Skip to main content
Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Yoshi's New Island - Análise

A ilha dos sorrisos.

Enquanto que em Super Mario World existe um tempo limite para completar um nível, em Yoshi's New Island esse constrangimento não se aplica. Isso dá todo o tempo do mundo para explorar cada secção e cada ponto onde também se podem encontrar bónus. Existem imensos coleccionáveis por cada nível. 20 moedas vermelhas, 30 estrelas (cada uma acrescenta um segundo de vida ao Mario bebé depois de este se soltar das costas de Yoshi até que seja raptado pelo Kamek) e cinco flores sorridentes. Descobrir tudo isto e chegar ao fim com o "score" pleno é tarefa árdua e talvez seja esse o medidor do desafio para os jogadores veteranos. Ainda que os níveis sejam extensos e haja vários pontos intermédios, chegar ao final não é particularmente exigente, o que é um sinal revelador de uma tendência em favorecer uma audiência menos experimentada neste género e mais juvenil. Enquanto que os clássicos proporcionavam um desafio mais duro, neste jogo verifica-se uma certa suavização que pode não ser do agrado dos mais veteranos.

Os obstáculos ao longo do percurso também tendem a mudar constantemente. Desde pedras quebráveis através do salto em queda de Yoshi, passando por um cão "fofinho" chamado Piloto, de grandes proporções, que acompanha Yoshi para onde ele for, proporcionando-lhe por vezes um substrato para que possa saltar mais alto, existem bastantes surpresas e diversas mecânicas cuja particularidade consegue criar imediata empatia.

Yoshi oferece mais alguma facilidade nos saltos.

Os níveis não podiam ser desafiantes sem a existência de inimigos. Enquanto que as plantas piranha, os masquitos e o lakitu pescador criam dificuldades numa vertente mais tradicional, bosses como o Feijão Grandão, Rei Caranguejado, Kamek e Bowser bebé ou a carranca que confunde o andamento de Yoshi, obrigam a todo um esforço de superação. Umas passagens mais desatentas e lá se perdem umas vidas Os snifes atiram sementes de melancia e requerem uma aproximação cautelosa assim como os masquitos equipados com lanças.

Controlar Yoshi continua a ser tão bom como no original. O pequeno dinossauro corre, salta mais algum tempo e até ganha alguma impulsão enquanto está no ar. Os movimentos básicos são em todo semelhantes ao clássico, com o salto a facilitar um pouco as passagens entre plataformas. Mas os power ups sempre constituíram o lado mais agradável da experiência e isso não foi descurado. Assim, é possível comer melancias e disparar sementes como se estivessem a sair do cano de uma pistola. Além disso, Yoshi consegue reunir até 6 ovos de cada vez. A grande novidade neste capítulo são os "demoliovos", ovos gigantescos (obtidos depois de ingerir um masquito gigante que dá algum trabalho a ser aprisionado), que podem ser coloridos ou escuros. Estes últimos são utilizados debaixo de água. Porém, ambos servem para destruir grandes barreiras, como muros de pedra.

A grande alteração, no entanto, está nas sucessivas transformações a que Yoshi está sujeito em determinados segmentos dos níveis. Ao transformar o pequeno dinossauro num balão de ar quente, num helicóptero, num trenó, num carrinho de mina ou num submarino, os produtores procuraram ao máximo criar diferentes métodos de interacção, progressão e dificuldade. Ao mesmo tempo é dada uma utilização específica à consola através do giroscópio, que permite ao jogador rodar a consola e assim controlar Yoshi. Apesar de estarem circunscritos a pontos específicos do nível, com porta de entrada assinalada com indicação da transformação e por existir um tempo limite para atravessar a secção, estes desafios mais parecem mini-jogos desenvolvidos dentro do grande bloco de plataformas em 2D, ainda que o seu grau de dificuldade seja bastante reduzido. Por fim, existem ainda alguns "power ups" relevantes mas mais comuns, como as estrelas Yoshi, que lhe emprestam temporariamente a velocidade de um Usain Bolt e as asas flutuantes, mas este último é um auxiliar de ajuda extrema que só deve ser utilizado por quem nunca jogou jogos de plataformas.

Os gráficos e toda a arte do jogo evocam o clássico. É certo que a Arzest não tem no seu elenco de produções um jogo de plataformas, e a sua inexperiência podia causar algum receio, mas ainda bem que no final prevaleceu a manutenção do design do clássico. Embora não o ultrapasse, há toda uma composição cheia de ternura e verdadeiramente carinhosa na reprodução das criaturas que habitam na ilha ovoadora. Até com os inimigos conseguimos desenvolver simpatia. Só para dar um exemplo, há um monstro que começa por mostrar um olhar de severidade e susto mas que depois de uns quantos danos e de se reduzir a um quinto do seu tamanho mostra aquele delicioso ar de piedade. Há mérito neste esforço. De resto, podia ter sido adicionada mais alguma variedade aos fundos e preencher mais algumas secções, que se apresentam vazias e com pouco que nos consiga prender realmente, a não ser o desenho como que saído à mão.

As transformações implementadas no jogo.

A cadência de "frames" corre a bom ritmo e não há percalços, nem mesmo nas "boss fights". Percebe-se que para evitar algumas quebras os produtores tenham optado por fazer uma espécie de "zoom out" e reduzir o tamanho de alguns oponentes nestas batalhas. A banda sonora cumpre o seu propósito mas podia ter sido adicionada alguma variedade, já que por vezes parece passar um pouco despercebida. Em termos de componente para vários jogadores, existe um modo cooperativo para dois jogadores, no qual ambos participam numa série de mini-jogos baseados em contextos significativamente diferentes da aventura. Depois de completarem o jogo terão acesso a mais mini-jogos. A ligação para o modo cooperativo efectua-se através de rede local, podendo usar a opção download (que restringe o número de mini-jogos disponíveis) ou a opção para os jogos instalados nas duas consolas.

Yoshi's New Island será lançado quase vinte anos depois do saudoso Yoshi's Island da SNES. É difícil fazer uma nova produção tendo a sombra deste título por detrás, mas enquanto que alguns anteriores trabalhos ficaram aquém na tentativa de fabricar uma experiência a esse nível, esta produção da Arzest, embora não a ultrapasse, também não lhe fica muito distante. A moderação da dificuldade, numa tentativa de abranger mais jogadores, sobretudo os mais novos - que vão apreciar a localização para português -, retira algum brilho ao desafio que ainda deve nortear as plataformas em 2D, como bem conseguiu a Retro Studios com Donkey Kong Country Returns e a recente sequela. Apesar disso é um jogo seguro de si, com bastantes áreas secretas, coleccionáveis e transformações radicais do protagonista numa série de veículos.

7 / 10

Read this next