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Jogar no grande ecrã: Análise ao projetor Optoma GT1080

Os prós e contras da experiência cinemática nos jogos.

Houve um tempo em que era um sonho ter um ecrã de 40 ou 50 polegadas para poder jogar, mas nos dias que correm já é uma visão comum em algumas salas, onde há experiências de jogo imersivas, com uma imagem clara e gráficos de topo. Mas se quiséssemos ir mais além e replicar a experiência puramente cinemática que alguns títulos de topo nos oferecem? Podemos sempre sentarmo-nos mais perto do ecrã ou ter o nosso monitor numa secretária, mas nunca será uma experiência verdadeiramente cinemática. As televisões HD não podem fazer aquilo que um projetor faz, isto é, oferecer uma imagem com 100 polegadas de diâmetro pelo mesmo preço.

Aquando da escolha de um projetor para jogar na nossa sala, há que considerar alguns aspetos: baixo lag de entrada, tempo de resposta rápido para reduzir rasgos na imagem induzidos por movimentos rápidos e, por fim, alto brilho para que mesmo as imagens de cenários com cores mais leves sobressaiam. A distância de arremesso, ou seja a distância a que o projetor tem de estar da tela também é importante de forma a produzir uma imagem grande o suficiente. Se planeiam ter um projetor numa sala pequena, escolham um projetor com uma distância de arremesso curta.

Com todos estes fatores em mente, o Optoma GT1080 chamou-nos à atenção, porque cobre a grande parte destes requisitos. Este projetor é publicitado como sendo um projetor com uma distância de arremesso curta, especificamente para jogar num grande ecrã em salas pequenas. Custa cerca de 850€ e pode produzir uma imagem com 100 polegadas de diâmetro a apenas um metro de distância da tela. Com uns impressionantes 2800 lumens de claridade, este projetor parece ser uma boa escolha para jogadores que estejam á procura de uma experiência com um grande ecrã num espaço pequeno.

Mas como é que o GT1080 se dá em salas comuns, onde há paredes com pinturas com cores leves e reflexões de luz que podem prejudicar a qualidade da imagem? Será que o tamanho de ecrã gigantesco é suficiente para produzir uma experiência cinemática superior á de um monitor desktop um uma HDTV? Será que há muitos entraves quando estamos a jogar em ecrãs tão grandes, especialmente quando a resolução nativa de 1080p ainda não estão muito bem definidas na PS4 e Xbox One?

Ao contrário dos imponentes projetores de cinema em casa de marcas como a Sony, JVC e Panasonic, o GT1080 é notavelmente leve e compacto, pesando 2.65Kg e medindo 315x224x114mm. O tamanho compacto facilita o transporte e arrumação do projetor, e este vem com uma mala de transporte bastante útil, que também tem espaço para alguns acessórios como cabos HDMI e óculos 3D. Em termos de conexões o GT1080 tem duas entradas HDMI, com outras portas de entrada reservadas para um emissor wireless para os óculos 3D, colunas externas, e um trigger de 12V para controlar um ecrã motorizado. Convenientemente, o GT1080 também tem colunas internas capazes de produzir som claro sem distorções, embora seja notória a falta de baixos.

Inicialmente, montar o projetor pode ser algo complicado: este tem de ser manualmente alinhado com a tela de modo a produzir uma imagem plana. Não há a opção de desviar a imagem manualmente ou fazer zoom para nos ajudar na tarefa de definir o tamanho do ecrã (embora haja a possibilidade de ajustar um pouco a imagem digitalmente), enquanto que a focagem é feita manualmente. No nosso caso pusemos o projetor numa pequena mesa, ajustamos a sua posição até a imagem encher a tela e de seguida procedemos à focagem. Dependo da posição terão de ora ajustar a vossa tela ou a própria altura do projetor para completar este processo.

Para ajudar nos ajustes, o GT1080 tem ainda uma opção para nos ajudar a obter uma imagem perfeitamente retangular, mas a ativação desta distorce a imagem causando uma perda de qualidade bastante notória. O melhor caminho é mesmo usar o pequeno pé ajustável por debaixo do projetor para nos ajudar com os ajustes. Em pouco menos de meia hora conseguimos ter uma imagem cristalina 16:9 com 88 polegadas a apenas 88cm de distância da tela. Devido à baixa distância de arremesso conseguimos ter uma imagem com 120 polegadas a apenas 1,30m de distância, por isso este projetor serve para trabalhar em salas pequenas

