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PES 2018 - Análise

Expressão do bom futebol.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Novo ano e apesar da ausência de campeonatos europeus licenciados a Konami volta a produzir uma edição com melhor jogabilidade e qualidade.

Uma nova época futebolística corre já no admirável estádio das emoções, palco dos grandes eventos, onde confluem festejos, emoções, vitórias, derrotas, exalam-se suores e derramam-se lágrimas de alegria e tristeza. O futebol nunca deixará de significar sobretudo paixão e devoção; calorosas sensações indomáveis. Ciente da dimensão do desporto com maior impacto, a Konami volta a focar as suas atenções no seu jogo de futebol para a nova temporada. Sim, há quem diga que 2018 já começou e que o tempo que medeia de hoje até à viragem do ano como que se extingue na voragem dos dias. Por isso, PES 2018 é sinónimo de uma nova jornada futebolística, um novo capítulo, um novo manancial de primeiras páginas e manchetes.

Desde o começo da série que a Konami sempre levou o seu jogo de futebol muito a sério, percebendo o que poderia fazer para tornar melhor a experiência dentro das quatro linhas virtuais, mantendo-se fiel ao seu modelo de jogo. Apesar das sucessivas alterações ao longo de quase duas décadas, nos tempos mais recentes parece ter encontrado a fórmula certa para o formato da actual geração.

É verdade que o futebol está transformado num negócio, onde licenças são adquiridas através de contratos envoltos em somas galopantes. A Konami tenta encontrar as soluções admissíveis e disponíveis num quadro algo complexo e delicado, libertando âncoras onde as águas não são tão profundas. Mas, Pro Evolution sempre foi jogabilidade, uma experiência especial, em factores como a sensação da bola endossada ao colega de equipa, da precisão no remate, da boa física e fluidez na organização de jogo. Foi com essas coordenadas que PES se agigantou. É com elas que ainda hoje a Konami produz para atingir a melhor experiência.

A actualização do primeiro dia reflectirá as transferências até ao último dia do mercado. Neymar passa para o PSG.

Há uma confiança suplementar nesta edição. Apesar da ideia um tanto mirabolante da inclusão do atleta jamaicano Usain Bolt no quadro das transferências, os três anos de PES 2018 em produção sugerem um cuidado redobrado, e o incremento pela melhor experiência. Se este é o melhor PES da década, a resposta fica ao cuidado do leitor, eventualmente fã e habitual seguidor da série. Não nos parece tão central assim encontrar a resposta para isso, antes sim perceber a evolução da série após a chegada às consolas da nova geração e como se encontra agora. Será esta a evolução que os fãs preconizavam?

A ligação com os produtores torna-se central, eles que não só recolheram precioso feedback das três edições passadas, como para a actual edição optaram por abrandar o ritmo do jogo. Será porventura menos perceptível numa primeira fase, mas PES 2018 parece refrear um pouco os ânimos e entrar numa toada mais cerebral, de maior posse de bola, mais dribles estratégicos, melhores representações físicas dos atletas. No fundo, menos riscos. Comedir a velocidade é uma forma de encontrar mais soluções, alargar a zona ofensiva e manter a defesa coesa com um meio campo apertado, sem dar grandes veleidades ao adversário.

Às boas sensações deixadas pela edição 2017, acresce uma representação mais realista, desenvolvida e apurada, por força de um controlo de bola melhorado, sobretudo na posse, embora com desenvolvimentos noutros segmentos. Para atingir esse grau de evolução, a física da bola também foi melhorada e agora são mais visíveis os ressaltos, consoante a velocidade e os toques dados em diferentes zonas do corpo.

A marcação dos livres foi renovada.

