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Pocket Card Jokey - Análise

Uma forma alternativa de jogar solitaire.

Uma mistura de conceitos e jogos que funcionam bem, embora por vezes seja extremamente difícil e dependente do factor sorte.

O estúdio japonês Game Freak é conhecido mundialmente por ser o fabricante da mina de ouro da Nintendo que se chama Pokémon. Mas na sua história, esta produtora proporcionou-nos já outro tipo de experiências. Desde os jogos de música e ritmo em HarmoKnight, até às plataformas em Tembo, encontramos agora, na 3DS, Pocket Card Jockey, um título algo imprevisto e também disponível para o Android e para o iOS.

Trata-se de um jogo dotado de um conceito curioso: combinar o típico jogo de cartas "solitaire" com as famosas corridas a cavalo. O resultado é uma produção inesperada mas que estranhamente acaba por provocar aquele efeito de só mais uma partida (só mais uma corrida) antes de desligarmos a portátil, apagarmos a luz do candeeiro e voltarmos a cabeça sobre a almofada. Há um processo aditivo que funciona bastante bem, proporcionado pela ginástica mental que levamos a cabo através das regras de jogo do "solitaire", conjugadas com outras condicionantes da corrida, que nos levam executar depressa as operações por forma a tomar a dianteira.

Avançando para uma zona de conforto onde é menor o dispêndio de energia.

Mas algumas circunstâncias da corrida e o factor sorte, tendem muitas vezes a tornar frustrante o resultado e a tornar menos equilibrada a jogabilidade. Enquanto que na maioria dos jogos a dificuldade é um processo mais equilibrado, temos aqui um jogo com regras muito básicas e simples submetidas a um factor sorte permanente e que tende a ditar o nosso sucesso ou fracasso. Vale a pena salientar que em termos de apresentação e explicação das regras foi feito um bom trabalho. Tudo é explicado por fases, desde a partida, à fase do miolo da corrida, onde muito se decide, passando pela ponta final, quando os cavalos mais rápidos aceleram com o seu jockey assente no dorso, de modo a cruzar a meta na frente.

Há um humor constante, especialmente nos diálogos que vamos mantendo com o nosso treinador e chefe de equipa, no fundo quem abona a nossa participação nas provas. Porque não julguem que começam na categoria mais elevada. O vosso escalão de entrada é o mais básico, com cavalos algo modestos mas capazes. Depois de darem nome à vossa personagem, sujeitam-se a um primeiro teste que acabará por não correr de feição. No entanto, a vossa campanha prossegue, agora com um cavalo modesto e em categorias e provas mais condizentes com um iniciado.

A arte e o grafismo que envolvem Pocket Card Jockey não é particularmente desenvolvida. São desenhos e bonecos minimalistas, mas amáveis. A atmosfera lembra um pouco o jogo de música e ritmo Ouendan, embora seja bem menos pormenorizada. Surte porém o efeito desejado com efeitos exagerados, tipicamente nipónicos.

Última partida de solitaire.

Passando ao cerne do jogo, existem duas opções: "Training" e "Growth Mode". O primeiro não é mais do que a prática constante de jogos de "solitaire". Uma opção adequada para quem não conheça bem as regras do jogo. Já a outra opção constitui o cerne do jogo e faculta a progressão da vossa personagem ao longo de várias categorias, da mais acessível à mais desafiante. À vossa disposição existe um calendário que vos deixa consultar as provas seguintes, assim como os resultados determinam a participação numa prova de categoria mais elevada. Os melhores resultados (terminar corridas em primeiro) proporcionam um ganho de experiência do cavalo, que verá melhorada a sua velocidade e resistência, dois factores cruciais.

Só que para ganharem uma corrida terão que cumprir diversas fases e momentos. Existem dois segmentos distintos dotados de autonomia. A partida é composta por um breve jogo de "solitaire" no qual terão que chegar o mais depressa possível a qualquer uma das cartas posteriores composta pelas letras "start". Há sempre um tempo disponível, mas na partida é apertado, pelo que terão de ser lestos a resolver o jogo.

A partir daí o cavalo entra na fase seguinte da corrida, envolvendo algum controlo nosso principalmente no que toca à gestão da sua posição dentro do grupo (o ecrã inferior permite um bom acompanhamento). Ao completarmos com sucesso a partida não só ganhamos uma boa posição no grupo como podemos entrar numa zona de conforto onde é menor o dispêndio de energia. Podemos até traçar uma linha por forma a colocarmos o cavalo na posição ideal. O objectivo é que este permaneça fresco. Mas é complicado obter esse resultado, porque logo a seguir terão mais um jogo de "solitaire" e o resultado obtido será determinante para o estado do cavalo. Se falharem algumas cartas ou terminarem o baralho com cartas sobre a mesa, isso significa que o vosso cavalo terá uma perda de energia, ficará mais lento e não terá capacidade de resposta sobre a meta, sendo ultrapassado pelos adversários com alguma facilidade.

Torna-se complicado obter um "perfect" sem uma sensação de sorte ou azar. A dada altura a carta que precisamos para desbloquear um segmento não sai e ficamos bloqueados com cartas na mesa, vendo a cavalo a entrar em desespero. Por melhor que corra o desafio seguinte de "solitaire", que vos dá alguns bónus e eventualmente habilidades para utilizar na ponta final, isso pode não ser suficiente para discutir a chegada em primeiro com os restantes. Este processo pode tornar muitas corridas frustrantes, por via de um sistema que tende a assentar no factor sorte. Claro que poderão sempre recorrer à loja onde terão à disposição bónus e cartas especiais que aliviam a dificuldade de uma partida de "soltaire", eliminando cartas ou apresentando a carta necessária para um dado momento.

O segmento final da corrida é composto por uma prova de "sprint", pelo que nesta fase terão que gastar cartas de "boost" (caso as tenham acumulado) tentando um esforço final, ao mesmo tempo que aplicam a energia do cavalo em "entusiasmo". Esta parte pode ser ou não relevante consoante o sucesso obtido atrás. Falhando um dos passos anteriores, de pouco serve o esforço final.

Ver no Youtube

Mas se uma prova correu menos bem, a seguinte poderá correr melhor. O proprietário dos cavalos concede até uma soma monetária no sentido de adquirir cartas especiais e habilidades, com efeito prático nas corridas. O "growth mode" é suficientemente longo. O cavalo atinge a sua maturidade ao fim de quatro anos, momento a partir do qual não mais fará "level up", podendo nessa altura ser substituído por outro e enviado para uma quinta, visando a reprodução.

Pocket Card Jockey mistura vários conceitos e ideias, conseguindo destaque na ligação que faz entre o tradicional jogo de cartas "solitaire" e o ritmo frenético das corridas a cavalo. Há um particular efeito viciante nesta mecânica. As corridas são breves e a intensidade com que as vivemos é grande. No entanto, sente-se com regularidade o peso do factor sorte. Ganhar uma corrida nem sempre depende da nossa destreza mental, mas do número que sai nas cartas. Existem formas de contornar uma dificuldade galopante em provas mais elevadas (quando temos de lidar com muitas cartas ao mesmo tempo), recorrendo às habilidades e cartas especiais, mas isso parece mais um tipo de batota que não se coaduna tanto com as regras básicas do jogo. Não deixa no entanto de ser um jogo capaz de agradar a muitos. Apesar da apresentação algo simples, é muito composto e deveras desafiante. Existe uma demonstração à vossa disposição na eShop.

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