Tendo tudo instalado e a correr somos brindamos com uma imagem viva e brilhante que se aguenta muito bem mesmo no nossa sala iluminada com cores claras. As imagens do GT1080 parecem ser mais suaves que aquelas produzidas em ecrãs LCD ou plasmas e sem qualquer vestígio de efeitos screen-door vistos a partir da nossa posição, a 3 metros do ecrã (a distancia ideal considerada é 3 vezes a altura da imagem). Este aspeto obviamente que irá variar de projetor para projetor e também com a distância de visualização, mas por comparação o efeito screen door parece estar mais presente em ecrãs com mais de 70 polegadas a uns metros de distância. Isto faz com que a imagem pareça mais “digital” por natureza em ecrãs planos gigantes, mas não é um grande problema em televisores HD com menos de 50 polegadas. O texto e os elementos do menu só começam a parecer pixelizados a 2.4m do ecrã, mas só conseguimos distinguir pixéis individualmente a partir dos 2 metros de distância, sendo que estes artefactos ainda são bastante subtis.

Era de esperar que 1080p nativos fossem poucos pixéis para um ecrã tão grande, mas na verdade isso não é necessariamente o caso. Isso depende do projetor e da quantidade de zoom usada. Por exemplo, os painéis DLP têm uma densidade de pixel mais alta que um painel LCD ou Plasma, e isto ajuda a reduzir a estrutura dos pixéis, permitindo que se esteja mais perto do ecrã sem que se notem defeitos ou reduções na qualidade de imagem. Para além disso, a resolução 1080p que temos em casa tem pouco menos pixéis que as telas 2K que estão agora nos cinemas comerciais, onde os seus projetores projetam imagens muito maiores que o GT1080p sem que se notem quaisquer tipo de defeitos a distancias de visualização idênticas.

Com uma imagem que mede 84 polegadas na diagonal (limitada pela tela que nos foi fornecida) o GT1080 consegue produzir imagens, grandes, cinemáticas que nos enchem o campo de visualização e nos conseguem transmitir uma sensação de grande escala que as televisões e outros ecrãs não conseguem recriar, e isto só tende a melhorar á medida que o tamanho do ecrã aumenta. Jogar PS4 projetor pela primeira vez tem um impacto enorme e impressionante: jogar Metal Gear Solid 5: Ground Zeroes e Last of Us no grande ecrã dá nos logo aquela sensação de estar a jogar algo épico e grandioso imediatamente, puxando-nos para o centro da ação. O tamanho enorme das imagens faz com que tudo tenha mais impacto e se assemelhe mais a uma experiência de cinema.

As sequências de combate em shooters como Call of Duty: Ghosts e Wolfenstein: The New Order também têm muito mais presença e impacto do que quando comparadas com ecrãs mais pequenos. Durante os tiroteios, temos a sensação de estar a ser projetados para dentro do jogo, com efeitos de partículas e explosões á nossa volta. Descobrimos que a distância ótima para o ecrã em termos de imersão no jogo é a de 2.5 vezes a altura da imagem, sem nos causar aquela sensação de enjoo de estar muito perto do ecrã. Estar mais longe do que isto do ecrã também é uma boa experiência cinemática, mas não tão imersiva. Se não nos quisermos sentar mais perto do ecrã, uma boa alternativa é projetar uma imagem maior, caso haja espaço para tal.

Devido às dimensões modestas da tela fornecida pela Optoma, a experiência que obtivemos não se compara a de um pequeno cinema, mas foi sem dúvida melhor do que jogar numa TV de 60 polegadas em termos de escala “pura e dura”. Se projetarmos a imagem de 100 polegadas para uma parede aí já temos um sensação muito mais cinemática dentro da nossa própria casa.

Este aumento espetacular das imagens não vale a pena se não tivermos ao nosso dispor os controlos mais responsivos, mas não é esse o caso com este GT1080, onde todos os comandos são responsivos e rápidos, fazendo com que este projetor seja ideal para jogar shooters e jogos de luta online. Medimos 34s de latência em 1080p com o nosso equipamento. É um nível de latência mais baixo que algumas das HDTVs e não notamos nenhumas reduções quando jogamos jogos a 720p nativos com upscale para 1080p feitos com o projetor.

O upscale de conteúdo 720p é feito sem que sejam adicionados defeitos adicionais mas a imagem parece mais desfocada com alguns detalhes a desaparecer. Estes efeitos secundários são muito mais fáceis de ver quando comparados com as HDTVs mais pequenas, mas isso não implica que não possamos jogar jogos upscaled com o GT1080. Cliquem nas imagens para as ver em resolução mais alta.

