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Transformers: Rise of the Dark Spark - Análise

A "faísca" ficou nos outros jogos.

Estamos de volta à caricata situação da adaptação de cinema para os videojogos, cujo resultado final esperado é quase sempre negativo por duas razões já muito bem conhecidas e familiares para quem acompanha esta indústria há algum tempo: como é uma adaptação há pouco espaço para ser criativo, e como o jogo tem que ser lançado quase simultaneamente com a estreia dos filmes no cinema, para capitalizar no entusiasmo e vender mais, o período de desenvolvimento é limitado e geralmente acabamos com um jogo com muitas falhas e se tivermos sorte, minimamente jogável.

Sem demoras digo, Transformers: Rise of the Dark Spark encaixa nesta descrição. Não é uma adaptação direta do filme que está a passar agora nos grandes ecrãs, e ainda bem. O que salva este jogo no desastre total é precisamente o regresso aos últimos dias de Cybertron, nos quais os Autobots estavam empenhados a construir a Ark e a tentar combater os Decepticons enquanto não tinham possibilidades de partir. Neste capítulo, os Autobots vão enfrentar os Decepticons para tentar impedir que Megatron use a Dark Spark para fins maléficos, encaixando com a história do filme.

A primeira impressão foi horrível. O jogo começa na Terra e desde logo fica claro que se tivesse ficado mais uns meses "no forno" não lhe faria mal. O problema destes níveis que decorrem no nosso planeta é que falham miseravelmente retratar os Transformers como os seres gigantes e poderosos que são. Enquanto jogamos, a sensação que fica, dada a escala dos níveis, é que estamos a controlar um brinquedo. Já Cybertron, a casa dos Transformers, é um ambiente mais próspero e apelativo para o jogo.

Este é o primeiro jogo Transformers que tem lugar em Cybertron e não foi desenvolvido pela High Moon Studios (que agora está a colaborar em Call of Duty: Advanced Warfare), que causou um impacto muito positivo e deixou saudades com Transformers: War For Cybertron e Fall of Cybertron. Em vez disso, a responsabilidade de Rise of the Dark Spark foi dada à Edge of Reality, que aproveitou diversas ideias do estúdio anterior. De facto, este novo jogo partilha várias semelhanças com os anteriores, mas o nível de qualidade está distante e aqui está o problema.

Transformers: Rise of the Dark Spark é um jogo funcional. Quando se diz isto sobre um jogo não é um elogio, quer apenas dizer que se encontra jogável, uma descrição que não é propriamente desejada quando chega o momento de escolher um jogo da prateleira da loja, principalmente quando existem alternativas melhores mesmo dentro da saga Transformers. Tanto War for Cybertron como Fall of Cybertron são melhores alternativas e com mais capacidades para satisfazer os fãs. Nenhum deles segue os eventos deste filme, mas Rise of the Dark Spark também não segue à risca Age of Extinction.

Em Cybertron, e seguido os passos dos jogos da High Moon Studios, Rise of the Dark Spark dá-nos ambas as perspetivas dos eventos, a dos Autobots e Decepticons. É uma ideia que continua a resultar, tornando a narrativa dinâmica e dando a oportunidade de controlar Transformers de ambos os lados. Contudo, a sensação é familiar e nota-se que houve pouca ou nenhuma preocupação em tentar dar algo de novo aos fãs. Tudo o que Rise of the Dark Spark tem para oferecer já foi dado antes, e volto a sublinhar, melhor.

Isto torna Rise of the Dark Spark num jogo sem sentido. Para quê apostar num novo jogo se não faz nada de novo e se ainda por cima desce em termos de qualidade? Claro que para a Activision faz sentido financeiramente lançar um novo jogo para aproveitar a febre do filme e representa uma aposta de baixo risco, mas do ponto de vista de um entusiasta de videojogos, embora compreenda o lado económico da indústria, é inaceitável que a qualidade seja colocada em segundo plano.

Tal como os outros, Rise of the Dark Spark funciona como um shooter na terceira pessoa com a possibilidade de qualquer momento de transformação num veículo, que pode ser terrestre ou aéreo, conforme o Transformer. Alternar entre os dois modos dos Transformers é o que torna a jogabilidade divertida, bem como a unicidade de cada personagem, que possuem armas e habilidades únicas. Um sistema de cobertura não existe, mas a estrutura dos níveis permite que se escondam facilmente através de obstáculos, embora um sistema desta natureza fosse uma solução mais elegante.

Onde Rise of the Dark Spark desilude mais é nos níveis, que são representativos do desleixo (ou pressa, ou ambos) que houve no desenvolvimento. Os níveis da Terra são os piores, completamente desinspirados e sem qualquer tipo de vida ou capazes de criar algum entusiasmo. Mas em Cybertron o panorama não é muito melhor. O planeta favorece o jogo, mas os seus níveis são de arquitetura básica. O problema não é viajar do ponto A para o ponto B enquanto destruímos os adversários que vão aparecendo, o problema é que enquanto o fazemos sentimos que houve pouco empenho na elaboração desse objetivo.

"A versão analisada foi a da PlayStation 4, mas nem por isso há benefícios gráficos."

O único ponto positivo a referir é o sistema de recompensas, que é composto por objetivos adicionais não-obrigatórios para as missões. Se completarem estes objetivos vão desbloquear "Boxes" de bronze, prata ou ouro. Dentro delas, estão vários prémios, incluindo personagens jogáveis para o modo cooperativo Escalation e itens de ajuda. Também vão encontrar itens que aumentam a dificuldade ou colocam desafios a troca de ganhar mais experiência para subir mais rapidamente de nível (por exemplo, os tiros na cabeça fazem os inimigos explodir danificando tudo em redor, incluindo vocês).

O familiar modo Escalation regressou para mais um jogo de Transformers e como tudo o resto, continua igual. Este é um modo cooperativo online com suporte até quatro jogadores em que o objetivo é combater ondas de inimigos com dificuldade crescente. Há bastante liberdade na escolha de Transformers, incluindo aqueles que não marcaram presença no filme e que nem sequer aparecem durante a campanha. Há que elogiar este modo modo por conseguir ser divertido até em partidas com estranhos e por ser a parte do jogo com mais consistência.

Transformers: Rise of the Dark Spark não é uma desilusão, caso contrário seria sinónimo de que existiam expectativas elevadas. Para ser honesto, cumpre as expectativas para uma adaptação de um filme. Não é bom nem é mau, fica algures no meio fugindo às vezes para um lado e para o outro. A versão analisada foi a da PlayStation 4, mas nem por isso há benefícios gráficos. Alias, esta versão seria, visualmente falando, uma desilusão até na PlayStation 3 ou Xbox 360. A juntar a isto temos uma história má contada que só consegue tornar-se minimamente interessante quando regressa até aos últimos dias de Cybertron, reciclando o material trabalhado pelo High Moon Studios.

5 / 10

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Transformers: Rise of the Dark Spark

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, Nintendo Wii U, PC, Nintendo 3DS

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Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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