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The Lego Ninjago Movie Video Game - Análise

Preparem as pipocas.

Uma aventura simples e satisfatória, sem grandes complexidades. Forte componente de acção e jogabilidade funcional.

Há um par de semanas comprei por dois euros e meio o Teenage Mutant Ninja Turtles, para a Xbox. Se não conhecem, digo-vos que este é um jogo de acção 3D, vulgarmente conhecido como "beat'em up", na linha do clássico arcade 2D das famosas tartarugas, embora inferior porque a Konami passou pelo mesmo problema com outras séries como Castlevania, que foi a passagem das duas para as três dimensões. Enquanto que a Capcom foi gloriosa e firme nessa transição, a Konami, mesmo com a sua vasta experiência nem sempre foi capaz de assegurar uma transição suave e desejada. Não sendo de facto um jogo tão bonito e desenvolto como a versão para as máquinas recreativas, prossegue na linha de tantos outros jogos que saíram nos anos noventa. É um género menos revisitado, em 2017, mas nem por isso deixa de encontrar eco e dimensão algo fulgurante noutras séries.

Nem por acaso, o novo jogo da série Lego, que acompanha de perto o mesmo filme estreado nas salas de cinema, retoma alguns elementos dos "beat'em ups", desta vez com foco nas personagens Ninja, as mesmas do filme, embelezando a experiência até um máximo de 4 jogadores em cooperativo nas arenas criadas para o efeito. Comecei a jogar Ninjago (fica o nome abreviado por um questão de facilidade) quando a Xbox 360 já arrefecia depois das tartarugas Ninja. Há uma enorme evolução no que respeita à produção. Hoje os jogos exibem autênticos quadros de elevado realismo que dantes eram impossíveis e a interactividade é muito mais profunda, mas muitos dos entraves e falhas que dantes aconteciam não foram debelados. Dos "loadings" demorados a quebras de "frame rate" quando a acção encontra mais objectos e movimentos no ecrã, são frequentes situações como estas que contaminam um pouco a experiência, arrastando a pedra incomodativa no sapato, o passageiro ao nosso lado numa viagem de avião que não aguenta muito tempo sossegado.

Como acontece com outros jogos da série Lego baseados nos filmes (os meus favoritos), também em Ninjago encontramos alguns solavancos num jogo de acção com puzzles e outros elementos, que em última instância podia mostrar um resultado ainda mais satisfatório não fossem algumas falhas e inconsistências, com destaque para a transição das cinematográficas para os momentos de "gameplay", por vezes com rupturas e alguns desfasamentos. Nada disso impede, porém, o acesso a um jogo que acaba por nos divertir com aquela acção estapafúrdia, eivada de bom humor e situações peculiares. Jogar a Ninjago é o equivalente a ir ver o Rambo ao cinema. Não vamos ver nenhum filme intelectual nem sair do cinema a recuperar de um elevado esforço de raciocínio e a conhecer coisas muito importantes. Saímos de lá satisfeitos porque nos entretemos um bocado e, em síntese, é isso que proporciona esta nova edição.

No decurso da aventura vão ganhar mais habilidades e controlar outras personagens.

De facto, não estamos perante um jogo singular, de características únicas ou muito diferente de qualquer outra edição, mas esta abordagem aos ninjas está minimamente bem conseguida, satisfatória e ao devolver grande parte da componente "beat'em up" de jogos de acção mais distantes, cumpre aquilo que esperava quando comecei a jogar. As missões e áreas (oito) seguem de perto o filme, pelo menos é isso que garantem os produtores, porque eu ainda não vi a película, apesar do jogo me deixar suficientemente incentivado para ir à sala de cinema (se ainda estiver).

Se tiveram oportunidade de ver o filme, já sabem com o que contar, uma aproximação aos eventos cinematográficos, mas a primeira coisa que vão cumprir é a passagem por um "tutorial" bastante exaustivo, no qual treinam a sério a personagem. O combate é simples e eficaz. Envolve combinações de dois botões e não mais do que isso, o que desde logo retira margem para algo mais complexo ou profundo. Mas sobretudo oferece a construção típica de um "beat'em up" já que grande parte do tempo é canalizado para o confronto directo com outras personagens lego rivais. Não há uma grande diversidade de golpes, o que infelizmente limita a experiência neste alcance e torna as coisas um pouco mais repetitivas. A realização é simples, com alguma dose de espectacularidade, especialmente quando podemos realizar combos, que é a forma mais eficiente de vencer os rivais devidamente escudados.

No entanto e quando comparado com outros jogos da série Lego, Ninjago oferece mais soluções e alguma diversidade na abordagem, nomeadamente nas situações de combate aéreo, graças a áreas maiores, com especial destaque para os confrontos que assumem uma composição próxima de um Panzer Dragoon. Mesmo nas secções puzzle e plataformas consegue apresentar-se mais dinâmico e apelativo, destacando-se as construções e processos de interacção que envolvem, por vezes com alteração da personagem. O ritmo do jogo é satisfatório e gratificante, desde que não estejam à espera de algo muito elaborado. Nisso o jogo consegue até deixar uma boa impressão, embora tenhamos que ter em conta que isto é o equivalente a uma "fast food" dos videojogos.

Secções de combate aéreo no género Panzer Dragoon.

À medida que recuperam peças e o pecúlio é alargado podem melhorar as habilidades e a escala dos poderes das vossas personagens. Este esquema reflecte-se, por exemplo, na quantidade de peças que uma personagem rival liberta, assim como no aumento da área alvo de um ataque, o que reforça as hipóteses de êxito caso mais inimigos se encontrem nas proximidades do alvo. Podem aumentar todos os poderes, mas levará algum tempo, ainda que para o final do jogo fiquem perto de atingir o pleno.

Não esperem uma grande história, ainda que possa entreter. Como não vi o filme andei um pouco perdido ao princípio tendo em conta a voragem dos acontecimentos. Adiante torna-se mais simples e entramos quase em piloto automático. De resto há uma constante dose de humor, numa série de situações e diálogos, bem como uma megalomania na construção das cidades, proporcionando ambientes verticais propícios para largos momentos de destruição, derrube de estruturas e imensas explosões. Essa é uma parte engraçada da experiência pois aquele efeito de construção através de peças lego está mais uma vez bem conseguido.

A "frame rate" acaba por sofrer um pouco com esta grande volumetria e presença de grandes estruturas móveis em simultâneo, sendo evidentes por vezes algumas quebras. A duração da campanha também não é muito grande e em pouco mais de cinco horas conseguem completar esta aventura. O grau de dificuldade não é muito elevado. Este é um jogo bastante acessível até para quem nunca jogou um título da série Lego. Finda a primeira hora, apesar da diversidade dos níveis e missões instalam-se processos e mecânicas que se repetem sobretudo ao nível do combate.

A campanha não é muito longa, mas encontram modos de jogo adicionais para 4 jogadores em modo cooperativo.

The Lego Ninjago não se afasta da estrutura dos jogos da série que estão ligados aos filmes, e por isso apresenta uma estrutura mais linear e previsível, ainda que com áreas maiores. É apesar de algumas falhas e dos "loadings" demorados uma experiência que não compromete o que visa proporcionar: divertimento rápido e imediato. Sem grandes inovações, apresenta uma história aceitável, mas é sobretudo no combate e nos puzzles que se mostra de forma mais convincente. Às vezes até sabe bem um jogo mais leve e descomprometido, sem grandes complexidades. Se o filme vos convenceu, o jogo poderá dar um óptimo complemento.

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