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FIFA 18 - Análise

É o bicho.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
FIFA 18 consolida vários elementos da jogabilidade e encontra na renovada caminhada de Alex Hunter e no modo FUT dois valiosos trunfos.

A série FIFA é uma das máquinas trituradoras da Electronic Arts. Uma proveitosa fonte de receitas e sempre um dos jogos mais vendidos em países onde o futebol é desporto rei. Desde que a gigante canadiana encontrou a combinação adequada para vender o seu produto dos relvados virtuais, todos os anos equaciona alterações e apontamentos que de algum modo melhoram o jogo anterior. O desafio anual mantém-se e ainda o ano passado, após uma entrada algo mais sinuosa na actual geração de consolas, a produtora embrenhou-se a fundo tirando partido do transversal motor gráfico, o Frostbite, acrescentando com ele A Caminhada (The Journey), um novo modo através do qual e na pele de um jovem talento chamado Alex Hunter, o jogador experimenta as sensações de um futebolista na "premier league", a divisão mais importante do futebol inglês.

Com o novo motor gráfico, FIFA recebeu um melhor tratamento e refinou muitas animações e movimentos dos atletas, visando uma experiência mais autêntica, em quase tudo capaz de rivalizar com uma transmissão televisiva. Segurando modos de jogo como o sempre apetecível Ultimate Team, FIFA continua a encontrar nas licenças uma riqueza incomensurável, promovendo ligas autênticas, com os estádios, os rostos e os craques do futebol. Este ano, o grande destaque vai para o astro português Cristiano Ronaldo, porventura um dos melhores futebolistas de sempre e um exemplo de esforço e dedicação nas metas a atingir, num clube como o Real Madrid, marcado por uma imprensa exigente capaz de manter o crivo da dúvida ao mínimo erro e falha dos jogadores.

A selecção do avançado do Real Madrid, como capa de FIFA 18 tem que ver, também, com a nova tecnologia de movimentos, um novo sistema de animação que transmite uma resposta mais rápida e genuína. Ver o atleta a bater um livre, efectuar um drible ou uma finta é agora mais exacto e próximo da realidade. O mesmo sucede com outros atletas de elevado rendimento, os mais cotados e conhecidos das principais ligas europeias, bem como os jogadores das selecções. Mas junto com este novo "boost" de animações, há um conjunto de melhorias, especialmente ao nível dos momentos dramáticos e dos estilos de jogo por que muitas equipas se notabilizaram.

Cristiano Ronaldo é um dos atletas de topo que recebeu um tratamento especial de captura de movimentos.

Resta saber se os incrementos contemplados nesta edição FIFA 18 chegam para elevar a experiência a um novo patamar, segurando uma trajectória ascendente desde a pretérita edição, marcada pela implementação do modo The Journey. Nesse particular, o destaque vai para a continuidade da história de Alex Hunter, um modo que permitiu um envolvimento e desenvolvimento da carreira de um futebolista. Desta vez assiste-se a uma expansão muito significativa da história, com mais ramificações e decisões. Das situações de balneário e drama familiar, o jovem jogador irá confrontar muitos dos actuais craques, podendo acrescentar um novo rumo à sua carreira. Para isso terá que superar mais desafios e alcançar outros objectivos.

Mas, antes de mais detalhes sobre a renovada Caminhada, importa salientar os primeiros momentos do jogo, reveladores da intensidade dramática do novo FIFA. Começamos por acompanhar uma partida entre Real Madrid e Atlético de Madrid, um vetusto derby no Santiago Bernabéu. Cristiano Ronaldo e seus colegas procuram impôr a força do Real, mas é o Atlético que se adianta. As cinematográficas estão bem conseguidas e capturam com sucesso a competição no relvado ao mais alto nível. Numa fase do jogo, atado a 1 bola para cada lado, Ronaldo é ceifado violentamente à entrada da área e chamado a cobrar um livre muito perigoso. Neste momento passamos para "in game", assumindo o controlo do avançado, para um remate a disparar quase da quina da área. A partir daí, a técnica e a precisão na marcação do livre fazem o resto, podendo ser mais uma bola para o fundo da rede.

Verifica-se também um incremento da atmosfera. A vibração do público nas bancadas é intensa, há um aumento de faixas e cartazes e até os hinos dos clubes são escutados de forma audível quando as equipas sobem ao relvado. Claro que isto só acontece com os clubes mais importantes, não esperem o mesmo tratamento para o Porto, Sporting ou Benfica, infelizmente. Estes elementos são um pouco laterais à experiência mas proporcionam uma sensação de autenticidade e de ligação aos respectivos clubes.

A atmosfera nos estádios é mais festiva e contagiante, com mais bandeiras, hinos e adereços exibidos pelo público.

