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3D Ecco the Dolphin - Análise

O périplo do golfinho Ecco.

Lembro-me que a chegada da Mega Drive ao nosso território se fez acompanhar por uma grande publicidade em torno de Ecco The Dolphin, um jogo que tinha um golfinho como protagonista e capa do jogo. Sem mais explicações, era um daqueles títulos que nos deixava a imaginar como seria a sua jogabilidade e o que poderíamos fazer com um golfinho sobre as profundas águas do vasto mar. Durante muito tempo cultivei essa curiosidade, até que um dia me chegou às mãos a famosa revista Mega Force, que tinha um especial sobre o jogo, levando-me a descobrir que Ecco the Dolphin é um jogo de exploração submarina, no qual temos de levar o nosso inusual herói a passar por zonas de grande complexidade labiríntica, recorrendo ao sonar a fim de encontrar eventuais saídas.

Apesar de ter jogado uma miríade de títulos para a Mega Drive, estranhamente numa completei esta produção da Novotrade International, embora a arte prazenteira de Boris Vallejo, bem ilustrada na caixa do jogo, seja a memória mais acordada que guardo deste título. É por isso em boa altura que chega até nós mais uma - incansável - produção da M2, que novamente se esforça por tributar este curioso título lançado no começo dos anos noventa.

O fundo do mar é casa de muitas espécies marinhas, mas nem todas são simpáticas para o nosso golfinho.

Ao experimentá-lo pela primeira vez, duas impressões retive imediatamente. Primeiro a inevitável ligação com os mundos aquáticos de Super Mario. Considerando que este é um jogo de 1992, Super Mario World já tinha saído há dois anos. Eu não sei se os produtores acompanharam de perto o jogo de Miyamoto e Tezuka, mas há muitas semelhanças na reprodução destes mundos preenchidos por água. Depois, há o inevitável Endless Ocean, uma produção alternativa que nos revela os mistérios e toda a vida marinha com um grau de realismo bastante preciso. A diferença é que Ecco the Dolphin é mais jogo, desafiante do ponto de vista da dificuldade, ao colocar um golfinho sobre situações complicadas, evitando os constantes inimigos e zonas labirínticas que nos levam a formatar por diversas vezes o caminho ideal até ao próximo nível.

Não sendo um parente distante de outros títulos que partilham este formato pelos trajectos complexos, como Metroid, Castlevania e, em certa medida, The Legend of Zelda (nas descidas às câmaras dos bosses), Ecco the Dolphin promove uma série de elementos que mais nenhum outro jogo consegue replicar, graças ao seu herói, um golfinho. Com ele podemos saltar sobre zonas rochosas, ganhar velocidade dentro da água (para saltar mais alto e longe) e emitir sons com os quais obtemos uma espécie de radiografia da área envolvente. Mas também é necessário evitar contactos com predadores marinhos e espécies perigosas e, regularmente, emergir de forma a manter os níveis de oxigénio.

Juntou-se à habitual dupla o director original que operou a localização do jogo para o Japão, Ryoichi Hasegawa.

Estes elementos encontram-se bem implementados e ajudam a promover uma experiência única, mas também há um lado escuro desta moeda, que deriva precisamente de um sistema de controlos da personagem muito exigente. Por exemplo, para saltarem com sucesso sobre uma elevação rochosa é fundamental ganharem velocidade e inclinarem o golfinho na posição correcta. Até que o salto resulte podem ser precisas mais de dez tentativas, o que é bastante frustrante. Quando se pedia uma jogabilidade suave, os controlos parecem apontar para o oposto. Por outro lado, as áreas navegáveis requerem um idêntico nível de precisão, pelo que a frustração pode continuar, a somar à revelação muito limitada do mapa, o que resulta numa série abundante de tentativas falhadas antes de descobrirem a saída. Pelo meio, fintar todos os inimigos, em número cada vez mais crescente é um desafio suplementar, pelo que, não raras vezes, se perde a vida só porque falta precisão aos comandos. Felizmente existe a hipótese de gravar o jogo a todo o instante, uma concessão sempre muito bem-vinda por parte da M2.

Passagem pelo ártico.

Do lado dos pontos positivos encontramos uma bela representação do mundo marítimo, boa fluidez nas animações e mais um bom trabalho da M2 em termos de opções na maneira como podem abordar o jogo. Os efeitos 3D, contudo, não parecem ser tão evidentes como noutros jogos. Talvez pela estrutura 2D das plataformas, quer os efeitos para fora ou para dentro não oferecem uma profundidade tão clara. O filtro do televisor clássico também é uma opção a favor dos jogadores mais nostálgicos e também podem alternar a emulação nas duas versões da Mega Drive. Por forma a suavizar a famosa dificuldade a M2 acrescentou uma opção que veste de invencibilidade o nosso golfinho.

Embora a M2 tenha prestado mais um bom serviço de restauro de um clássico da Mega Drive, dando a muita gente a possibilidade de experimentar títulos que por diversas razões permanecem num estado de curiosidade, este é um daqueles títulos que não traduz equilíbrio nas metas de produção do original e da remasterização. Se por um lado são evidentes os traços de uma produção do princípio dos anos noventa com elementos distintivos, por outro lado é claro que os controlos do nosso golfinho estão longe de permitirem uma navegação desejável e precisa no fundo das águas, prejudicando a experiência. Um título diferente e arrojado mas que ainda requer uma revisão substancial da mecânica.

6 / 10

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