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Astro Boy

Robô mecanizado e enferrujado.

Astro Boy é um nome que mete respeito a qualquer fã da animação e banda desenhada Japonesa que se preze. É praticamente a origem da animação Japonesa e nasceu de uma das mentes mais brilhantes e pioneiras que se pôde encontrar no ramo, Osamu Tezuka. Criada á mais de cinquenta anos atrás, Astro Boy é uma história de ficção científica na qual num mundo futurista, os humanos habitam ao lado de robôs. Desesperado pela angústia da perda do seu filho, o Doutor Tenma criou um poderoso robô exactamente à imagem do seu filho e tratou-o como se fosse o mesmo. Este é o argumento base de uma das mais poderosas histórias na animação Japonesa que se mostrou muito avançada para a altura e misturava diversos elementos que a ajudaram a consagrar-se, colocando temas e sentimentos mais fortes por debaixo de um aspecto aparentemente inocente e simplista.

Esta é a história do original, no qual o filme CGI lançado no ano passado em praticamente todo o mundo mas somente em 2010 na Europa se baseia. No entanto, algumas modificações foram feitas, tanto a nível de história como a nível de personagens, mas tudo dentro de um consenso estabelecido apenas para servir as necessidades que contar um história em noventa minutos obriga. Como não podia deixar de ser, o lançamento do filme foi a oportunidade ideal encontrada para o lançamento do respectivo jogo e eis que nos encontramos perante Astro Boy, o videojogo do filme desenvolvido pela High Voltage.

Astro rompe pelos céus de Metrópolis numa das duas vertentes da jogabilidade disponíveis.

As habilidades e o universo de Astro Boy em conjunto com as características únicas que a Wii pode proporcionar, faziam com que esta fosse uma experiência altamente promissora de antemão mas rapidamente encontramos um descalabro total e um jogo que a única coisa que tem em demasiada é a falta de qualidade. Astro Boy divide-se em duas fases distintas de jogabilidade e enquanto que ambas são muito bem utilizadas face ás características do personagem, nenhuma é feita com brio e o que poderia ser divertido fica-se apenas pelo monótono. O jogo começa com Astro a voar pelos céus de Metrópolis e temos uma vertente que nos faz lembrar os shooters na horizontal tão frequentes nas arcadas dos anos 80 e agora abundantes face ao revivalismo. Estão criados os moldes para uma jogabilidade divertida e no mínimo interessante, já que o público alvo ao qual o jogo se destina torna impossível um esquema frenético e feroz. No entanto, nem isso é conseguido e tudo é demasiado lento e mecanizado. Astro tem um único ataque, no qual lança raios pelas mãos, podendo depois recorrer a três especiais, dois de ataque e um de cura, mas tudo é demasiado aborrecido que somente os mais novos e raramente dados a videojogos vão conseguir gostar.

A outra vertente da jogabilidade: Astro Boy numa espécie de Street of Rage erradamente mecanizado.

Quando Astro chega ao seu objectivo, a jogabilidade assume contornos de jogo de acção e plataformas, mantendo um ligeiro espírito a lembrar o que se viu em casos como Streets of Rage mas a menção apenas é uma esperança do que poderíamos ter. Também nestas secções tudo é muito lento e mecanizado e a jogabilidade revela algumas incoerências e características incompreensíveis. Para um robô altamente poderoso e avançado, Astro é muito lento a atacar mas faz justiça à sua natureza ao ser estranhamente mecanizado nos movimentos e ataques. Além disso, tudo parece obedecer a certas regras estranhas nas quais uma certa frustração surge como resultado. Falhar por milímetros um soco pode ser um estranho passaporte para a derrota e quando tudo deveria ser rápido e fluído, parece que estamos a ser restringidos para manter um certo ritmo, estranho num jogo que tem 12 como idade mínima. Também aqui Astro tem três especiais, dois de ataque e um de cura, sendo necessário derrotar inimigos para voltar a encher a barra que permite usar estes ataques. O sistema de checkpoints evita maiores frustrações num jogo monótono e com poucos pontos de interesse. É um dos principais pontos do problema que a equipa não conseguiu fintar, o gerir da jogabilidade face ao público-alvo e com isso criou um resultado incompreensível e dificilmente recomendado seja a quem for.

Para acompanhar todo o descalabro que se vai apresentando, Astro Boy não é propriamente dos jogos mais bonitos que vamos encontrar na Wii. É minimamente competente nesse respeito e pouco faz para impressionar o jogador. Talvez a associação ao poderoso nome e ao filme tenham deixado a impressão que a equipa se podia descuidar pois nem sequer parece ter sido feito um esforço para tornar o jogo visualmente a par do que de bom se tem na consola. Aliás, no que diz respeito ao uso das características únicas da consola, também o jogo peca por limitado e o uso dos sensores de movimentos é um recurso utilizado com efeitos mínimos. Caso pretendam atenuar a experiência, existe a possibilidade de jogar em modo cooperativo local mas tal apenas é aconselhado aos que querem mesmo terminar o jogo e ao menos partilhar a frustração.

Certamente que podem encontrar bons exemplos dentro do género que vos vão trazer um mínimo de gosto e nem sequer o gosto pela série e pelo personagem são suficientes para aguentar uma experiência sem brio. Mesmo numa consola frequentemente dada a jogos de teor casual e imediatos Astro Boy consegue ser recomendado pois não oferece qualquer tipo de diversão.

Astro Boy quase que pretende validar todos os desnecessários estigmas frequentemente atribuídos à consola, falta de qualidade mínima e objectiva nos títulos e uma descarada falta de empenho promovido pelo facilitismo que o criar de jogos orientados para um público infantil pode proporcionar. Aborrecido e desinteressante, Astro Boy é um jogo a evitar.

4 / 10

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Astro Boy

PS2, Nintendo Wii, PSP, Nintendo DS

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Sobre o Autor
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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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