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3D After Burner II - Análise

Sega Enterprise.

Vejam só quem está de volta.

Sega M2 brah's.

Depois de uma bateria de clássicos Sega transportados para a Nintendo 3DS, com a nova designação 3D a espelhar o serviço desta equipa de autênticos restauradores, a M2, liderada por Naoki Horii e o produtor Yosuke Okunari, regressa exclusivamente à portátil da Nintendo com mais uma nova fornada de saudosas, nostálgicas e reverberantes produções arcade, muitas delas sob a assinatura de Yu Suzuki, rei das experiências arcade e o criador de Shenmue para a saudosa doméstica (e arcade) Dreamcast.

O pontapé de saída deste segundo alinhamento não se faz com um jogo nunca menos que essencial e imprescindível dentro de uma leitura de clássicos arcade. After Burner é o jogo que os fãs do filme Top Gun sempre sonharam. Perseguições, explosões, grandes velocidades e voos rasantes, música a preceito e uma jogabilidade imaculada, fizeram da arcade "F-14 Tomcat" uma das mais divertidas de sempre, bem distante das complexas e frustrantes simulações de voo existentes até 1987. Yu Suzuki proporcionou mais do que um jogo arcade e divertido. After Burner é uma viagem alucinante, uma experiência única, sobretudo para quem teve a felicidade de se enfiar aos comandos de uma destas cabines.

Explosões e muito fumo dificultam a visão.

Esta segunda bateria de clássicos Sega 3D para a 3DS, promete. Fantasy Zone está a caminho e Out Run, o clássico dos clássicos arcade, está na calha. Depois de produções como 3D Super Hang-On, 3D Sonic the Headgehog, 3D Shinobi III e 3D Streets of Rage, poucas dúvidas restam do notável trabalho que esta pequena equipa, a M2, radicada em Tóquio, tem vindo a realizar. O que eles fazem não é apenas uma conversão como se viu em muitos destes clássicos compilados noutras colecções editadas pela Sega. É todo um trabalho minucioso, que vai à raiz do jogo de modo a tornar a emulação o mais fiel possível. Não se trata apenas de um "port" com 3D. Estas são as melhores versões dos clássicos arcade. Uma espécie de regresso à origem, um trabalho feito com toda a devoção e empenho.

No que toca a 3D After Burner II, o jogo chega em boa altura. Caso não saibam, até 14 de Dezembro do ano passado encontrava-se disponível no Live e PSN a versão moderna do mesmo jogo, com o subtítulo Climax. Pese embora as reacções mistas ao resultado desta produção, o jogo foi retirado do mercado digital, pelo que só os seus proprietários se encontram habilitados a descarregar o jogo neste momento. Não é o meu caso, que por incúria cheguei demasiado tarde, justamente quando procurava aceder à demonstração a fim de me convencer sobre os reais méritos da versão moderna. Mês e meio depois, e findo o período de teste na New 3DS, sinto que 3D After Burner II é o cockpit onde todos os fãs do jogo arcade vão querer estar. O jogo retém a excelente jogabilidade do original, apresenta uma profundidade 3D assinalável e pode ser desfrutado com uma série de pormenores que tributam as máquinas, podendo ser ainda utilizado o segundo analógico para imprimir mais velocidade ou travagem ao F-14 Tomcat.

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After Burner II é um grande clássico arcade porque permite que um jogador se aventure pelos céus da mesma maneira que um condutor se aventura pelas diferentes estradas e cenários de Out Run, com o aliciante de em After Burner dispararmos mísseis e rajadas de balas em direcção a alvos sobre os quais fizemos "lock on". Depois, só temos que fugir às investidas dos adversários.

Enquanto que After Burner estava limitado a 18 segmentos, After Burner II subiu a parada para 23 níveis, cada um com o seu grau de dificuldade, cenário e momento do dia. Pelo meio a nossa aeronave é reabastecida em pleno voo ou então em pistas militares. Os reabastecimentos são essenciais, uma vez que é através deles que recebemos mais mísseis, a melhor arma para destruir os inimigos e cuja limitação de unidades por etapa requer alguma estratégia. Um jogador mais fogoso depressa ficará sem matéria de combate para o que resta do "checkpoint".

De resto, o objectivo do jogo, à semelhança de Out Run e outras produções arcade lançadas em meados dos anos oitenta, consiste em fugir às investidas dos adversários, ultrapassando o maior número possível de etapas, e se possível chegar ao fim do jogo, com algum crédito na máquina.

Movimento da cabine. Esta imagem não faz justiça à qualidade gráfica do jogo.

Controlar o aparelho é bastante simples. A resposta, orientada para o divertimento imediato, permite-nos esquivar dos mísseis disparados pelos adversários e fugir de um embate certo até ao último instante, caso contrário, o nosso avião pode transformar-se numa gigantesca bola de chamas em pleno ar ou mergulhar sobre o mar ou florestas verdejantes num rasto de chamas que se propagam pelo solo. A acção é tipicamente frenética mas muito bem escalonada, há aviões que nos ultrapassam e os quais podemos perseguir, como outros que investem ao nosso encontro. Os melhores pilotos inimigos apontam as metralhadoras bem atrás de nós e aqui é que temos de pôr em prática toda a perícia de modo a evitar danos no aparelho. É uma espécie de mata-mata fulminante.

E tudo isto a correr com uma frame rate abissal, nos 60 fps, sem erros. Corre lindamente, emulando na perfeição a versão arcade. O 3D estereoscópico não só injecta mais profundidade, dando mais corpo ao aparelho, como põe o jogo mais bonito, sobressaindo muito bem, através da variedade de fundos (neve, mar, florestas, cidades, nuvens, montanhas, torres eléctricas) e aviões inimigos, as cores fortes e contrastantes.

O serviço de fãs para fãs é notável: as duas cabines que a Sega moldou para o jogo podem ser seleccionadas, juntamente com outras opções como emulação do sistema hidráulico nas viragens, maior ou menor afastamento relativamente ao ecrã, banda sonora com todos os temas de jogo e alguns desbloqueáveis depois de finda a campanha. Naturalmente que uma produção deste gabarito sai mais cara do que uma emulação básica, mas todos os grandes jogos retro deviam ter este tratamento e cuidado nos acabamentos. After Burner II é um ícone das experiências arcade retro marcadas pela acessibilidade, desafio e excelência gráfica, e esta versão 3D é a que mais perto fica do clássico.

8 / 10

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