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OutRun 2006 Coast to Coast - só falta o La Ferrari

Mãos no volante e olhos no asfalto.

Poucos jogos apresentam uma opção como "just play", habilitada a permitir um contacto imediato, sem grandes delongas, aprendizagens e outras perdas de tempo. É o típico pressiona e já está, e talvez seja ainda o traço mais definidor e prevalente da experiência tipicamente arcade, oriunda daqueles espaços algo exíguos e apetrechados com máquinas reconhecidas e distinguidas pelo seu desenho, luz, som e mecanismo de interacção.

A origem de OutRun vem precisamente dos salões e transporta imensa acessibilidade, sem perdoar nos momentos intensos, desafiantes e divertidos. O pai desta série é Yu Suzuki, mas nos tempos mais recentes, tem sido a britânica Sumo Digital a colorir as magníficas paisagens e a pôr o volante nos Ferrari, tendo acrescentado ainda uma película em alta definição, conforme se exige.

OutRun é um daqueles jogos que parece ir de encontro aos sinais mais fortes da presente estação e do calor dos dias. Paisagens e cenários deslumbrantes, céu estrelado, praias, montanhas e uma extensa garagem de veículos oficiais da Ferrari que espera por nós. Dos mais refinados clássicos até às recentes obras assinadas pelo estúdio Pininfarina, e todos preparados para rodar milhares de quilómetros, sem qualquer limite de velocidade e cuidado com o tráfego, o limite é pouco significativo. A acompanhar, uma namorada no banco do pendura, motivando a realização de mais curvas rápidas, drifts e ultrapassagens estonteantes sobre o tráfego constante.

Os percursos à direita são os mais difíceis.

Ao mesmo tempo, OutRun evoca aquela jogabilidade dos clássicos jogos de automóveis, quando o jogador tinha apenas que se desviar do tráfego que parecia recuar na sua direcção. Acima de tudo, OutRun é uma luta contra o tempo, e a jogabilidade resume-se a negociar as curvas mais lentas com derrapagens e com acelerações, para não perder o comando do veículo, e serpentear o trânsito em recta, sem o mínimo raspão ou toque no separador. Dominar OutRun, neste trabalho da Sumo Digital, não é apenas um desafio na chegada à meta antes do tempo terminar, passando pelos pontos intermédios com a certeza de saber que melhor terá de ser feito se escolhermos sempre a saída à direita. Dominar OutRun é também experimentar uma das melhores combinações de condução virtual.

Se existe uma fórmula para jogar OutRun na perfeição, a Sumo Digital terá eleito a melhor. Não há simulação nem um peso total no modelo arcade. A física está algures num compromisso entre essas duas margens de géneros, ao potenciar drifts amplos mas também desvios precisos seguros, e uma colagem ao asfalto sempre na maior velocidade disponível e possível, o combustível para grande parte da adrenalina.

O mais impressionante, nesta versão para a portátil da Sony, é que para além de receber o mesmo conteúdo que saiu noutros formatos, como PS2 e Xbox, PC, joga-se exactamente como nessas versões e com uma qualidade de "frame-rate" absolutamente invejável. Normalmente, as versões portáteis de jogos apontados às plataformas domésticas e oriundas das arcadas, encontram no "hardware" da consola um primeiro obstáculo para o sucesso da conversão. E no entanto a Sumo Digital parece ter encontrado um veículo perfeito para chegar ao destino. Na portátil, a sensação de velocidade é impressionante e os drifts conseguem-se com a mesma facilidade com que os executamos num simples "pad". Depois deste jogo só imagino uma versão em alta definição deste 2006 Coast to Coast para a PS VITA, mas daí até se tornar numa realidade vai um passo impossível.

Muitos carros para escolher, contando as versões especiais. O barulho dos motores é que podia estar mais audível.

No plano concreto, os extensos modos de jogo, os 15 percursos adicionais de OutRun 2 SP e os desafios como "heart-attack", "drifts", passagens pelos anéis, recolha de moedas e evitar qualquer acidente, prolongam a experiência até um nível sem precedentes. E depois há toda uma gama de veículos Ferrari que podemos ter ao nosso alcane com base no sistema de milhas acumuladas. Trata-se de uma gratificação justa e equilibrada. Carros, pinturas, cores, músicas clássicas, remisturas e percursos, podem ser obtidos a troco de milhas. Cada milha cumprida, seja em que modo for, entra para a contabilidade e nem sequer precisam de cortar a meta dentro do tempo limite. Mais tempo no asfalto, maior é a recompensa. A dada altura podemos alternar entre carros e passar pelo F40, o 348 GTS, o F430 e o Enzo sem a certeza de qual será melhor. No entanto, há diferenças entre os carros e a decisão não pode deixar de ter em conta o veículo que melhor se adapta às exigências e desenho do trajecto.

OutRun 2006 Coast to Coast é um bom exemplo de uma grande adaptação de um jogo de corridas arcade. A Sumo Digital foi capaz de captar muito bem o modelo de condução do original e ainda desenvolveu onde podia. Qualquer uma das versões domésticas merece destaque mas não deixa de ser espantosa a qualidade da acomodação de um jogo de grande dimensão adaptado a uma portátil como a PSP. Pode ser uma produção com alguns anos e hoje fora do radar, mas está longe de um cerco. Há uma beldade, ou duas, melhor dizendo, só que os olhos, esses, estarão sempre no asfalto.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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