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Earth's Dawn - Análise

O nascer de algo interessante.

Torna-se demasiado repetitivo e alguns sistemas são desnecessariamente complicados, mas é um jogo que revela espaço para crescer.

Se alguma vez imaginaram um título da fantástica Vanillaware mas num ambiente futurista, então talvez tenham todo o interesse em conhecer Earth's Dawn, o primeiro título da Japonesa Oneoright, que nasceu da vontade em criar jogos com elementos e factores que apaixonam os jogadores. De muitas formas, Earth's Dawn é uma espécie de homenagem a títulos como Muramasa, Odin Sphere, ou Dragon's Crown, um jogo de acção 2D em side-scrolling, em que o jogador terá de vaguear repetidamente pelos mesmos cenários, enquanto tenta descobrir mais da história após derrotar um novo e difícil boss. Procurando combinar a simplicidade dos controlos com a profundidade das estatísticas e habilidades para moldar o seu sistema de combate, Earth's Dawn é desde logo um jogo curioso.

Earth's Dawn transporta o jogador para um futuro pós-apocalíptico em que criaturas extra-terrestres, conhecidas como E.B.E, invadiram a Terra e dizimaram uma grande parte da sua população. Apesar da resistência da humanidade se espalhar por todo o globo, o jogador irá liderar a resistência na América do Norte, como parte de uma unidade especial com armamento capaz de causar dano a estas criaturas horrendas. Como seria de esperar de um jogo que tenta captar a essência de um Vanillaware, isto significa que iremos conhecer um sistema de combate rápido e dinâmico, que combina ataques físicos, armas de fogo e habilidades especiais, com um foco no estilo e combos, enquanto progredimos pelos diferentes níveis.

No teoria, Earth's Dawn arranca desde logo como um vencedor, é fácil ficar apaixonado pela ideia, e o importante foi descobrir se na prática, a Oneoright acertou. Neste confronto Norte Americano, o jogador terá de cumprir missões de história para aceder a novas áreas, ficando depois com a possibilidade de libertar missão a missão essa cidade do domínio dos E.B.E., algo que não funciona de forma tão divertida quanto deveria. Isto porque Earth's Dawn não se foca somente na história, a Oneoright decidiu que as missões secundárias são obrigatórias, surgindo na forma de Free Missions. Sempre o jogador termina uma missão de história, surge uma contagem (cada vez maior) e teremos de completar Free Missions até chegar ao zero, momento em que uma nova missão de história começa.

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As Free Missions variam de dificuldade e variam entre coisas como eliminar um E.B.E Elite, um determinado número de criaturas, ou chegar a um local num determinado espaço de tempo. Elas decorrem precisamente nos mesmos locais em que as missões de história decorreram e rapidamente perdem o fulgor. Uma vez que o jogador é obrigado a jogá-las, sentirá muitas vezes que está a ir contra a sua vontade e a repetir actividades. A Oneoright estruturou tudo para que sejam altamente recompensadoras, mas rapidamente se tornam numa tarefa e não numa diversão. Para justificar o tempo que passamos nelas, em Earth's Dawn além de subir de nível, ficamos mais fortes ao desbloquear novas habilidades, e melhorando/comprando armadura e armas com energia e itens ganhos nestas Free Missions. Isto obriga o jogador a mergulhar nos menus específicos destes dois elementos e inicialmente não são nada intuitivos.

Para melhorar as armas/armaduras temos de gastar itens e energia, ganhos durante as missões, e consoante a nossa pontuação nas missões, ou ao subir de nível, vamos desbloqueando habilidades que podemos equipar (como mais ataque ou mais HP). Não é propriamente fácil e directo descobrir se uma armadura ou arma que vamos criar tem mais defesa do que a que está equipada, e nem sempre conseguiremos criar a que queremos pela falta de energia, mesmo tendo os materiais. A navegação nos menus e a forma como obtemos melhor equipamento poderá aborrecer alguns, apesar do sistema ser interessante e apresentar alguma profundidade, especialmente na forma como as habilidades nos permitem moldar o personagem a nosso gosto. Tal como em tudo o que é Earth's Dawn, deixa boas indicações para o futuro mas sentimos que são precisas melhorias para o tornar mais intuitivo. É essa a ideia geral com Earth's Dawn, um jogo que consegue ser divertido mas no qual parece existir uma coisa menos boa por cada coisa que nos agrada.

Se falharem a missão, o contador não se move e ficam sempre na obrigatoriedade de cumprir Free Missions, fazendo com que o que normalmente seriam missões opcionais, se tornem em missões obrigatórias. As recompensas estão lá para o jogador melhorar o seu personagem e sentir que está a desenvolver, isso é certo, mas não são tarefas divertidas e rapidamente se torna repetitivo visitar os mesmos locais, para fazer variações das mesmas acções. É isto que pode fragilizar a experiência de Earth's Dawn e impedir que ascenda a um outro patamar de diversão.

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Em termos estéticos, a Oneoright segue à risca o molde da Vanillaware, apresentando um estilo visual que irá facilmente confundir os jogadores, que poderão acreditar estar perante uma obra do estúdio que nos trouxe Dragon's Crown e Muramasa. O tom futurista, mergulhado em ficção científica pós-apocalíptica, é o grande diferenciador em relação aos trabalhos do estúdio de Osaka, que sempre se focou em ambientes de fantasia medieval. Ainda assim, o design dos personagens e das suas armaduras, que podem assumir-se quase como valquírias futuristas, o traço desenhado à mão e alguns dos bosses conseguem um belo efeito. Pena que os cenários sejam repetidos exaustivamente e facilmente Earth's Dawn perde qualquer possibilidade de satisfazer a longo prazo. Pior serão alguns elementos dos cenários que são demasiado básicos e o seu design demasiado simplista que cansa rapidamente.

Earth's Dawn é um jogo que revela facilmente ter sido desenvolvido por quem, tal como nós, se apaixonou pelos trabalhos dos outros. É um jogo que apresenta mecânicas interessantes, mesmo que não tenha muito de novo, e tenta caminhar naquela fina linha entre repetitivo e profundo. É pena que revele as suas origens humildes tão rapidamente, e que o seu equilíbrio seja demasiado frágil. Earth's Dawn apresenta belos sistemas e níveis de história com bosses que se tornam divertidos, mas posteriormente banaliza essa parte fulcral da experiência, ao repetir o mesmo nível e inimigos nas Free Missions. A própria música é um dos melhores exemplos de como Earth's Dawn poderá ser o início de algo fantástico, mas que simplesmente ainda não está lá. Os temas que ouvimos são de boa qualidade mas são escassos e uma grande parte do tempo nem temos música a acompanhar, o que torna tudo menos envolvente.

Earth's Dawn é para os jogadores que adoram a Vanillware e não se importam com a sensação de repetição nas suas experiências. É para os jogadores que não se importam em aturar gestão de equipamento e armas menos intuitiva, e onde passam mais tempo do que seria recomendável neste tipo de menus, e a cumprir missões consecutivas no mesmo local. Earth's Dawn é para os que adoram experiências side-scrolling 2D com um sistema de combate interessante, que gostam de boss fights frenéticas, mas que acima de tudo consigam entender que apesar da ideia estar lá, ainda não está na forma desejada. Com Earth's Dawn, a Oneoright mostra que ainda precisa crescer para atingir um patamar superior, mas mais do que isso, demonstra que tem toda a capacidade para o fazer.

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Earth's Dawn

PS4, Xbox One

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Bruno Galvão avatar

Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.
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