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Noby Noby Boy

Posso ser uma minhoca?

Enquanto todos os BOYS da Terra se entrelaçam e emaranham por ente mil e um objectos, lá bem alto no espaço a GIRL vai crescendo com o objectivo peculiar de juntar todas as populações extra-terrestres. De grão em grão enche a galinha o papo, assim se diz. E é precisamente com este objectivo que os BOYS de todo o mundo se unem para diariamente trabalhar na unificação do sistema solar. Pequenas metas que podem resultar em grandes conquistas! A GIRL já chegou à lua e com isso a minha noção de trabalho em comunidade sofreu uma reviravolta tremenda. Porque não será esta uma forma de eleição na busca por objectivos comuns dentro dos videojogos? Hoje foi a Lua. Outro dia Marte, quem sabe.

Objectivo singelo este. Noby Noby Boy é um jogo que se quer afastar dessa própria identidade, perdendo assim muitos dos elementos característicos àquilo a que usualmente apelidamos de “jogo”. Não existem missões, objectivos ou qualquer finalidade aparente para além da contribuição para o crescimento de GIRL, que se dá de uma forma progressiva ao logo de toda a experiência de jogo. Mas a GIRL não cresce apenas com base no trabalho individual de cada jogador, cresce sim de acordo com o contributo geral por parte de jogadores espalhados por todo o mundo. É um jogo cooperativo a tempo inteiro, no verdadeiro sentido da palavra. Mas já lá vamos.

Aparentemente, Noby Noby Boy é um jogo apenas sobre esticar, comer e crescer, mas essencialmente esticar. O jogador controla as duas facções do corpo de BOY – a cabeça e o rabo. Desta forma poderão escolher entre comandar a cabeça, serem arrastados pelo vosso próprio rabo ou - porque não – dar autonomia a cada uma das partes (temática engraçada esta). É a partir de aqui que BOY começa a crescer e, quanto mais o esticarem, mais ele crescerá. Ao mesmo tempo podem escolher entre dar uma boleia aos diversos intervenientes dos cenários ou, caso sejam mais radicais, come-los a todos. Ao comer os habitantes o BOY ficará mais gordo e poderá comer coisas ainda maiores. Rapidamente começam a comer casas, árvores ou até – aspirando um pouco mais alto – helicópteros e satélites (sim, o BOY sabe voar). Com isto, e dependendo também do seu tamanho, o BOY irá percorrer longas distâncias pelo cenário, e é precisamente aqui que o jogo se torna engraçado.

Cá está um bom exemplo daquilo que é o BOY entrelaçado numa espécie de árvore. É uma árvore?

Todas as distâncias que percorrerem serão seguidas por um “conta-metros” que vos informa sobre os vossos progressos. Sempre que assim o entenderem poderão reportar as distâncias percorridas à GIRL e, com isto, ela irá crescer no espaço uma distância equivalente. Em pequena escala esta temática não surte em efeitos, mas com todos os jogadores a contribuir para o crescimento de GIRL, esta irá rapidamente atingir longas distâncias. Por esta altura a GIRL já chegou à lua, caminhando agora rapidamente em direcção a Marte. Ao atingir novos planetas, os jogadores de todo o mundo poderão caminhar em direcção aos mesmos, descobrindo assim novos cenários com novas temáticas.

Este é, digamos assim, o único pequeno grande objectivo em Noby Noby Boy. Keita Takahashi, o homem por detrás da obra, desde logo esclareceu que não estaria nos seus planos criar um jogo como os outros, e realmente é isso que nos chegou às mãos. A relação entre o proveito que poderão retirar desta experiência irá depender em muito do gosto pela temática. Brincar num recreio interactivo é algo que não está ao alcance de qualquer um, e em Noby Boy pouco poderão fazer para além disso. A falta de objectivos perante a impavidez dos cenários poderá deixar muitos a perguntar o que realmente estarão ali a fazer. É ingrato, mas penso que a inclusão de objectivos minimalistas teria surtido numa experiência bem mais benéfica, pois o único objectivo aqui presente é muitas vezes destoado. O verdadeiro clímax desta experiência é o ponto em que se assiste à chegada da GIRL a novos planetas, dando uma sensação de verdadeira compensação e aí tudo parece valer o esforço. A sensação de que o objectivo comum a toda uma comunidade foi conseguido parece dar outro sentido a toda a ideia.

A GIRL guia toda a comunidade da PSN até novos planetas. Todos juntos vão ajudar a GIRL a crescer mais e mais.

Como um todo, esta experiência parece ganhar mais em diversão do que propriamente em relaxamento. É divertido testar o comportamento dos diversos elementos intervenientes, bem como enrolar o BOY em árvores, casas ou plataformas giratórias e ainda aplicar forças ao seu corpo minucioso. Os cenários ganham essencialmente pelo colorido que transparecem e pela variedade de elementos que poderão neles encontrar. Desde sapos, camelos, carros ou ainda humanóides das mais esquisitas raças, tudo é altamente surrealista e isso confere ao jogo um toque único. Uma experiência que pode até ser recomendada aos mais novos devido à simplicidade de acções, onde só mesmo a câmara controlada pelos sensores de movimento impede por vezes um total proveito desta experiência onde reinam ocasionalmente algumas falhas abruptas no seguimento da personagem ou na sincronização com o cenário.

Inicialmente Noby Noby Boy poderá rondar entre o aborrecido e o frustrante, mas uma vez que se adaptem aos controles estarão reunidas as condições para aproveitarem o conceito no seu pleno. Como um recreio que é, não esperem missões ou outro tipo de adereços para além da pequena lista de troféus que pode ser tida como um grupo minimalista de objectivos. Aqui, a verdadeira experiência está escondida por detrás do grande objectivo comum de Noby Noby Boy que é o trabalho em equipa. E lembrem-se, dificilmente poderão ver uma girafa no espaço ou obrar uma estrela em qualquer outro jogo.

8 / 10

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