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Underground - Análise

Proto cirurgião.

A ideia inovadora dos braços cirurgicos é interessante mas a débil e tortuosa implementação da mecânica não concede grandes veleidades.

No mundo dos videojogos tudo é possível. Em pouco mais de meia hora e com alguns jogos à disposição podemos ser caçadores de prémios no espaço, rei dos lutadores, sobreviventes de um apocalipse e até uma pizza capaz de comer pequenos pontos e engolir fantasmas. O que a Grendel Games fez com Underground foi adicionar a categoria dos cirurgiões, pelo menos nos planos iniciais da produção, quando foi apontada à Wii, requerendo o uso de dois Wii remotes. No entanto, Trauma Center é mais eficaz, com uma opção de ordem estética bem mais apelativa e refiro-me ao jogo para a Wii.

Underground não disfarça as evidências. Os dois braços robóticos que se enfiam literalmente sobre as grutas onde estão pequenos robôs que depois de libertados correm para a meta, um pouco à semelhança de um Mario vs Donkey Kong ou até um Lemmings, mais parecem entrar numa cavidade bocal mas que é analisada quase ao microscópio, com muitos pontos de intervenção. A ideia é suficientemente capaz para ter pernas para andar, ainda que o sistema e mecânicas deixem a desejar, sobretudo pela física relativamente inconstante e outros problemas. Dá a sensação de um conceito viável, só prejudicado por um desenvolvimento que não logrou a plenitude das expectativas, ou pelo menos do resultado desejado pelos produtores.

Dotes cirúrgicos são postos à prova nestes níveis.

O jogo é intrigante e lança uma série de puzzles e contextos de obstáculos desafiantes. O jogador controla dois braços robóticos podendo adicionar a cada um deles diferentes pontas: uma broca, uma pinça e uma ponta que aquece. Os braços são controlados directamente pelos botões analógicos e a mudança das pontas é efectuada através do ecrã táctil, tornando o processo bastante acessível e rápido. Estas funções também podem ser alteradas a partir dos botões.

O objectivo do jogo está em permitir que o jogador liberte todos os robôs aprisionados dentro dos níveis, usando para isso as funções específicas dos dois braços. A partir do momento que os robôs ficam soltos, estes encaminham-se automaticamente por um percurso predefinido, supostamente até à meta. Sucede que muitas vezes encontram obstáculos, como elevadores sem energia, percursos cortados e caminhos que desviam os robôs da trajectória correcta. Para evitar que isso suceda e para que todos cheguem a bom termo é impreterível remover os problemas, com algumas soluções como pedaços de rocha para formar um acesso, bolas de energia para activar os elevadores e partir gigantes blocos de pedra.

Os níveis prolongam-se por vários segmentos, sendo que a nossa intervenção está sempre condicionada a um deles num dado momento, mas isto não nos impede de transferir certos items e outras coisas móveis de um lado para o outro, quando deixam de ser necessárias num ponto. Quase sempre encontramos um problema novo quando subimos mais um nível. Porém e apesar da mecânica inovadora, o jogo é traído pela sua implementação algo deficiente. Como já referi atrás, a física está longe de ser a melhor. Muitas vezes encontramos dificuldade em pegar num objecto e transportá-lo. Se o mesmo cai num ponto da gruta não visível não mais podemos recuperá-lo. E nunca temos bem a certeza sobre se o braço está próximo do objecto intervencionado. Num jogo que requer precisão e controlo apurados, a sensação é totalmente a oposta.

A sempre temível broca.

Automaticamente a perspectiva efectua zoom in sempre que tocamos com a ponta do braço repetidamente nalgum ponto, mas o recuo não se faz sem quebras de frame rate, por vezes significativas. O design também está longe de ser entusiasmante. Minimalista e com cores muito semelhantes, nalgumas situações temos até dificuldade em saber por onde se movimentam afinal os robôs. Situações que acontecem com alguma regularidade, salpicando com sujidade uma experiência que podia ter sido mais polida. A história também é minimalista, quase dispensável, mas sempre ajuda a intervalar os níveis enquanto atribui algum substracto às nossas façanhas.

Entre momentos interessantes e frustrações derivadas de vários problemas mecânicos, Underground consegue proporcionar um mínimo de satisfação, não sem deixar de evidenciar as suas fraquezas. Um conceito invulgar para um título recentemente chegado à eShop mas sobre o qual persistem sérias reservas em o categorizar como uma aposta segura.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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