O upscale de imagens 720p é algo incerto: por algum lado os soluços e defeitos não aparecem, mas a imagem parece desfocada e não apresenta os detalhes mais finos. Isto significa que títulos 720p das consolas da última geração não devem de ser jogados neste projetor, pois o duplo upscaling (primeiro na consola, depois no projetor) degradará as imagens. Os jogos com um bom anti-aliasing devem de se portar melhor, mas esperem imagens com pouco detalhe. Contudo se quiserem jogar estes jogos e sentir o impacto do grande ecrã, o projetor continua a ser uma alternativa viável nesse sentido.

Quando estamos a ver imagens gigantescas, a escala das mesmas é um aspeto importante. Apesar das promessas de títulos 1080p nativos nas consolas da nova geração, muitos jogos não se apresentam como tal. De momento isto é um problema mais acentuado na Xbox One devido ao seu GPU mais fraco, mas a PS4 também é um pouco afetada. Em ecrãs entre as 84 e as 100 polegadas, o impacto de fazer upscale a resoluções sub-1080p é maior do que numa TV com metade desse tamanho. Títulos com o Battlefield 4 parecem um pouco menos detalhados do que aquilo que gostaríamos para um ecrã deste tamanho, enquanto que os soluços são mais palpáveis em títulos que usem algoritmos de upscaling agressivos de 900p para 1080p (Assassins Creed 4 vem à cabeça), o que resulta numa imagem menos suave do que quando comparados com títulos 1080p nativos. Pelo contrário, jogos com títulos que usem algoritmos de upscaling mais suaves dão se muito melhor, como por exemplo Ryse e Plants vs Zombies para a Xbox One, onde as diferenças entre 1080p e 900p são difíceis de captar mesmo perto do ecrã.

O arrastamento da moção também é um problema em projetores, pois estes artefactos são muito mais fáceis de captar num ecrã gigante que nos enche o campo de visão. Inicialmente escolhemos um projetor com tecnologia DLP pois esta tecnologia é conhecida por evitar melhor o arrastamento das imagens do que as alternativas LCD e LCOS, e as primeiras impressões indicam isso mesmo, com o nosso painel DLP a apresentar uma imagem livre deste tipo de arrastamentos e resolvendo cerca de 750 linhas de resolução sem recorrer a qualquer tipo de interpolação de frames. Contudo, há alguns efeitos secundários que podem ser um fator negativo para algumas pessoas. Em particular, cenas com movimento muito rápido sofrem de sobreposição de imagens (ghosting) quando a camara é movimentada a grande velocidade, ou quando apontámos a nossa arma em jogos na terceira pessoa, tudo isto acoplado com flashes de cor ocasionais (o efeito arco íris da tecnologia DLP. Este último aspeto não nos incomodou muito, mas o ghosting já começava a cansar após algumas horas de jogo.

Vale a pena mencionar que nem toda a gente é suscetível a este tipo de artefactos, por isso recomendamos que tentem experimentar este projetor ou outro projetor com tecnologia DLP antes de decidir avançar com uma compra. Dito isto, projetor com três chips e projetores LCOS (cristais líquidos) não sofrem deste fenómeno, sendo por isso a escolha indicada para quem é muito sensível a estes efeitos de moção causados pela tecnologia DLP. O revés disto é que as linhas que separam os pixéis são muito mais visíveis nestas tecnologias, tal como visto em televisores LCD. Os projetores LCOS apresentam muito boa performance nesta área, mas custam para cima de 2000€, o que representa um salto no preço quando comprado com uma máquina baseada em DLP, mas em troca também é fornecido muito melhor contraste e definição de cor. Os modelos da Sony apresentam muito baixa latência de entrada, fazendo deles candidatos ideais para jogos.

Até agora, o GT1080 prova que os projetores conseguem gerar uma imagem grande que parece bem definida para dispositivos com uma saída com resolução 1080p, mas há um número de coisas a considerar quando estamos a falar deste tipo de tecnologia. A maior parte dos projetores precisam de ser usados numa sala onde a luz possa ser bem controlada de modo a produzir a melhor experiencia de visualização: carpetes e paredes com cores vivas refletem a luz da sala para o ecrã e desgastam a imagem. Em comparação, tanto os televisores LCD como Plasma podem ser utilizados em ambientes mais iluminados sem que a qualidade de imagem seja tão prejudicada como num projetor. Esta é uma inconveniência que geralmente é resolvida com um fechar de cortinas e ao posicionar o projetor longe de fontes de luz direta.

A falta de brilho na imagem é algo com que não se têm de preocupar no Optoma GT1080 pois estes projetores apresenta sempre altos níveis de brilho a um bom preço, mas convém ter em conta que a luz exterior refletida no ecrã afeta sempre a luminosidade de uma maneira mais severa que numa televisão. Mesmo no modo de poupança de energia este projetor apresenta um bom brilho de imagem para uma sessão de jogo durante a noite, numa sala com paredes brancas e um baixo nível de luminosidade circundante. Por outro lado, o modo de brilho máximo é mais suficiente para compensar a perda de brilho de uma sessão de jogo 3D (os óculos atenuam a imagem). Não podemos testar a funcionalidade 3D do projetor pois a Optoma não nos forneceu os óculos, que aquando da compra podem ser adquiridos sobre a forma de extra opcional.

