cabeças é similar. O acesso para os diferentes cenários do jogo, sem grande dimensão, pode ser alcançado mais facilmente a partir de um mapa, essencial para deslocar imediatamente a personagem até uma zona específica. Em determinadas situações o controlo das personagens padece de algumas inconsistências, mas a animação “in game” é estável e fora dos momentos de exploração a aproximação ao registo da série televisiva fica protegida. Infelizmente este episódio das abelhas gigantes pode ser concluído em poucas horas. Não é um jogo difícil, mas também exige bastante atenção e ponderação para a resolução plena dos desafios. O sentido de humor e expressão conhecidas na série estão lá. Para os fãs da série televisiva fica a certeza que não é a aventura mais sofisticada, mas o mundo de Wallace & Gromit está bem reproduzido pelo que vão encontrar uma aventura adorável e apelativa.

7 / 10

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