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Gunbird: uma das jóias da Psikyo na Switch

Retrogaming em formato portátil e económico.

Desde o seu lançamento em 3 de Março que a Nintendo Switch não pára de receber jogos dos mais variados formatos e plataformas no seu catálogo, que enche a olhos vistos a cada semana que passa. Muitos são títulos já lançados e outros mais antigos, muitos deles com destaque nas arcadas durante os anos noventa. O retrogaming e o mundo do coleccionismo não param de crescer. À medida que novas gerações de utilizadores conhecem as plataformas e as produções de outras gerações, mais entusiasmados ficam pelo design e jogabilidade que se praticava à época.

Neste domínio são particularmente notáveis os cartuchos Neo Geo, cujos preços dos jogos mais procurados actualmente atingem valores inimagináveis só há um punhado de anos. Mas, há uma forma de contornar esses obstáculos, para quem não quer jogar nas exactas condições da época sem ter que hipotecar a casa ou vender um rim. A linha de jogos Aca Neo Geo é uma via económica e muito eficaz, capaz de replicar a exacta experiência. Equivale isto a ter alguns dos melhores títulos arcade sem desembolsar somas astronómicas.

Contudo, mais editoras estão dispostas a renovar o seu catálogo na Switch. É o caso, por exemplo, da editora japonesa Zerodiv, titular de uma linha de produções arcade da experiente produtora em "shmups", a Psikyo. Este ano já lançaram Strikers 1945 e Gunbarich (uma boa proposta do género Arkanoid) e mais recentemente, Gunbird. Este notabilizou-se nas arcadas e ganhou relevo no formato Dreamcast, onde sedimentou a audiência graças ao apelativo design (estilo manga) e jogabilidade muito precisa. Além destes, a Zerodiv tem ainda previstos Sengoku Ace e Zero Gunner 2, o primeiro um "shmup" 2D baseado no Japão feudal (na Saturn o seu valor é muito elevado) e o segundo um "shmup 3D".

Os sete níveis são longos e proporcionam um desafio consistente.

Durante anos a Psycho brindou os jogadores com experiências memoráveis, portando muitos títulos para as consolas, conversões fiéis e sólidas que entusiasmaram ainda mais a audiência, desejosa por poder experimentar no conforto do lar alguns dos jogos exclusivos das arcadas. Gunbird faz parte desse naipe e há motivos para isso. Desde o seu colossal aspecto (capta bem o estilo manga), até aos sprites animados de forma gloriosa, um dos pontos mais fortes do jogo é a arte transformada em qualidade visual.

O jogador começa por escolher uma de cinco diferentes personagens, cada qual com um aspecto bem definido e pormenores divergentes das demais, o que torna o processo de selecção algo criterioso, não só pelo diferente rumo narrativo que proporcionam mas pelos poderes de fogo, com destaque para os disparos de carregamento. O objectivo passa por reunir os fragmentos de um espelho quebrado, de forma a garantir a satisfação de um desejo por parte do génio.

Ao todo existem sete bem conseguidos níveis, apresentando uma grande variedade de inimigos aéreos e "bosses", alguns duros de roer. Produzido em 1994, Gunbird é produto do lema da Psycho "produzir o melhor jogo naquele momento com a tecnologia existente". Mais de 23 anos depois, a qualidade ainda lá está, nos visuais sublimes, na jogabilidade precisa, mais clássica que inovadora, mas suficientemente desafiante. Os apontamentos artísticos são abundantes, não só nos desenhos das personagens mas nos efeitos visuais, segmentos animados e elementos que compõem o cenário.

Para lá do modo TATE (também disponível na TV, desde que a rodem), podem jogar com outro jogador, partilhando o Joy-Con.

Não sendo propriamente um "bullet hell", aproxima-se do subgénero. O jogador opera os disparos através de dois botões, um para o disparo rápido e outro para os disparos em carga (acumulação de energia), podendo utilizar um outro para largar a bomba e proceder a uma verdadeira limpeza no ecrã (ideal para os momentos finais, quando é quase impossível sobreviver por entre múltiplas vagas de disparos). Por comparação com outros títulos lançados no final da década de 90, especialmente os jogos da Cave, Gunbird é conservador ou mais tradicional.

Coleccionando itens libertados pelos inimigos é possível melhorar as armas e o equipamento da personagem, ganhando mais alguns ataques, o que alarga a área de cobertura de fogo. Porém, ao perderem uma vida, esgotam-se estes upgrades, o que significa que terão que voltar à estaca zero, perdendo todo um bom acumulado de pontos que levavam até então.

Para um jogo de 1994, a qualidade dos visuais é bastante boa, sendo um dos motivos de apontamento do bom trabalho da Psycho. A quantidade de detalhes é significativa ao mesmo tempo que muitas coisas acontecem no ecrã, tornando a acção por vezes caótica, embora não seja dos "shmups" mais difíceis de dominar ou dos mais punitivos. A aceleração do quadro na posição vertical impõe a escolha do modo TATE, uma opção possível na Switch em modo portátil, bastando rodar o ecrã em 90 graus.

Hirofumi Nakada, um dos produtores do jogo também contribuiu para a versão manga de Gunbird.

O quadro das opções é bastante generoso no que diz respeito aos filtros e apresentação do grafismo. Por defeito a imagem é nítida o suficiente para uma boa experiência, mas poderão adicionar alguns efeitos, nomeadamente o clássico CRT (como se estivessem a jogar num televisor) e as famosas "scanlines". Não tendo uma das bandas sonoras mais brilhantes, no género, ainda assim as melodias são suficientemente agradáveis, com destaque para os sons das personagens, que podendo a dada altura repetir-se, captam o estilo típico japonês das séries de animação.

Gunbird não é um jogo difícil. O grau de dificuldade pode ser ajustado inicialmente, até sete níveis, podendo optar por "continues" infinitos, embora isso retire algum desafio. O melhor é mesmo desfrutar desta bela obra na sua configuração arcade, testando o jogo exactamente como era à época. Em suma, esta é um muito valioso "shmup" que enriquecerá a vossa lista de clássicos sem terem que despender grandes fundos monetários, especialmente se são fãs do género e ainda não tiveram oportunidade de o jogar. Bem conseguido, com uma apresentação ao estilo manga muito forte, é um dos belos quadros da famosa Psikyo.

O artigo foi escrito com base num código de Gunbird para a Switch facultado pela Zerodiv

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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