Este peso na emoção e carga dramática é ainda mais notório no caso da Premiership, com toda a vibração patente nas bancadas, e ilustrada sob a forma de um apoio quase desmesurado e implacável. Os treinadores voltam a entrar no ângulo das câmaras, sendo que há mais clubes com este tratamento, em especial da liga espanhola e francesa, agora que Neymar é uma das figuras em destaque no PSG. No fundo, muito deste trabalho resume-se a uma aproximação da transmissão desportiva. Os efeitos de luz estão melhor e produzem imagens mais realistas, especialmente nos momentos do por do sol, quando alguma claridade ainda penetra parcialmente numa bancada enquanto parte do estádio se encontra já envolto numa sombra

Muito embora os maiores clubes contem com uma representação dos estádios e uma modelação dos jogadores bastante fiel, outros permanecem um pouco esquecidos e com rostos que nem se aproximam sequer dos congéneres jogadores reais. Basta ver os plantéis dos três maiores clubes portugueses. Casillas, ainda há dois anos guarda-redes do Real e colega de Cristiano, parece quase uma caricatura, no Porto. São muitos os jogadores que entram neste filão, dando a sensação de que a EA Sports se concentra nos maiores atletas naquele momento, oferecendo um tratamento secundário aos outros jogadores, com movimentos corporais de base e predefinidos, revelando no mesmo produto uma dualidade que não é difícil de superar.

A EA Sports continua a importar mais campeonatos licenciados, especialmente no quadro das divisões secundárias, como acontece com a terceira divisão germânica, uma vez que as divisões principais dos países europeus estão presentes. Passando ao relvado, a jogabilidade não foi alvo de grandes transformações, sendo que há várias e pequenas alterações que tornam o desafio mais agradável. Um dos pontos a ressalvar é a actuação dos modelos de jogo de certas equipas. Caso flagrante é o Barcelona, embora no Real Madrid, os jogadores em volta de Cristiano Ronaldo actuem de forma particularmente eficaz. Desde avanços para zonas onde não estão alvo de desmarcação, os jogadores ao redor do futebolista com a posse da bola procuram espaços e abrem oportunidades de golo.

Na caminhada, Alex Hunter vai encontrar ex-jogadores como Rio Ferdinand ou Thierry Henry.

De resto a defesa permanece como um bloco, dentro de uma actuação bastante clássica. Não há neste capítulo grandes mudanças a não ser algumas novas animações respeitantes ao roubo de bola e marcações cerradas, o que torna o jogo equilibrado e mais difícil para quem ataca. Juntamente com os dribles protagonizados pelos melhores artistas, temos um sistema de passes um pouco mais refinado, com mais animações para os atletas que fazem a diferença. Controlar Messi, Ronaldo, Neymar, entre outros, é mesmo uma delícia dada a facilidade com que executamos algumas manobras, conjugando velocidade com eficácia no passe e remate. Leva algum tempo até nos apercebermos destas mudanças e só ao fim de algumas partidas começamos a tirar proveito destas evoluções.

Sem arriscar grandes mudanças, o ponto a reter neste FIFA 18 passa pela atribuição de maior consistência aos diferentes momentos do jogo. Num primeiro momento os desenvolvimentos nem são perceptíveis, dada a naturalidade com que se desenvolvem as partidas. Os produtores procuraram acrescentar um nível adicional de precisão, sobretudo nos passes manuais, embora nos remates possamos dirigir a bola para um determinado ponto. Basta praticar os remates num treino ou antes de uma partida para verificar isto mesmo, mas se quiserem ser eficazes terão que operar a intensidade certa no remate. Curioso que a primeira vez que bati um livre, com o Ronaldo, tive este cuidado e acabei por fazer golo (embora a meu ver o guarda-redes não esteja isento de culpas).

Os cruzamentos para a área ou para um colega em desmarcação no outro lado do relvado receberam novos incentivos, com novas animações durante a sua prática. Agora é possível ter algum grau de certeza e precisão no passe, sobretudo ao nível da colocação da bola. O que antes era muitas vezes um chuveiro à espera de sorte, agora cria pelo menos a sensação de uma oportunidade que se pode abrir se formos rápidos e precisos a colocar a bola, com mais algumas opções à disposição. Mais uma vez, os treinos podem dar uma ajuda para compreender melhor esta implementação e sobre como tirar proveito dos cruzamentos.

Depois de um jogo de pré-temporada, Alex Hunter encontra Cristiano Ronaldo.

A física da bola também está um pouco melhor, com menos animações predefinidas em certos lances, especialmente quando os jogadores se engalfinham. Ainda assim parece-nos que mais algum trabalho pode ser feito no sentido de corrigir estes lances e levar a que a bola ressalte de forma natural. Uma adição interessante, que peca claramente por tardia, é a realização de substituições imediatas, que tanto podem ser preparadas antes do jogo começar como aplicadas no decurso do jogo através da activação de um botão. Se para muitos, pausar uma partida para mudar um atleta em dificuldades era por vezes uma forma de empatar tempo, agora as substituições, sugeridas pelo computador, passam a praticar-se facilmente.

