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Thief - Análise

Demasiado no escuro.

Thief é um dos primeiros jogos de séries de longa data a chegar às novas consolas, não deixando de lado o PC onde dormiu muitos anos e a geração anterior. São dez anos desde o terceiro jogo da série e muita coisa mudou no cenário dos videojogos. Quando uma série fica muito tempo sem aparecer nas prateleiras é criado de imediato uma aura em sua volta para que seja lançado um novo jogo. Este desejo poderá criar um sentimento de "qualidade" antes mesmo sequer de o termos jogado, principalmente se os jogos anteriores marcaram uma geração. Thief não corresponde ao sentimento gerado, mas também não arruma o novo jogador.

Se nos últimos meses temos presenciado chuva e mais chuva, com tempestades a assolar o nosso país, jogar Thief nestas circunstâncias coloca no cenário virtual o que vemos cá fora. Thief é um jogo sombrio, onde a escuridão, o frio, a chuva e humidade aliam-se ao estado de alerta para com inimigos que farejam cada canto da The City.

Garret, a personagem principal, está de volta à sua cidade, mas encontra-a gerida por um novo tirano, o The Baron, que para além de subjugar a cidade com os seus capangas, também deixa os seus cidadãos morrerem devido a uma praga. Thief traz-nos de volta os ambientes negros num ambiente Vitoriano, roçando levemente o estilo Steampunk e sendo comparado o fantástico Dishonred, apesar deste último ser uma nova PI.

Após alguns acontecimentos no início do jogo, Garret vê-se perante uma nova missão, maior que a de simples cumprir com pequenos roubos, algo que está na sua natureza. Garret apenas trabalha por dinheiro e recompensas. O roubo é a sua obra de arte, e é o melhor no seu ofício. Mas perante a ameaça do Barão, algo mais alto se levanta, pois ameaça toda a sua cidade e a feliz vida de ladrão.

Apesar de podermos optar por diversas missões laterais, Thief é demasiado linear para podermos até considerar um jogo com um pequeno mundo aberto. As missões secundárias são demasiado óbvias e algumas vezes até aborrecidas para investirmos o nosso tempo nelas. Para piorar ainda mais as missões secundárias, o que ganhamos em troca não ajuda a motivar-nos para cumprirmos com mais e mais missões. Perante este cenário temos a missão primária, a história, para cumprir e aqui já vale o investimento.

Como seria de esperar podemos abordar cada missão de forma diferente, principalmente no stealth ou na ação. O stealth é o modo que obrigará a sermos mais cautelosos e escolher melhor o caminho até ao ponto de chegada. Se quisermos entrar na onda da ação temos que levar em conta que temos poucos recursos físicos a nosso favor. Garret é um homem das sombras, age pela calada e ataca sem que o inimigo saiba donde viemos. Esta é a sua natureza e isso revela-se no tipo de armamento ao seu dispor. Se entrarmos numa batalha com mais de dois inimigos o mais certo é morrermos, principalmente nos modos de dificuldade Normal para cima.

O modo de dificuldade escolhido é algo que terão que levar muito em conta. Se quiserem um desafio sério não joguem em normal, e arrisquem os níveis superiores. Thief é um jogo fácil em modo Normal, bastando um pouco de paciência e passarão o jogo facilmente. Em virtude de podermos escalar, temos alternativas de jogar de uma forma mais vertical, apesar de muitas missões por vezes não fazerem sentido para onde temos que nos dirigir, devido ao mau funcionamento da seta de objetivo.

Cada missão dará colecionáveis a Garret, que vão desde anéis, brincos, colares, artigos raros que podemos os revisitar na nossa "casa", onde estão guardados. O mais estranho disto, é que por vezes não faz sentido nenhum termos imensos objetos valiosos espalhados pelo cenário. Estamos num ambiente de verdadeira pobreza, pessoas a dormir na rua, sem dinheiro e pertences, mas as casas estão cheias de ouro e jóias?

Os ambientes são transformados com a nossa passagem pois podemos apagar velas, tochas e luzes para nosso proveito. Como somos um ladrão temos que analisar o ambiente para precavermos contra objetos não desejados, como por exemplo garrafas de vidro partidas no chão, água, madeira e armadilhas. Tudo isto fará com que Garret seja "visto" pelos seus inimigos.

Como joguei na versão PlayStation 4 temos aqui um vislumbre da nova geração. O problema destes jogos de meio geração é que têm o pé em cada uma delas, na nova e na anterior. Thief é um jogo bonito, recria fielmente o ambiente de uma hipotética Londres ainda mais húmida e escura, mas depois revela as suas fragilidades como por exemplo nos modelos das personagens, algumas texturas e falta de ambição em recriar um mundo ainda maior e mais rico, algo que queremos ver nesta geração.

Nas missões iremos encontrar cofres escondidos em diversas zonas, principalmente por detrás de quadros. Para isso temos que levar em conta os sensores de vibração do comando para sabermos onde estão os botões para desbloquear o quadro e revelar o cofre. A forma de abrimos o cofre ou outras fechaduras é pelo recurso da sensibilidade do comando, onde detectamos quando podemos rodar para abrir. Nada de novo aqui.

"Estamos num ambiente de verdadeira pobreza, pessoas a dormir na rua, sem dinheiro e pertences, mas as casas estão cheias de ouro e jóias?"

Garret tem uma pequena habilidade chamada de Focus, que revela em tons de azul as zonas ou objetos com os quais podemos interagir ou roubar. O Focus também revela as armadilhas, mas neste caso a vermelho. É interessante que podemos aumentar o nosso nível de tempo de Focus, mas se nada fizermos temos Focus ilimitado por pequenos segundos, o bastante para podermos saber onde estão os objetos. Isto é algo opcional, mas é útil para limparmos rapidamente uma sala.

Os inimigos em geral fazem as suas rotinas de forma óbvia, não havendo qualquer imprevisto. Quando algo de diferente acontece é porque estava projetado para que fosse assim e em quase todas as vezes perdemos o controlo e se inicia uma cinemática de fuga ou de luta, que para pena minha retira muito o factor de nos sentirmos ameaçados, pois não controlamos a ação e sabemos que não iremos morrer pois faz parte da história.

Ainda dentro do ramo do ladrão a versão PS4 vem com a particularidade de revelar por intermédio da cor da luz do Dualshock 4 quando estamos visíveis ou não, apesar de termos no ecrã essa informação. É um pequeno gimmick que não traz nada de verdadeiramente revolucionário ou novo ao jogo.

Thief é um dos jogos que mais esperava neste início do ano. Um jogo que prometia imenso mas que não conseguiu cumprir com a desejada fama. É um jogo que muitas vezes é cansativo de se jogar, mas que outras vezes nos dá alguma vontade de completar. As missões secundárias são demasiado fáceis, sem interesse e muitas vezes confusas. Perdemos muito tempo por algo que não traz nada de valor para Garret. Thief vale pela sua história em linha reta e/ou para aqueles que gostem de andar por todas as salas a limpar gavetas e cofres sem qualquer sentido.

6 / 10

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Thief

iOS, PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Jorge Soares avatar

Jorge Soares

EG.pt Master of Puppets

Sempre ocupado e cheio de trabalho, é ele quem comanda e gere a Eurogamer Portugal. Queixa-se que raramente arranja tempo para jogar, mas quando está mesmo interessado num jogo, lá consegue arranjar uns minutos. Tem mau perder e arranja sempre alguma desculpa para a sua derrota, mas no fundo, é o que todos fazemos.

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