Skip to main content
Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Call of Duty: World at War

Depois de Okinawa e Berlim, regressamos a casa.

Do lado da campanha americana, no Japão, há efeitos visuais verdadeiramente arrebatadores. Para quem já teve oportunidade de experimentar a versão beta multiplayer certamente terá retido o cenário junto ao mar, constituído por pequenas palhotas e sob a luz do luar limpo, tornando mais difícil a percepção do inimigo, naquele aspecto onde o realismo do cenário dificulta as operações. No meio da escuridão, subitamente estala uma claridade artificial, detonada, tão forte, quase de xénon, num contraste ímpar. O combate em Okinawa deixou os americanos desgastados, à beira do limite físico e psicológico perante a organização e eficácia da resposta dos japoneses muito por culpa dos declives montanhosos, onde se agrupavam para lançar contra golpes surpresa. Numa das missões há que avançar por uma colina, tendo a adversidade da chuva, insistindo bátegas sobre os capacetes, numa predominância de cinzento e verde da vegetação, confundindo-se com a camuflagem rasteira das tropas do Imperador Hiroíto.

Uma das grandes alterações em World at War é a experiência em modo cooperativo, alargada até quatro jogadores em rede (ou dois através de ecrã repartido), que é ao mesmo tempo uma novidade dentro da série. Porém, ao contrário do que seria de esperar, os jogadores não vão disputar a campanha tal qual ela é desenvolvida no modo singular, desde a primeira até à última missão. Selecciona-se uma das disponíveis e uma vez concluída regressam ao ponto de encontro, podendo escolher outra missão para disputar em conjugação de esforços. Neste caso não terá lugar a pequena narração que habitualmente antecede o arranque dos níveis. Na prática os jogadores podem optar pelo modo cooperativo normal, num processo de normal entreajuda, sendo admissível recuperar os colegas entretanto abatidos.

Em alternativa e para apurar quem dos quatro é o verdadeiro artilheiro, o modo “co-op” competitivo - gosto de chamar-lhe arcade - funciona como um sistema de “ranking” em tempo real, sendo atribuídos pontos pelos adversários alvejados, multiplicando-se a pontuação pelo tempo que o jogador permanecer imune às investidas adversárias. Numa base de comparação que é praticamente inevitável com Modern Warfare, certo é que esse capítulo da série estabeleceu uma referência nos combates para múltiplos jogadores através de um sistema de progressão baseado nos pontos de experiência que permitem, a dada altura, desbloquear conjuntos de perks, isto é, combinações distintas de armamento que atribuem diferentes funções ao jogador.

O soldado Miller escapou por pouco a uma execução mais que certa.

Pois bem, toda a estrutura está de volta, apesar de se esperar que no espaço entre os dois jogos fossem incluídas algumas alterações relevantes. A Treyarch optou no entanto por manter o mesmo esquema de acumulação de pontos de experiência obtidos em função da prestação nos vários mapas. Na subida de ranking serão desbloqueadas novas armas e acessórios que as habilitam para melhor desempenho e aqui entra o sistema de “perks”, as habilidades especiais que podem ser gravadas até um máximo de quatro soluções, alteráveis cada vez que se parte para um novo jogo. As combinações são imensas e oferecem um desafio ajustado ao valor dos adversários.

A utilização dos tanques em alguns mapas é um dado interessante, apesar da sua utilização ficar restrita a poucos mapas. Mesmo que sejam máquinas apelativas pela eficácia na destruição são vulneráveis mercê a elevada exposição. Porém, ajudam e de que maneira ao calor da batalha. Com sentimentos mistos está a inclusão do ataque com cães danados, rápidos a atacar e em corrida ziguezagueante. Os restantes modos de jogo como Team deathmatch e captura da bandeira estão de volta, sempre com ajuste na dificuldade.

World at War é uma boa máquina de guerra que justifica uma volta. Apesar do inevitável paralelismo com Modern Warfare, que não o desvia o suficiente de uma execução semelhante, e mesmo com umas falhas menores, a verdade é que mantém-se como um título sólido, convincente e com muitos pontos de apelo. O sistema de combate, preciso e de simples adaptação permanece íntegro, assim como toda a estrutura multiplayer, quase uma marca da série. Mas é no recuperar da segunda guerra, com uma atmosfera mais explosiva e empolgante, que este novo capítulo revela com segurança, quando se assalta o último castelo imperial Okinawa e se hasteia a bandeira do exército soviético no cimo do Reichtag, que aquela foi a guerra mais pungente da história da Humanidade.

8 / 10

Read this next