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Nintendo: O presente e o futuro

Deverá a companhia adaptar-se aos tempos?

Não é surpresa para ninguém, a Nintendo começou mal a chamada oitava geração de consolas. Bem sei que isto não é consensual, diferentes pessoas ou meios utilizam critérios distintos para definir uma geração, mas o meu preferido sempre foi o “time frame”, ou período de lançamento se quiserem, e como tal, para mim a Wii U é uma concorrente directa da PlayStation 4 e Xbox One, acompanha-as nas prateleiras das lojas, e por isso é a versão Nintendo para a oitava geração.

Até consigo compreender porque é que o critério tecnológico passou a ter muito mais aceitação popular, se pensarmos na evolução do gaming hardware nas últimas gerações, que tem sido completamente vertical. Não me estou a referir aos jogos em si, mas às plataformas fechadas dedicadas a jogos, que de modo comum denominamos de consolas. Qual foi a diferença entre a Xbox e a Xbox 360? Qual foi o salto entre a PlayStation 2 e a PlayStation 3 afinal? Pois, mais poder de processamento, disco, mais memória, mais meios para maior fidelidade e inteligência artificial, esteróides.

Mesmo agora no salto para a oitava geração, a principal diferença pode ser encontrada nas funcionalidades sociais, a integração com serviços de streaming, a possibilidade de carregar gameplays de imediato e partilhá-los no Facebook. Ferramentas a acompanhar os tempos e unir as comunidades debaixo da mesma bandeira. Apesar destas possibilidades, e dos esteróides do costume, a verdade é que existem hoje zero diferenças funcionais entre uma Xbox One, uma Playstation 4, e um PC para gaming.

Neste aspecto, a Nintendo sempre primou pela diferença, para lá dos tempos em que a diferença de fidelidade gráfica era mesmo notória, pensem nos saltos que se verificaram entre a geração de 16-bit e a primeira PlayStation ou N64, ou no salto do 2D para o 3D. Tempos em que uma cinemática era aplaudida por mostrar visuais que julgávamos impossíveis. Hoje é o contrário e os jogadores já exigem o “aprender-fazendo”, na era da alta definição, o detalhe chega a ser demasiado, distraindo o jogador do que é verdadeiramente essencial no jogo.

"A Nintendo é avessa à mudança é verdade, mas nunca ao risco."

Nunca que a Nintendo teve aversão ao risco, assim como nunca teve interesse em desenvolver software em hardware alheio. Isto lembra-me uma célebre frase de Alan Kay, cientista Americano da área da computação, que afirmou que “as pessoas que levam a sério o software, deveriam fazer o seu próprio hardware”. A opção pelo desenvolvimento das próprias máquinas sempre foi uma escolha consciente da Nintendo, no entanto, o mercado do gaming mudou drasticamente nos últimos anos, e a empresa Japonesa tem revelado alguma dificuldade em adaptar-se.

Goste-se ou não, a Wii U não tem vendido, pelo menos não de modo a atrair o interesse de terceiros (third party developers) e celebrar acordos e exclusividades relevantes. Isto não é opinativo, é apenas a dureza dos números, a crueldade do mercado. A cultura corporativa Japonesa, especialmente as da velha guarda, como a Nintendo, é muito diferente do que nós aqui no ocidente estamos habituados, mas não me parece que sejam assim tão tradicionalistas como alguns parecem querer vaticinar.

A Nintendo é avessa à mudança é verdade, mas nunca ao risco. Quando é que a Nintendo deixou de correr riscos? Quando apostou no controlo de movimentos com a Wii? Quando colocou o segundo ecrã na DS? Será que tinha expectativas demasiado elevadas para a Wii U? Talvez, se me perguntarem, diria que nem a própria Nintendo previu o estrondoso sucesso da Wii, algo que não pode ser replicado facilmente.

O risco desta vez foi uma tentativa de aproveitar o comando tipo tablet. O preço da consola sofreu com esta decisão, e ainda estamos à espera para ver a companhia a utilizá-lo como real valor acrescentado nos seus jogos. Uma baixa de preço é mais ou menos inevitável na minha opinião, apesar dos elevados custos de produção, a consola continua demasiado cara para aquilo que oferece tecnologicamente. Este sim é um dos "problemas" da companhia, a sua lentidão e foco na própria agenda, recusando adaptar-se ao ritmo do mundo, que hoje se move mais rapidamente do que nunca.

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Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.

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