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Punch-Out!!

Little Mac de novo ao comando.

É uma sensação completamente arrebatadora a que se tem ao olhar para este Remake de Punch-Out!! tantos anos após o furor que o original fez pelas máquinas de Arcada e, seguidamente, em sistemas de entretenimento caseiros, como é exemplo a versão lançada na NES e sua sequela directa editada mais tarde na SNES. Contas feitas, ficamos 15 anos sem ouvir falar de Punch-Out!!, sendo que talvez apenas os puristas da geração de 80 mantiveram desde então contacto com este eterno clássico.

É claro que estes Remakes ou, noutros casos, sequelas, são uma enorme faca de dois gumes, pois se por um lado almejam um objectivo tão glorioso quanto grandioso, por outro, correm muitas vezes o risco de falhar, demonstrando grande falta de acuidade ou até de conhecimento perante o franchise a que se comprometem. Punch-Out!! teve a sorte de ficar entregue a uma companhia competente, ou, pelo menos, informada, a Next Level Games. Sem revolucionar ou remodelar em demasia, todo o espírito e idealismo envolto foi captado, criando um jogo que tem tanto de fresco como de familiar.

Tem cara de sapo. Dêem-lhe um beijo e transforma-se num príncipe... balofo.

Na verdade esta versão Wii segue à risca todo o funcionamento dos anteriores, desde a jogabilidade, som, grafismo e todo um bom humor característico à série. Little Mac está de volta e o seu treinador também, Doc Louis. Se há uma coisa que devo destacar, à parte do seu carácter naturalmente nostálgico, é a abordagem descontraída e divertida com que Punch-Out!! consegue cativar tanto os novatos como os veteranos. É com uma surpreendente facilidade que me conseguiu fazer esboçar uma série de sorrisos que se tornam inevitáveis perante uma grande maioria de animações. É como se fosse um novo brinquedo e uma nova experiência que irão descobrir aos poucos.

A jogabilidade é simples. Punch-Out!! está longe de almejar tornar-se um simulador de boxe e, nesse sentido, estes 15 anos parecem não ter mudado nada. Existem uma série de movimentos básicos ao dispor do jogador. Entre eles estão os movimentos de ataque que envolvem esmurraçar o adversário no estômago ou na bochecha, e os movimentos de defesa, em que podem desviar-se à direita, esquerda ou para trás. Tudo o resto é conversa. Punch-Out!! baseia-se num esquema que sempre lhe foi familiar, beneficiando a paciência e penalizando a falta de sensibilidade. A cada novo inimigo que vos aparece deverão descobrir os seus pontos fracos, bem como a melhor forma de lhes atacar. Eventualmente este esquema irá basear-se um pouco à base do Trial and Error e a frustração tornar-se-á inimiga da paciência.

Não é ao acaso que lhe chamam Little Mac.

Mas se em muitos jogos (nomeadamente dentro deste género) a frustração é proveniente de falhas relacionadas com erros de programação no jogo e afins, em Punch-Out!! esta é uma frustração amiga da velha máxima “quanto mais me bates mais eu gosto de ti”. As falhas acabam por ser nossas, muitas vezes provocadas por não avaliarmos correctamente o tempo de defesa ou a velocidade do ataque do adversário. Com isto facilmente se apegarão ao jogo, e acabá-lo poderá ser uma questão de apanhá-lo de empreitada. Existem um total de 13 adversários já bem conhecidos do público, espalhados por um total de 3 circuitos – Minor, Major e World Cicuit – contando ainda com caras conhecidas tais como Glass Joe ou Von Kaiser. O objectivo é completar todos estes circuitos e tornarem-se o derradeiro campeão, algo que poderão fazer em sensivelmente 3 horas, ou talvez menos.

Algo que de certa forma me desiludiu foi a falta de alguns novos modos de jogo dedicados. Uma vez que se tornem campeões poderão refazer todo o percurso através do modo Tittle Defense, no qual defrontarão novamente os mesmos inimigos, mas com algumas técnicas e aspectos diferentes. Fora isso apenas se poderão contentar com o modo de combate a dois e o combate livre contra os adversários do costume. No combate livre podem até tentar bater cerca de 3 objectivos Hardcore para cada lutador de forma a desbloquear as suas músicas, mas talvez não fosse pedir muito por um modo Online dedicado. Punch-Out pode ser jogado da forma clássica, pegando apenas no Wimmote, ou utilizando o sensor de movimentos. A aprendizagem desta segunda técnica poderá servir para prolongar a longevidade do jogo.

Ao longo dos combates uns galos na cabeça e olhos roxos serão coisa de costume.

Cada adversário tem um estilo de luta, uma história e sotaques característicos, tornando-se assim únicos à sua maneira. Cada qual com as suas piadas, todos juntos tornam-se a nata de Punch-Out. Os diálogos, gestos ou animações proporcionam um bom humor único e tão familiar à série. Tudo graças ao bom trabalho efectuado pela Next Level Games, que conseguiu até mesmo fazer com que o novo lutador (Disco Kid) pareça estar neste plantel desde sempre, tal é o seu enquadramento para com o resto do grupo. As animações são, tal como referi, o ponto alto deste clássico, mas também não podemos retirar o devido mérito ao grafismo e sonoplastia. Todo o cenário vivo e colorido dá uma magia única ao jogo, colocando de parte o acinzentado característico a outros do género. Todos os efeitos sonoros caiem que nem uma luva no meio da acção, contando ainda com músicas do clássico original adaptadas aos tempos modernos e dando agora outra vida às personagens através de falas únicas e hilariantes. É aquilo que poderá ser para muitos um sonho tornado realidade.

Análises não serão necessárias para que os fãs do original se decidam. Os diálogos e aspecto renovados deste plantel de personagens que ganha agora outra vida poderá ser o bastante para valer o investimento. Punch-Out!! é um jogo acessível e que recebe facilmente o jogador, preparando-o progressivamente para confrontos cada vez mais exigentes. Ainda assim há que ter em atenção algumas ressalvas como a jogabilidade altamente característica que poderá não agradar àqueles que procuram outro tipo de jogo. Em Punch-Out!! nem sempre atacam quando querem, mas sim quando podem. Um modo Online teria sido bem-vindo.

8 / 10

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Punch Out!!

Nintendo Wii

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Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.

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