Este contacto e interacção acentuou-se o ano passado, depois de em 2016 ter deixado igualmente boas impressões, mas em PES 2018, são detalhes escancarados, apimentando mais a jogabilidade. Isto é uma vantagem para os jogadores tecnicistas, que tiram partido dos dribles mas também das fintas e dos passes manuais. O Messi, astro mor do Barcelona, é talvez o melhor exemplo para ilustrar a evolução. Trata-se de um jogador que não só guarda bem a bola como consegue arredar-se facilmente de um adversário, haja técnica suficiente de quem comanda, para isso, e desde que o defesa à sua frente não seja do melhor nível, caso contrário, o lance será bastante disputado e mesmo os melhores do mundo acabam por perder a bola ou ficar flanqueados.

O corpo é utilizado como protecção da bola, sendo visível a rotação parcial e alguma inclinação no sentido de impedir que o adversário roube o esférico. A recepção da bola ocorre em situação de alerta, o que denota uma melhoria da inteligência artificial, através de comportamentos imediatos e reacções momentâneas, desde que a reacção e pressão no botão para tocar a bola ocorra no momento preciso.

A cobrança de bolas paradas recebeu alguns ajustes. Na marcação de cantos e livres pode-se ajustar melhor a direcção, através de novas perspectivas de câmara e opções, seleccionadas através do d-pad, abrindo uma janela com vários enquadramentos, embora com menos informações ao chutar. Entre as opções, desde chamar um jogador para um passe curto ou posicionar os jogadores para uma posição fora da área, correndo na direcção da baliza após o cruzamento, abrem-se mais possibilidades, sendo especialmente perigosos aqueles lances em que todos os jogadores correm na direcção da baliza, causando mais dificuldade para o jogador chamado a cortar o lance, em corrida. A marcação de penaltis está mais simples e directa, sendo fundamental garantir um remate com intensidade adequada, sob pena de se falhar o alvo, de forma estrondosa.

Representação dos jogadores muito realista, não só nos sinais e atributos físicos mas igualmente nos movimentos.

Ponto crucial neste capítulo é a postura dos guarda-redes. Se é certo que em anteriores edições mereceram reparos e protagonizavam até algumas falhas clamorosas, nesta edição, muitos desses erros foram corrigidos. Eles (os melhores), atiram-se em voos prolongados, fazendo das mãos, torso, pernas e pés, uma espécie de bloco coeso e intransponível. Todos falham, naturalmente. Um guarda-redes com menos "score" sujeitar-se-á a ir mais vezes ao interior da baliza, recolher a bola. Mas os melhores não só defendem bem como ainda recolocam depressa a bola, através de movimentos rápidos.

A realidade visual, seja no movimento ou em pontos específicos dos jogadores, da sua cara ou corpo, foram alvo de tratamento. As tatuagens são mais visíveis e o suor desce pela cara dos atletas, algo que tende a ser facilmente obervável numa repetição ou numa aproximação da câmara ao rosto. Embora esta projecção possa não ser tão perceptível ao longe, abundam perspectives próximas que descortinam melhor estes incrementos, especialmente nos "replays", algo que fica sempre bem.

O movimento dos jogadores está melhor e mais fluído, sobretudo nos pequenos toques, choques com os adversários e recuperações. Dos pés à cabeça, a postura é bem mais realista e isso traduz-se numa descrição do futebol que não só é atractiva como verdadeira. Nas bolas altas, é dada mais alguma flexibilidade no cabeceamento, podendo afastar ou aproximar o jogador do sítio onde a bola vai cair. O ambiente nos estádios é outro ponto merecedor de nota, sobretudo pelo ambiente e sensação de massa, de moldura, dando a sensação de muito público, de uma multidão que celebra de forma mais visível, com sentimentos manifestados em função do resultado.

A Master League tem agora um modo challenge. Regressam os jogos aleatórios.

No caso dos clubes totalmente licenciados, como acontece com o Liverpool, Barcelona e Borussia Dortmund, para lá do ambiente enfusivo, as coreografias, música e adereços específicos de cada clube estão descritos de forma muito realista, especialmente quando as equipas sobem ao relvado. Sendo um jogo, é incrível sentir aquele aperto quando se escuta o Walk On, gritado por milhares, em Anfield Road. Infelizmente, só um punhado de equipas receberam um tratamento detalhado, com mais atenção ao estádio e bancadas das claques, com ênfase para o túnel de acesso, onde se podem ser quadros e descrições alusivas à força e união antes da subida ao relvado.

