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Futuridium EP Deluxe - Análise

Regresso ao futuro.

Um saco que contém um bilhete para uma visita ao espaço pouco rotineira, mas com grandes arestas por limar na jogabilidade.

Depois de descarregar para a Wii U este título proveniente do estúdio italiano Mixed Bag e pô-lo a correr, tive a nítida sensação de estar aos comandos de um encontro entre Star Fox e Space Giraffe. Bom, claro que não é uma comparação justa, até porque ambos os jogos são muito diferentes deste Futuridium, mas não deixa de persistir uma certa sensação de regresso ou nostalgia dos tempos áureos do Xbox Live Arcade, que tantas coisas boas nos proporcionou entre 2005 e 2013, como o regresso de Jeff Minter ao activo, com o seu icónico e psicadélico até dizer chega Space Giraffe. Actualmente não há uma plataforma dedicada como o XBLA e temo que à custa disso tenhamos perdido grandes produções. Não aqueles indies sob a forma de triple A que recebem toda a carga de marketing e distinção em glamorosos "passeios no YouTube" ainda antes de chegarem ao mercado. Falo daqueles jogos com mérito próprio, sem necessidade de enormes parangonas, marcados pela acessibilidade, desafio e gratificação, quase como os bons velhos arcade.

Felizmente, muitas dessas produções ainda continuam vivas (Cuphead não me sai da cabeça) mas estão mais dispersas e propagam-se por diferentes plataformas ao longo de um certo período de tempo. É o que sucede com Futuridium EP Deluxe, publicado em 2014 para a Vita e PS4 e recentemente lançado na consola doméstica da Nintendo, que à falta dos ditos triple A ainda é um bom receptáculo de produções menos sonantes mas nem por isso dotadas de inferior qualidade.

Alguns níveis atingem picos de dificuldade gritantes, mesmo na opção mais acessível.

Como "shooter" 3D (a fazer lembrar Star Fox), Futuridium aproxima-se do ritmo psicadélico e de cores primárias de Space Giraffe, afunilado e estreito, criando um efeito de velocidade, mas é em Uridium, um shooter 2D desenhado por Andrew Braybrook para o Commodore 64, na década de 80, que a equipa de produção assegura ter encontrado a maior fonte de inspiração. Enquanto que no jogo do inglês Jeff Minter a acção decorre de forma "on-rails", aqui temos mais liberdade de voo sobre um cenário 3D relativamente profundo e complexo. Somos pilotos de uma máquina de preparada para combater e, em todos os níveis, temos que destruir um determinado conjunto de pontos azuis, espalhados pela área. Findo o objectivo, abre-se uma área central, denominada Core e que basicamente constitui o derradeiro desafio. Abatendo com sucesso este ponto damos por concluída a missão e passamos à seguinte.

Sem cenários realistas e com uma composição e design bastante simples, há velocidade que chegue, mas mais parece que estamos a sobrevoar um campo da Lego, desenhado com ângulos rectos e cores fortes (muito geométrico), envolvidas num negro sideral. A sensação de velocidade é boa, até porque dispomos de um botão que nos deixa acelerar, mas tenham sempre atenção à energia do vosso aparelho, é que a mesma está a ser requisitada constantemente pelo aparelho e como recurso finito poderão ver a vossa nave explodir em plena missão se não terminarem os objectivos antes de ficarem sem energia.

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É um factor um tanto ingrato, especialmente nos níveis mais complexos. A curva de dificuldade também não ajuda. É provável que suem um pouco só para passar o primeiro nível e não é certo que o superem à primeira tentativa. Manobrar a nave não é tão bom como seria desejável. Ao fim de algum tempo sentimo-nos mais confortáveis, mas é um processo que requer constante aprendizagem e adaptação. Muitas vezes os fragmentos azuis estão colocados rente ao solo e como os disparos são horizontais, temos que baixar o aparelho ao mesmo nível. Com uma resposta aos botões tão sensível, é grande a possibilidade de se despenharem, mesmo que tenham feito os possíveis para evitar os obstáculos. Outras vezes perdemos só porque andamos às voltas à procura dos objectivos, sendo que o "core" nunca é mostrado enquanto não rebentarem todos os alvos.

Na prática Futuridium é um jogo que revela qualidades mas que dificilmente chega ao estatuto das influências ou das mais recentes. Um Star Fox é bem mais agradável e cheio de coisas a acontecer, enquanto que um Space Giraffe consegue ser bem mais psicadélico e "hardcore" em termos musicais, com jogabilidade acessível. Futuridium EP Deluxe é o tipo de jogo que jogamos uma e outra vez para em pouco tempos nos esquecermos do tempo que passamos com ele. Os mais persistentes terão interesse em desbloquear a dificuldade adicional bem como uma série de medalhas, mas tudo isto são mais aspectos laterais e pouco recomendados numa experiência que poderia ter causado melhor resultado. Se pensam neste verão atravessar o espaço aos tiros considerem outras propostas, como o recente Star Fox, também na Wii U.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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