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Daylight - Análise

Primeiro assusta, depois aborrece.

Daylight é aquele tipo de jogo de terror que procura provocar sustos fáceis. Assustar alguém não é assim tão difícil, basta apanhar a pessoa desprevenida, certamente já todos o fizemos a alguém. A técnica resulta com mais eficácia no escuro, que abunda nos corredores claustrofóbicos deste que é o primeiro jogo a ser lançado no Unreal Engine 4 da Epic Games. O motor foi mostrado pela primeira vez na demo tecnológica "Elemental", mostrando gráficos impressionantes e elevando as expectativas para a nova geração. Como o primeiro jogo do Unreal Engine a chegar ao mercado, carrega nos ombros o fardo provar as capacidades do motor, mas falha terrivelmente.

O resultado final de Daylight fica muito aquém do que foi mostrado na demo "Elemental". É inclusive inferior graficamente a jogos mais antigos e sofre de problemas graves de optimização. Por melhor equipado que esteja o vosso computador, é difícil que o jogo corra bem, como um rácio de fotogramas estável. Estranhamente, e apesar de não ser um jogo show-off, Daylight parece consumir todos os recursos do computador, chegando a bloquear por completo a máquina. Durante o meu tempo de jogo isto aconteceu-me duas vezes. Mesmo depois de reiniciar o PC, o jogo recomeçava no ponto problemático com um rácio de fotogramas miserável, tornando-se injogável.

Quando funciona, Daylight consegue provocar sustos para além daqueles que ocorrem quando o computador bloqueia. Os corredores são escuros e as fontes de luz são limitadas. Para iluminar o caminho temos os glowsticks que encontramos ocasionalmente e para afastarmos o espírito que nos persegue há apenas os fachos luminosos. Como guia está colocado na nossa mão direita um telemóvel que mapeia o caminho que percorremos. O telemóvel torna-se essencial porque os níveis são gerados de modo procedimental, apresentando sempre variações na forma como os corredores estão dispostos.

Seguindo os traços de outros jogos de terror, Daylight recorre ao início com amnésia. Acordamos num hospital psiquiátrico encerrado e não temos noção do que está a acontecer. Uma voz - não sabemos a quem pertence - comanda-nos a encontrar os segredos escondidos naquele hospital e não tarda muito até percebemos que há ali uma força espiritual maligna em ação. Este espírito malvado começa por aparecer ao longe, mas depois começa a aproximar-se. Se nos tocar, morremos. A única forma de o afastar são os fachos luminosos.

Descobrir os segredos deste hospital abandonado significa vaguear por corredores escuros mas genéricos à procura notas, textos e relatórios que dando algum contexto ao que aconteceu aí. Embora pregue sustos, Daylight cai na repetitividade rapidamente com a sua estrutura rígida e sempre igual. Depois de encontrarmos seis destes textos, temos que nos encontrar uma área do mapa com um circulo cheio de símbolos estranhos que brilham no escuro. No centro desse círculo estará um item, como um livro ou urso de peluche, que terão de apanhar e levar até outro ponto do mapa para abrirem uma porta que desbloqueia outra área.

O momento mais aterrador dá-se quando apanhamos este item estranho que está no centro do circulo. Como disse, na mão direita temos sempre o telemóvel e nestas situações a mão esquerda fica ocupada a segurar o item, deixando de ser possível segurar nos glowsticks. Às escuras e desorientados, o espírito começa a fazer a sua aproximação. A única opção é desatar a correr para a porta, sem olhar para trás e sempre atento ao mapa para não virar no corredor errado. Quando chegamos à porta, não podemos deixar de sentir uma sensação enorme de alívio.

"Os primeiros minutos de jogo são bons, mas não há evolução no resto da playthrough."

Daylight usa a melhor banda sonora num jogo de terror... o silêncio. Nada há nada mais aterrador que estar quase às escuras num local desconhecido e ouvir apenas os próprios passos e os ocasionais ruídos que nos deixam sempre de pé atrás se devemos avançar em frente. Porém, o jogo recorrer recorre constantemente à mesma técnica para assustar e naturalmente o efeito fica mais fraco com uso até chegar a um ponto que o medo já não é tão grande como inicialmente. Os primeiros minutos de jogo são bons, mas não há evolução no resto da playthrough.

O conceito de níveis gerados de modo procedimental aplicado a jogos de terror tinha pernas para andar mais. Daylight pode apresentar variações no mapa, mas os corredores parecem sempre iguais e o mesmo se aplica a outras divisões do hospital psiquiátrico. A técnica foi mal usada e seria preferível, pelo menos em Daylight, mapas não-aleatórios e ambientes mais ricos. Os níveis gerados de modo procedimental servem para aumentar a longevidade e para repetir o jogo várias vezes, mas depois de terminarem Daylight não ficam com essa vontade.

Pode-se dizer que Daylight cumpre um dos requisitos mínimos para um jogo de terror, que é pregar sustos, mas desleixa-se nos outros. A história nunca chega a ser cativante, é demasiado desconexa para isso. O tempo de jogo é curto, em cerca de 3 ou 4 horas conseguem chegar ao final, mas a meio já vão sentir que estão sempre a fazer o mesmo e o medo transforma-se em aborrecimento. Em junção, há imensos problemas a arruinar a experiência. Na minha experiência foi a lentidão e os crashes em certos pontos, mas basta visitar a página de discussões do Steam para perceber há imensos utilizadores a queixarem-se de outros erros e situações desagradáveis. Acredito que a Zombie Studios precipitou-se ao lançar o jogo, seria preferível adiar o lançamento uns meses e oferecer algo melhor do que aquilo que temos agora.

5 / 10

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In this article

Daylight

PS4, PC

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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