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Fallout 3

Vault 101. 2277. Numa Washington DC calcinada pela guerra nuclear.

Cada bala disparada e impacto causado são registados como se de película de cinema se tratasse. Há uma sequência sangrenta e visceral, em câmara lenta, cada vez que uma cabeça é aberta pelo tiro certeiro e se separa do resto do corpo. Na secção dos objectos elencados no Pip-boy é possível coleccionar um considerável arsenal, conjugado mais à frente pelas armas construídas a partir de recursos. Como em Oblivion a interacção com os objectos espalhados pelo cenário chega ao ponto de facilitar a obtenção de equipamentos, roupas, armas, munições podendo ser assacadas aos inimigos ou roubadas nos mercados. De algum modo, este sistema de progressão da personagem não é propriamente inovador. Ainda assim é um modo de progressão altamente compatível com o género de role play e com um esquema de escolhas apelativo.

Por outro lado o transporte imediato de um ponto para outra zona conhecida elimina a tendência de “back-tracking”, mas conserva limitações; a presença de inimigos na redondeza veda de imediato esse bónus indispensável. A experiência de Fallout 3 nunca poderia ser a mesma sem as notas distintivas por onde radica a banda sonora, praticamente baseada em temas de jazz urbano dos anos cinquenta. Afinal e como referimos atrás, não há uma correspondência do progresso tecnológico em Fallout 3 com a nossa ordem cronológica.

Abranda-se a passada ao sinal de stop para observar que pouco do que era antes ficou com o mínimo de utilidade. Um triciclo.

O contexto temporal futurista do ano 2277 corresponde à nossa década de 50, quando após a segunda guerra mundial as duas potências (Rússia e EUA) iniciaram a corrida ao armamento nuclear, na fase definida como guerra-fria. Por isso quando sintonizamos algumas redes de rádio resistentes em Washington e escutámos temas conhecidos “I don’t want to set the world on fire” dos The Ink Spots, “Way back Home” do Bob Crosby, “Butcher Pete” (Parte 1) de Roy Brown, entre outras compostas propositadamente para o jogo como o título inicial, completa-se com brilhantismo a atmosfera. Naquelas sonoridades postas no ar com o substrato de som típico de uma grafonola, paira uma sensação de vida e movimento, num desejo de inverter o rumo impiedoso da ruína e destruição.

No final Fallout 3 é daqueles raros jogos que merece ser explorado até ao último pedaço. Quando se avança e progride de nível mais o jogo oferece em variedade e possibilidades reformuladas de interacção, sem olvidar os momentos de reviravolta e total surpresa. A exploração livre estende-se pelo tempo que aceitamos disponibilizar para descobrir cada cêntimo da história. E aqui não há como causar magreza, pelo contrário. Um contexto apocalíptico credível de um imaginário futurista, nunca mereceu um desenvolvimento tão vasto e denso como até aqui. Falta à Bethesda reclamar a autoria e os detalhes caracterizadores do universo Fallout. Muitos dos princípios basilares de Fallout 3 são quinhão da Black Isle Studios. Apesar disso é indiscutível que a Bethesda soube ter nas mãos e cuidar com o devido respeito o nome Fallout. Mais que saber reinventar um jogo e assegurar uma evolução desejável, é sobretudo na base e composição de um mundo voltado ao avesso pela rudeza da guerra e onde os sobreviventes lutam pela vida no centro da destruição, que se logrou o maior passo.

9 / 10

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In this article

Fallout 3

PS3, Xbox 360, PC

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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