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Bionic Commando

Balanços de frustração por entre diversão.

Em algumas ocasiões a resposta do gancho não é precisa ou mesmo correcta e perdemos grande parte do tempo em manobras de cálculo para o balançar e mesmo o que poderia ser algo tão simples como mudar de trajectória torna-se numa aventura por si só face a uma rigidez de movimentos em certas ocasiões inexplicáveis. Pior fica a experiência quando se assume tão flutuante quanto esta, pois se em certas sequências o enorme hábito necessário para nos começarmos a familiarizar com o esquema de controlo começa a mostrar os seus efeitos, começamos a ultrapassar alguma da frustração e algumas secções são conquistadas a bom ritmo, tão depressa estamos divertidos como rapidamente estamos a cair na frustração de não conseguirmos passar um determinado segmento. Após várias tentativas sem sucesso, inevitavelmente a frustração começa a aparecer.

É outro dos grandes inimigos de Bionic Commando, o entusiasmo. Se em certos momentos começamos a dominar o jogo, quanto maior é o entusiasmo com que nos deixamos levar maior é frustração consequente da incapacidade de ultrapassar certas secções ou desafios de um jogo que por várias vezes tem “picos” na dificuldade. Para um jogo que já de si tem uma dificuldade acima da média, tornando-o pouco atractivo para os que não gostam ou de investir muito tempo ou esforço, Bionic Commando ainda nos confronta com algumas situações onde apenas podemos prevalecer tentando explorar falhas na jogabilidade e não pelo seguimento de eventos desejados.

No entanto, estas subidas abruptas e inexplicáveis na dificuldade estão intimamente ligadas, na sua maioria, às secções de combate que também elas partilham elementos base com Lost Planet. Desde a forma como Spencer se move até ao sistema de mira usado, tudo lembra esse jogo da Capcom e apesar de ser possível passar para uma vista sobre o ombro e mais aproximada da acção, basta simplesmente colocar a mira sempre visível onde está o inimigo que esta ao ficar vermelha está-nos a dar sinal que podemos disparar. Apesar dos inimigos terem cerca de 4 variações e existirem alguns inimigos robôticos mais poderosos que necessitam de ataques em pontos específicos para serem vencidos, os combates resultam monótonos e repetitivos a médio prazo devido a outro dos problemas principais do jogo. Em Bionic Commando não temos a sensação de um jogo fluído e ligado entre si mais parecendo que estamos a enfrentar uma série de challenge rooms encadeadas. Ora entramos numa área onde temos que chegar a determinado ponto e a resistência é mínima, ora temos que entrar numa área onde pouco exploração existe e temos apenas que eliminar os inimigos para progredir. Esta aparente distinção e separação destes elementos, que consegue ser mais bem disfarçada em algumas áreas do que noutras, resulta num jogo que por vezes perde facilmente a sua personalidade e o ritmo de jogo sofre com isso.

Spencer vai ter que enfrentar alguns inimigos mais poderosos. Alguns deles tem como nome frustração e são perigosos.

Apesar disto os combates conseguem apresentar diversão e deixam transpor boas ideais mas a sensação de que tudo poderia ser ainda melhor e ainda mais fluído mantém-se. O braço biónico é o óbvio destaque e podem-no usar para vencer os inimigos cujos padrões de ataque são sempre os mesmos e passado algum tempo deixam de apresentar desafio. Apenas a quantidade de inimigos que surgem ao mesmo tempo pode representar desafio a longo prazo pois passado algum tempo tudo parece repetir-se. Para tentar manter algum equilíbrio o jogo mantém apertado o número de munições e dá-nos armas específicas nos momentos em que acha que nos vão servir e a sua gestão pode tornar-se importante mas apenas caso queiram evitar maiores frustrações frente à espécie de mini-bosses que surgem, em demasia diga-se. Ao longo da aventura temos apenas cerca de quatro bosses que conseguem ser minimamente divertidos e nos deixam a pensar porque não existem mais.

Tecnicamente Bionic Commando é um jogo com uma qualidade bem agradável e o motor desenvolvido pela própria Grin tem a capacidade para surpreender a largos espaços. As cores e os efeitos de iluminação, assim como uso dinâmico das sombras, são elementos que conseguem oferecer a alguns cenários e algumas sequências a capacidade para nos conquistar. Em contraste temos algumas secções com baixo detalhe e pouco interessantes mas no seu geral o resultado é atractivo. Mesmo com algumas secções enormes e largas, os caminhos são na sua maior parte altamente lineares e os momentos mais fracos são mesmo quando entramos em prédios. O elevado nível de detalhe em Spencer é também ele um dos factores mais bem conseguidos a nível visual e todo o jogo enverga um aspecto muito “limpo”. Quanto ao departamento sonoro temos vozes que nada mais fazem do que cumprir a sua função com o mínimo dos requisitos e sem qualquer brio dão vida às personagens que desenrolam esta trama de pouco interesse. Mesmo com alguns nomes bem conhecidos a prestar o seu contributo, como Mike Patton dos Faith No More, o resultado nunca consegue surpreender. Já as músicas prometem ser uma delícia para os nostálgicos e bem ao estilo do que podem ter ouvido em Rearmed, caso tenham tido o prazer de o jogar. Em algumas fases os temas arrancam de nós uma verdadeira sensação de nostalgia e conseguem agarrar para Bonic Commando uma essência e personalidade distinta, pena que sejam raros momentos.

Ao longo da aventura, que no modo normal pode durar entre 8 a 10 horas, os fãs vão ter uma experiência de altos e baixos e se não tiverem qualquer paciência ou motivos para a repetir podem então entrar no mundo online de Bionic Commando. Se procurar nos níveis pelos itens coleccionáveis não é atractivo para vocês, então está na hora de usarem o braço biónico contra outros jogadores. Tal como seria de esperar, o modo online é o trazer de vários modos de jogos já bem conhecidos, como todos contra todos ou captura a bandeira, ao encontro de uma jogabilidade patrocinada pelo braço biónico e pelo seu uso para andar pelos cenários. É uma boa alternativa e uma boa forma de prolongar a longevidade servindo mais como um interessante complemento do que como um forte ponto de interesse.

Tal como no modo para um jogador, também nos modos online o braço biónico se torna o centro das atenções.

Várias vezes durante o decorrer da aventura de Spencer, Alone in the Dark veio-me à memória pois tal como o jogo da Atari, também Bionic Commando consegue ser do mais ingrato possível, tanto para si mesmo como para o jogador. Elementos na jogabilidade e no design fazem com que o jogo não seja agradável o suficiente para manter o jogador entusiasmado e tão depressa estamos a pensar como tudo é divertido como estamos a perguntar porque raios ainda estamos a jogar uma “porcaria” como esta. A inconsistência no jogo torna o papel do jogador ingrato pois sem ser um jogo mau, temos quase que nos forçar a continuar a jogar enquanto este vai quase como que nos pedindo para gostar dele.

Bionic Commando é um jogo que nos deixa completamente à toa pois não conseguimos decidir o que teve mais impacto sobre nós, se aquilo que gostamos ou se aquilo de que não gostamos. O que sabemos é que poderia ter sido mais e a incapacidade para ostentar a firmeza para sem dúvidas conquistar o jogador resulta de um conjunto de factores que afastam o jogo de uma qualidade superior e levam-no para longe do recomendável. No entanto muitos vão-se debater com a vontade de continuar a jogar e mesmo por entre todos os problemas não vão conseguir deixar de gostar, mas vai depender de cada um.

7 / 10

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In this article

Bionic Commando

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Bruno Galvão avatar

Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.
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