Passando aos conteúdos de jogo, também aqui não encontramos revoluções ou alguma novidade de monta como sucedeu com a edição do ano passado que nos trouxe o modo Journey. Aliás, esta opção continua a ser a bandeira da edição FIFA 18, agora renovada e assegurando a continuação de Alex Hunter, depois da conquista da FA Cup. A jovem promessa continua a ligada ao Manchester (caso tenham finalizado a anterior caminhada), mas a novidade é que desta vez deixará de enfrentar as dificuldades por que passou na anterior temporada para almejar outro tipo de objectivos.

Ele vai encontrar na sua nova temporada muitas referências futebolísticas. De Cristiano Ronaldo a Griezmann, passando por antigas estrelas como Rio Ferdinand, desta vez há um peso maior nas nossas decisões, com efeitos irreversíveis, não só consoante o nosso temperamento (postura mais arrogante ou equilibrada), mas também de acordo com as conexões a outros clubes. A temporada é mais uma vez completa e recheada de momentos cinematográficos, como uma série televisiva, na qual jogámos umas partidas pelo meio. É surpreendente a actuação dos verdadeiros futebolistas, causando mais impacto e uma sensação de conexão, como acontece quando encontramos Cristiano Ronaldo pela primeira vez.

O modo FUT ainda é um dos grandes atractivos de FIFA, agora com os jogadores lendários.

O reencontro com Alex Hunter ocorre no Brasil, onde o futebolista estava a descansar umas merecidas férias, sendo desafiado por alguns miúdos que encontra na rua, equipados com uma camisola do Roberto Carlos, para uma peladinha, desafio esse que nos lembra FIFA Street. Entre as opções ao nosso dispor, destaque para a personalização de certos elementos como roupa, tatuagens ou penteados, podendo optar por algo drástico ou simplesmente uma aparência mais discreta.

De seguida, é impossível não manter o modo FUT como a grande alternativa ao modo Journey. Os cromos de FIFA tornaram-se tão icónicos e imprescindíveis que há mesmo quem compre a nova edição só para ter os planteis actualizados e receber mais jogadores lendários, dantes exclusivos da versão Xbox. O grau de personalização de confrontos contra o computador e contra os amigos é bastante elevado, com bastantes desafios e incentivos diários, especialmente ao nível das recompensas. A gestão permanece profunda, sendo quase uma herança do jogo anterior. Destaque para as "Squad Battles", com os seus prémios, após partidas realizadas contra plantéis de outros jogadores, a nível mundial. Uma adição bem-vinda, de resto.

Para uma abordagem ao nível da gestão, o modo carreira permanece como um desafio suplementar. Aqui controlamos toda a componente financeira, desde orçamento a contratos e sistema de transferências, com especial incidência para os empréstimos. Neste caso vamos mesmo negociar com o representante do jogador os termos da transferência, propondo valores e estabelecendo a duração do contrato. Há aqui toda uma componente cinematográfica que acaba por dar um pouco mais de relevo, embora em termos de substância não seja propriamente uma grande evolução, mas um melhoramento na apresentação. Existem factores a considerar no processo de transferência, pelo que gerir a situação da melhor forma, satisfazendo os interesses do jogador, conduz a resultados mais positivos.

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Outras opções incluem a realização de várias temporadas, partidas clássicas online e desafios suplementares. Na prática não apresentam significativas alterações, permanecendo muito idênticos ao que vimos na temporada passada. Contudo, só o modo carreira, FUT e A Caminhada, são por si só suficientes para muitas horas de jogo, o que mantém FIFA 18 num plano forte em termos de modos de jogo. A sonoplastia foi revista, com mais músicas, tornando o tempo gasto em menus um pouco menos monótono. Os comentários e relato estão mais uma vez a cargo da dupla britânica Martin Tyler a Alan Smith. Dois veteranos que cumprem bem o seu papel, com bons apontamentos sobre os jogadores, numa cadência fluída e adaptada aos diversos momentos do jogo.

Resumidamente, FIFA 18 não modifica profundamente o que a série nos deu até hoje Algumas alterações até só se tornam perceptíveis ao fim de algumas partidas e treinos. Mas de certa maneira aprimora a jogabilidade, melhora algumas técnicas, sobretudo as novas animações, dribles e remates dos atletas consagrados. O modo A Caminhada continua a ser um dos principais destaques, dividido por seis capítulos que levarão Alex Hunter a cruzar-se com alguns dos melhores jogadores do mundo, ao mesmo tempo que continua a evoluir a sua carreira. Não é um FIFA extraordinário, embora consolide alguns elementos.

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