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Pro Evolution Soccer 2016 - Análise

Talhado para vencer.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Melhora o sistema de jogo da edição anterior e assume-se como dono dos relvados virtuais. Uma experiência fortíssima.

Rola a bola na nova temporada futebolística e com ela chegam as novas coordenadas do futebol virtual, ensaiadas previamente sob o calor do verão, a partir de uma demonstração que nos trouxe um vislumbre do futebol virtual moderno desenhado pela Konami. Mas agora é a sério e os fãs já podem replicar as partidas emocionantes do fim de semana, em especial a nova temporada da Liga dos Campeões, a prova maior do futebol europeu e mundial de clubes, mais uma vez oficialmente presente no Pro Evolution Soccer 2016 (PES 2016), a nova edição da Konami, juntamente com a Liga UEFA, a Supertaça europeia e outras ligas do futebol europeu.

A pensar numa evolução consistente do jogo PES 2015, título da temporada transacta e que operou uma transformação por completo, desde logo com uma nova física e um motor gráfico mais poderoso (FOX engine), PES 2016 retoma as bases do jogo anterior e cimenta uma série de melhorias, com particular incidência nas operações no relvado e no jogo propriamente dito, ao ponto de fazer desta a melhor experiência em anos. A margem para progressão ainda é notória. Certos aspectos podem ser melhorados e revistos, mas no que respeita ao controlo da bola, posse, domínio e aproveitamento das mais valias dos jogadores, individualmente até, não é fácil encontrar uma anterior edição que nos transmita uma sensação tão forte e apurada.

"PES 2016 é uma experiência ímpar, melhorada a olhos vistos"

Convocadas as estrelas, chamados os verdadeiros protagonistas ao relvado e averbado Neymar como figura de capa, uma parte significativa da substância oficial que empresta colorido e definição ao futebol moderno encontra-se presente, mas ainda persistem sérias lacunas em termos de licenças, especialmente ao nível do futebol britânico, estádios e os plantéis não actualizados esmorecem o ânimo de quem acaba de meter o disco na consola e quer ver os novos rostos nos seus clubes depois do calor das transferências. É verdade que estes elementos acomodam-se para lá do relvado, ou seja são quase acessórios e laterais ao essencial da experiência. Dir-nos-ão que existe um editor (melhorado) e uma opção para transferir os jogadores, mas torna-se sempre num jogo muito mais completo quando vemos em campo os nossos protagonistas, jogando no seu estádio, envergando o equipamento da nova temporada e sendo apoiados pelas suas claques.

Iker Casillas voa para a defesa.

Mas no que toca ao cerne do jogo, PES 2016 é uma experiência ímpar, melhorada a olhos vistos, impondo-se muito provavelmente como a mais consistente e aquela que muito provavelmente vos dará mais gozo. A celebrar por esta ocasião 20 anos (lembramos que Pro Evolution Soccer é a designação ocidental de Winning Eleven no Japão, que começou na PS2 em 2001, enquanto que a designação mãe, Winning Eleven, principiou com World Soccer Winning Eleven, para a PlayStation em 1996), encontramos neste percurso momentos altos, especialmente na fornada de jogos enquadrados na plataforma PS2, correspondentes ao crescimento e permanência por mais tempo na qualidade desejada pelos fãs. Teve alguns momentos intermitentes, mas desde a última versão que a Konami parece determinada em retomar a veia goleadora, sendo PES 2016 um contributo de peso para reclamar o título de melhor jogo de futebol.

No final, a decisão compete aos jogadores, através do seu voto e aposta. Mas há uma certeza nisto, o bom caminho traçado pela Konami, adequado a proporcionar uma melhor experiência futebolística, levando-nos a encarar com optimismo o futuro da série. Finda esta pequena excursão histórica, atentemos nos principais pontos do jogo. Desde logo, começamos por observar uma série de correcções e melhoramentos face à experiência do ano passado. Ao nível das animações dos jogadores, a evolução é bastante significativa, com um controlo e posse de bola mais apurado, especialmente nos pequenos toques no limite, nos encontros e choques com o adversário, o que resulta num sistema de jogo altamente fluído mas também mais dinâmico e imprevisível (um lance perdido pode acabar num golo ou um erro no meio campo que pode abrir um buraco na defesa e conceder ao adversário uma hipótese de golo).

