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Mercenaries Saga 2 - Análise

Táctica desajustada.

Uma colagem clara em clássicos como Final Fantasy Tactics. Redunda numa enorme previsibilidade, para além do fraco design.

Mercenaries Saga 2 é a mais recente proposta para a Nintendo 3DS, da editora e estúdio independente Circle Entertainment, sedeado em Hong Kong. Nem todos conhecerão este estúdio que leva já cerca de 20 jogos desenvolvidos para a Nintendo eShop e a DSIware (o equivalente à eShop para a NDS). Mercenaries Saga 2 só pode ser adquirido por via digital, e está disponível nos mercados ocidentais. Porém, não é uma experiência que possamos recomendar.

Na verdade, a 3DS é uma das melhores opções para desfrutar de jrpg's. A elevada popularidade da plataforma no Japão tem ocasionado uma produção muito intensa e bastante regular, com as mais diferentes propostas como Fire Emblem, Codename: S.T.E.A.M., Crimson Shroud, Bravely Default, Pokémon, entre muitos outros, boa parte deles sem a dimensão táctica, mas com uma componente role play tipicamente nipónica. A maior ausência até ao momento é talvez a nova iteração da série Final Fantasy Tactics, algo que os titulares da Nintendo 3DS ainda não puderam experimentar, embora não esteja descartada para o futuro próximo.

No meio de uma oferta tão vasta e com propostas muito francas e exponenciais, adequadas aos gostos dos fãs, a vida não fica muito fácil para os estúdios mais pequenos que se aventuram em modelos de jogos que para além do conceito e necessidade de fórmulas inovadoras, dependem muito da construção narrativa e carga emocional que verte sobre as personagens (pensámos em Chrono Trigger como um jogo que sedimentou muito bem estes diferentes aspectos).

"Mercenaries Saga 2 é mais um rpg de estratégia que nos remete para um mundo de fantasia"

O design segue o modelo dos clássicos, mas torna-se repetitivo e a história não ajuda.

Mercenaries Saga 2 é mais um rpg de estratégia que nos remete para um mundo de fantasia. Até aqui nada de novo. A história é um pouco rebuscada e resume-se essencialmente à jornada de um cavaleiro, num reino mergulhado nas trevas, tendo em vista a recuperação de um antídoto capaz de curar o príncipe. Com um pequeno exército à nossa disposição, iremos defrontar inúmeros adversários, cruzando inúmeros mapas.

Infelizmente, a história está longe de nos agarrar. Os diálogos prolongam-se demasiado e parece nunca existir muita emoção ou convicção no discurso de uma personagem, tornando-se não só o instante previsível como ultrapassável. No que toca às mecânicas de jogo, o cenário converte-se em momentos um pouco mais agradáveis, mas nunca é uma experiência memorável ou sequer inovadora nalgum campo, capaz de nos levar a abrir a pestana. Em todos os mapas são-vos dados alguns objectivos para cumprir, existem imensos itens e arcas do tesouro, e no final do nível poderão equipar as personagens com diferentes e melhores armas. As batalhas prosseguem de forma algo previsível ao bom estilo clássico, com perspectiva isométrica 2D. E quando digo previsível refiro-me à mecânica dos clássicos: as personagens movimentam-se num sistema quadriculado e em cada turno só podem avançar num espaço limitado.

Controlar as personagens com o analógico não é muito preciso e acontecem erros na colocação das personagens diante do adversário, para o ataque.

Podendo atacar o adversário, só causarão verdadeiramente dano se estiverem voltadas para o inimigo. Isto é um pouco estranho porque muitas vezes o analógico não responde da melhor forma (o d-pad parece responder melhor, curiosamente) e, pior do que isso, por causa do acumulado de personagens e elementos cenário, sem possibilidade para rodar a perspectiva, o fraco campo de visão impede-nos de observar o posicionamento das nossas personagens, podendo provocar erros no decurso do turno. O desenho dos nossos lutadores, assim como o design dos mapas é mediano e pouco convincente. Poucos momentos são realmente assinaláveis, pelo que ao fim de uma meia dúzia de combates a jornada esvazia-se de emoção e interesse.

No final, Mercenaries Saga 2 não é daquelas preciosidades a baixo preço na eShop. Com tanta oferta de qualidade na 3DS, este jogo cifra-se numa segunda ou terceira liga dos títulos de role play. Muitas produções do mesmo género para a DS, GBA ou GameBoy são incomparavelmente superiores, pelo que farão melhor em depositar o vosso dinheiro noutros jogos, merecedores e que seguramente vos darão uma experiência com a qualidade que procuram.

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