O mesmo acontece com algumas selecções, igualmente representadas a este nível. Destaque para a Inglaterra e Argentina. No entanto e apesar do esforço em trazer mais clubes representados ao nível máximo (e agora com selecções), não há muitas ligas oficiais. As ligas de alguns países da América Latina ainda estão devidamente representadas, mas na Europa vão escasseando. Isto pode ser resolvido facilmente através do editor, uma funcionalidade prática que em breves minutos nos deixa jogar com os verdadeiros clubes, camisolas e ligas.

Transitam da época passada outras competições oficiais, como a UEFA Champions League, a maior competição mundial de clubes, bem como a Liga Europa, a juntar à Liga dos Campeões asiática, a AFC Champions League. As competições de clubes são importantes, mas não o são menos os modos de jogo. Neste caso a competição primordial ainda é a Master League, que nesta edição recebeu significativas alterações. Na prática, este é o modo de jogo mais extenso que vão encontrar. Desde logo porque vão gerir o dia a dia de um clube, como se de um clube verdadeiro se tratasse. Isso significa que agora vão encontrar torneios e desafios de pré temporada, uma melhor janela de transferências, mais cenas dos balneários e entrevistas. Existem dois modos: o clássico e um novo modo (challenge) que introduz mais desafios e metas, sendo um grau de exigência suplementar.

As caras reais dos jogadores fazem parte da ficha do jogo.

Todas as disposições relativas a contratos, gestão do plantel, actividade táctica e jogos, são do domínio do jogador, assim como a observação e o percurso dos jovens talentos. Experimentem fazer isto com orçamentos baixos e sejam bem-vindos à realidade dos clubes portugueses como Benfica, Porto e Sporting. Destaque para o regresso do modo de selecção aleatório, através do qual duas equipas são colocadas diante dos jogadores, cabendo-lhes decidir que talentos manter e quais os jogadores a "furtar" ao adversário. Existem diferentes critérios que podem ser aplicados, como nacionalidade, equipa e liga. O factor incerteza é grande e por isso cresce o estímulo. Trata-se de um verdadeiro "fan service".

O modo Rumo ao Estrelato permanece como outra opção para os jogadores que queiram levar aquele atleta desconhecido (ou não) aos maiores palcos do mundo, guiá-lo aos troféus. É essencialmente um modo carreira, assente em várias temporadas e no qual os resultados definirão o sucesso, com predominância para o colectivo, embora o jogador assuma o commando do atleta. Destaque para a introdução do modo My Clube na PES League, uma opção para modo cooperativo. Acresce ainda o online cooperativo de 3 vs 3 e 2 vs 2. A narração em português, ou relato do jogo, está a cargo de Pedro Sousa, coadjuvado nos comentários por Luís Freitas Lobo. A dupla funciona bem e acompanha com sucesso a forma do jogo, ainda que ao fim de algumas partidas seja notória a repetição de algumas expressões. No que respeita aos estádios são mais de 30, encontrando-se na sua maioria licenciados como a nova morada do Atlético de Madrid, um estádio deveras impressionante.

Ainda que falte aquele substracto de licenças e se assista a um regresso de modos de jogo dos anos anteriores, PES 2018 consegue sobressair e apresentar notórios progressos em termos de jogabilidade, captura dos movimentos e realidade visual. É uma Konami que se valoriza a ela mesma, sabendo olhar para o seu produto e o que fazer com ele ao mesmo tempo que escuta os fãs É claramente uma experiência em trajectória ascendente, mostrando que no campo e sem olhar à cor da camisola, se reproduzem com solidez todas as incidências do futebol, de forma muito apurada e realista, com menos erros e bugs. Há margem de manobra, como mais conteúdos e até novas funcionalidades nos já existentes. Mas no plano do jogo e depois de passado o comando para a mão, PES 2018 é um jogo encantador, com mais qualidade e refinado em vários elementos.

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PES 2018

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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