É verdade que ainda é possível trabalhar um pouco mais as animações, texturas e conferir outra vivacidade ao público que preenche de cor as bancadas. Continua a verificar-se um certo efeito tesoura quando um jogador se prepara para rematar, mas de um modo geral os movimentos são muito mais fluidos, o corpo não está sempre hirto e firme e mais perece que a alta ou baixa estatura dos jogadores produz efeitos ao nível da recepção de bola, passe, remate e carga de ombros. Isto é muito visível nos diversos segmentos de jogo. A recepção de bola está mais polida, o controlo mais alargado e um dos pontos que mais sobressai é a pressão sobre o adversário quando este tem a bola, dando para atacar o jogador com mais impetuosidade por forma a retirar-lhe a bola. Claro que para as diferentes acções contribui a qualidade dos atletas. O Barcelona é fabuloso (um dos melhores clubes em PES 2016), os passes saem mais seguros, o mesmo sucedendo com o Paris Saint-Germain, destacando o Cavani pela sua força e resistência e o David Luiz, impressionante todo-o-terreno. Os jogadores do Chelsea são igualmente fortíssimos, pelo que podíamos estar aqui a sublinhar este particular foco das qualidades e habilidades dos jogadores como factores determinantes de desequilíbrio.

A Master League foi remodelada por completo.

Ao mesmo tempo, PES 2016 está mais fácil de jogar porque os protagonistas actuam de um modo mais convincente. As jogadas não acabam depressa e muitas vezes acabámos por disputar lances que pareciam perdidos. No capítulo dos lances aéreos isso é notório, com maior disputa pela bola, usando o "stick" esquerdo, sendo igualmente relevante o posicionamento no momento da recepção ou do cabeceamento. Isto acaba com a frustração reinante em muitas jogadas das edições prévias, quando o desfecho era sempre o mesmo, em favor de uma clara imprevisibilidade das jogadas, fruto de uma margem maior de exploração, especialmente nos duelos contra o adversário, recepções e passes.

Rematar à baliza está um pouco mais facilitado. Tanto dentro da área como nas imediações as possibilidades para conseguir um golo, aumentaram. Os guarda-redes desenvolvem um bom papel e anulam muitas dessas tentativas, até nos livres, mas encontrado um buraco na defesa e a oportunidade para o disparo, fica mais fácil meter a bola no interior da rede, mesmo jogando nas dificuldades mais elevadas. Ainda assim, são menos frequentes as situações dramáticas que aconteciam quando sofríamos um golo por incúria de um nosso colega controlado pelo computador. Os erros são muito mais nossos.

"A Konami reforçou os modelos dos jogadores, apurando as particularidades físicas como o rosto, cabelo, barba, pele, conferindo-lhes um aspecto mais realista, quase fotográfico."

O tempo de resposta dos jogadores à solicitação dos comandos é menor e a sensação ao nível dos passes é melhor, o que resulta numa gestão das nossas jogadas e avanço no terreno muito mais satisfatória. Podemos endossar facilmente a bola a um nosso colega, pondo mais força no passe, mas também encontramos outros detalhes mais apurados como a mudança de direcção, uma espécie de protecção da bola quando optamos por uma posição de resguardo. As fintas foram apuradas. O seu grau de execução é normalmente exigente mas com melhor fluidez.

Condições atmosféricas dinâmicas.

A Konami reforçou os modelos dos jogadores, apurando as particularidades físicas como o rosto, cabelo, barba, pele, conferindo-lhes um aspecto mais realista, quase fotográfico. Os jogadores mais sonantes e conhecidos dos melhores clubes dos importantes campeonatos foram alvo desse tratamento mais preciso. À distancia são facilmente reconhecíveis, nem que seja pelos seus movimentos que conciliados com a sua estatura e técnica empregue no toque de bola. Este detalhe e processo de caracterização dos jogadores, vem precisamente ao encontro do que referimos atrás, a qualidade dos futebolistas está muito mais presente no jogo. Isso é notório quando Neymar tem a bola, o Messi, entre outros como Cavani ou Ibrahimovic, deliciosamente modelados, e detentores de uma física e animação muito similar à dos seus congéneres. Nas repetições ficam perceptíveis algumas arestas por limar nas animações, mas de um modo geral o aspecto dos jogadores mais conhecidos é muito realista e agrada-me imenso a forma como eles abordam os lances e atacam a bola.

Os guarda-redes receberam melhoramentos, proporcionando novas defesas, saídas mais arrojadas e certeiras, quando necessárias, e cometem menos erros drásticos, embora isso seja relativo e antes um factor a levar em conta de acordo com a qualidade e experiência dos atletas. O factor introduz mais preponderância, à custa das quedas de água no decurso das partidas. Os jogadores escorregam e podem cair deixando a bola à mercê do adversário. A trajectória e força da bola também é afectada pelo terreno empapado e molhado, dificultando as operações normalmente rápidas sobre o relvado seco.