Na nossa sala com paredes pintadas com cores claras, descobrimos que em cenários de jogo onde há mais escuridão os níveis de detalhe modesto. Apesar das condições de visualização não serem ideais, as cores escuras parecem deslavadas, e a imagem não apresenta a mesma qualidade de um televisor plasma ou LCD nas mesmas condições de visualização. Em particular, imagens com cores muito claras e cores muito escuros a imagem parece sempre comprometida, com os tons pretos a parecerem cinzentos (0.1088 cdm2) e um degradé a aparece quando a luz é refletida na parte de trás da tela. (0.7130 cdm2).

No final das contas, para tirar o máximo partido de um projetor é preciso ter uma sala escura. Se tal não for possível, uma tela cinzenta pode ajudar a melhorar o contraste e o detalhe, mas as reflexões de luz em cenários de jogo muito claros têm sempre um impacto negativo na imagem. Uma HDTV de baixo custo é muito melhor para este tipo de salas quando comparada com um projetor de baixo custo, por isso se passarem grande parte do tempo a jogar durante o dia sobre iluminação natural, uma TV convencional grande, será sempre a melhor opção, pois a imagem será sempre mais estável independentemente do cenário de jogo.

Optoma GT1080 - O veredito da Digital Foundry

Jogar num ecrã de 100 polegadas é incrível! E mesmo em 84 polegadas continua a ser uma experiência mais impactante do que nos sentarmos perto de uma HDTV grande: é pura e simplesmente uma experiência mais épica e imersiva. Duvidamos que alguém recuse ter uma experiência destas em casa, mas é preciso ter e conta em que sala estará o projetor estará instalado, se estes será usado mais durante o dia ou noite e as expectativas do jogador em relação á qualidade da imagem. Para aqueles que jogam jogos e vêm filmes mais durante a noite, alguns projetores certamente que resultarão bem em ambientes com pouca iluminação, mas é sempre preciso ter cuidado com as reflexões de luz na tela onde a imagem será projetada, pois estas comprometem seriamente a qualidade da imagem.

Para obter a melhor imagem de um projetor é preciso controlar bem toda a luz envolvente, mesmo que este ofereça níveis de brilho muito altos. Se possível projetem a imagem para paredes pintadas com cores escuras ou até mesmo numa pequena sala de cinema para quem quiser investir nisto seriamente. Em comparação uma HDTV de 50 ou 60 polegadas porta-se muito melhor em condições de visualização não tao ideais. Sugerimos um projetor para jogar durante a noite longas sessões de jogo e uma HDTV convencional para jogar durante o dia ou em salas que não estejam tão bem iluminadas, tirando partido do melhor dos dois mundos.

É claro que jogar num projetor é um abrir de olhos qualquer que seja o ambiente de visualização, e se estiverem dispostos a aceitar uma qualidade menor das imagens em ambientes menos propícios, continua a ser uma experiência imersiva. Para quem não quiser gastar muito dinheiro sugerimos um projetor DLP de baixo custo a complementar uma HDTV de baixa gama. O BenQ W1080ST e o Optoma HD50 são projetores de gama que vale a pena ter em conta. Para quem quiser algo verdadeiramente bom tanto para jogos como para filmes, o Sony VPL-HW40ES é uma boa escolha. Custa cerca de 2000€ mas pelo preço vem uma performance imbatível.

Por cerca de 850€ a Optoma produziu um projetor que traz muito para o preço que é pedido, apesar de haver compromissos em algumas áreas. Se quiserem uma rendição de cor perfeita e níveis de contraste altos, este projetor pode não ser para vocês, mas para quem quer algo barato para projetar num ecrã grande mesmo em salas pequenas, este projetor é o ideal pois tem uma distância de arremesso pequena e baixa latência de entrada. Tudo isto adicionado a baixos níveis de distorção nos movimentos, o GT1080 é uma escolha sólida para jogadores com um orçamento contido. Contudo é altamente recomendável experimentar o projetor antes de o comprar, pois há pessoas que são mais ou menos suscetíveis aos flashes de cor e ao ghosting de imagens associados a este tipo de tecnologia de projeção, artefactos que distraem bastante os jogadores mais suscetíveis a estes fenómenos.

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Sobre o Autor

David Bierton

Contributor

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