Quanto ao "gameplay", PES 2016 mostra-se em grande forma e dá um passo muito sólido depois da auspiciosa edição passada. Mas ainda há um ponto que impede PES de brilhar para lá das quatro linhas, as licenças. Todos os anos verificam-se algumas mudanças no que toca aos clubes e ligas oficiais, só que nunca parece existir um avanço definitivo em relação ao desejável licenciamento completo. A liga inglesa não é oficial e só o Manchester United se encontra oficialmente representado, juntamente com o seu estádio. Curiosamente os plantéis apresentam a relação correcta dos jogadores, embora sem as actualizações no começo desta temporada. Felizmente a liga espanhola está devidamente oficializada e completa, mas pesa a ausência de estádios como o Camp Nou ou Santiago Bernabéu, estádios demasiado emblemáticos para ficarem de fora. Depois, temos a primeira e segunda divisões francesas e a liga holandesa. A liga italiana só não está totalmente oficial num clube e a liga alemã não existe, representada apenas por alguns clubes, assim como outros emblemas sonantes europeus e dos restantes continentes, especialmente o sul americano, com as equipas argentinas.

"PES 2016 mostra-se em grande forma e dá um passo muito sólido depois da auspiciosa edição passada"

Há um incentivo adicional para rematar à baliza de longe.

Um ponto muito positivo é a permanência da Liga dos Campeões, Liga UEFA e a Supertaça Europeia. A manutenção do formato oficial destas competições empresta sempre mais entusiasmo aos campeonatos e ao curso da temporada futebolística. No que toca ao campeonato português, à semelhança do inglês, não está oficializado, sendo as excepções os três grandes clubes: Porto, Benfica e Sporting, embora sem nenhum estádio. Aliás, quanto a estes, em termos de palcos europeus, a oferta não é muito forte. Existem mais de 20 estádios mas muitos deles são fora da Europa e ainda existem as casas originais.

Dentro dos modos de jogo a Master League é a opção mais emblemática da série em termos de carreira e progressão individual. A Konami remodelou-a por completo. A apresentação está melhor e a transição entre os menus é mais intuitiva. O sistema de transferências apresenta-se mais eficaz. Destaque para a nova funcionalidade Team Roles, através da qual podem transformar um jogador da equipa num emblema, quase um símbolo da equipa, capaz de desenvolver toda a carreira no nosso clube, assumindo-se como o grande capitão. A influência na progressão da equipa é decisiva.

A opção MyClub, vocacionada para a componente multiplayer em rede, representa uma abordagem diferente, através da qual os pontos de experiência adquiridos nos jogos (desde a primeira partida que disputam após a instalação do jogo) são transferidos para a gestão e o desenvolvimento da equipa. Existem actualizações todas as semanas. Depois, temos ainda a opção para treinador para desenvolver a estratégia para levar a equipa ao sucesso. O modo edit, o escape para os mais interessados na correcção dos nomes dos clubes e edição dos emblemas, recebeu alterações, entre as quais a possibilidade de importar imagens de modo a fabricar os emblemas e as camisolas dos clubes. Em termos de ligação à rede, tivemos partidas que decorreram sem problemas, outras com algumas desconexões e por vezes dificuldades em aceder a partidas disponíveis com indicação de jogo em curso quando o adversário ainda aguarda por outro jogador.

Neymar, o craque do Barcelona, é destaque em PES 2016.

Quanto aos comentários, a cargo de Pedro Sousa de Luís Freitas Lobo, uma dupla já conhecida dos portugueses, apesar de minimamente ajustados, revelam apontamentos e comentários por vezes fora da sintonia ideal, ficando a clara sensação de entrarem um pouco tarde, já muito depois do momento alto do lance ter sucedido. Falta também mais alguma diversidade (ao fim de dez jogos detecta-se uma repetição no uso de certas expressões), mas em termos de emoção atingem um patamar satisfatório.

Pese embora as limitações dentro da pesada área de licenciamento, PES 2016 é um encanto, muito por força do seu apurado e desenvolvido sistema de jogo. Com mais opções no comando dos jogadores e uma sensação alargada na execução do jogo da equipa, nas mais diversas situações, cada partida disputada é disputada como se fosse um desafio único. Os jogadores mais destacados e conhecidos põem em campo as suas qualidades e emprestam ao jogador as ferramentas necessárias para vencer o oponente. Ainda existe margem para melhorar e tornar a experiência mais forte, mas PES 2016 é um sucesso e, nesta ocasião, a melhor celebração dos 20 anos de PES.

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PES 2016

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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