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3D Galaxy Force II - Análise

Numa galáxia distante.

Por esta altura nenhumas dúvidas sobram acerca do trabalho desenvolvido pela equipa M2 da SEGA, sobre a conversão e restauro de clássicos arcade e de consola para a 3DS. Trata-se de um processo de fabrico que envolve qualidade, elegância e sofisticação, encabeçado por duas figuras que têm sido o rosto desta inebriante surpresa de final de ano, bem a tempo de evocar a nostalgia de muitos natais, com mais ou menos vinte anos, quando a consola 16 bit da SEGA se escancarava em capas de revistas dedicadas e ocupava posições privilegiadas nas prateleiras das lojas, ao mesmo tempo que abundavam nos salões de jogos cabines repletas de efeitos especiais.

Com efeito, Naoki Hori e Yosuke Okunari, os mentores deste "encore", querem mostrar que o sangue da SEGA que conhecemos outrora ainda corre lá no fundo, assim como uma certa esperança. Que nos escombros de um edifício outrora imponente e visível a longa distância, ainda há muita matéria reutilizável e com a qual se pode voltar a fabricar algo de relevante. A Nintendo 3DS parece ser cada vez mais a parceira perfeita neste regresso aos tempos áureos, disponibilizando uma dimensão extra e um tipo de jogabilidade que se revê na estrutura portátil do sistema, como que a lembrar-nos, a todo o instante e onde quer que estejamos, que há sempre uma arcade por perto. É curioso observar, de resto, esta aproximação exclusiva entre Nintendo e SEGA. Que mais nos reserva o futuro?

Uma opção até permite mudar o fundo por detrás da máquina.

Com Galaxy Force II lançado em 1988 para as arcades, a SEGA quis esmerar-se e ultrapassar Space Harrier, ao apostar numa nova franquia que trouxesse uma nova máquina capaz de se movimentar em todas as direcções, ao mesmo tempo que acrescentaria uma especial dinâmica aos shooters tridimensionais. As posteriores conversões para plataformas domésticas não alcançaram o mesmo resultado, desde logo devido à falta de uma placa gráfica capaz de processar tantos elementos no ecrã. É que Galaxy Force II, na sua versão arcade, corre numa placa SEGA Y, uma das mais avançadas à época, pelo que esta versão, ainda hoje possui um dos mais espantosos visuais para um shooter espacial 3D, e tudo a 60 fps.

Essa foi a maior dificuldade para a equipa M2: conseguir passar para a tela estereoscópica da 3DS toda a espectacularidade da mesma versão arcade, renunciando às conversões que nunca fizeram justiça à obra original, sem perder de vista a fluidez e magnitude visual. O resultado é fantástico. Enquanto que Space Harrier revela alterações dos fundos e inimigos sempre por uma mesma ordem, em Galaxy Force II são notórias as diferenças. A sensação de liberdade no controlo da nave é total e a abordagem aos inimigos e fuga aos obstáculos reproduz-se com uma grande fluidez e sensação de controlo. É verdade que para muitos jogadores os "shmups" 2D tradicionalmente japoneses alcançaram um estatuto de culto muito grande, mas mesmo hoje, Galaxy Force II ainda é uma das referências mais entusiasmantes dentro do género shooter 3D.

Naoki Hori e Yosuke Okunari, os artesãos destes clássicos arcade recuperados.

Os condimentos para o sucesso estão lá. A bordo de uma nave espacial da Space Federation, numa galáxia distante, cabe-nos enfrentar a ameaça desencadeada pelo Fourth Empire. Como consequência, iremos passar por vários planetas e enfrentar hordas de inimigos. A reprodução tridimensional de algumas naves espaciais é verdadeiramente colossal, mas também há secções interiores e obstáculos que teremos de evitar, pilotando com perícia. O controlo da nave espacial é simples. Por norma o botão analógico é o que melhor serve. Aos disparos laser acresce uma bateria de mísseis com os quais podemos abater uma frota de naves inimigas, bastando efectuar um "lock on" sobre os respectivos aparelhos. Contudo, os mísseis não abundam pelo que se torna indispensável uma utilização consciente. Mas haverá reabastecimentos mesmo durante as missões, pelo que podem premir o gatilho dos mísseis com mais alguma confiança, quanto mais não seja, a fim de entrarem para o quadro de honra das melhores pontuações.

Galaxy Force II beneficia claramente do efeito estereoscópico proporcionado pela tela superior da 3DS. A sensação de profundidade é maior e com tantas explosões a acontecer entre a nave e o fundo do ecrã, a acção fica mais viva e fulgurante. Na primeira missão a nossa nave beneficia de um escudo protector que repele os ataques dos adversários, mas é inevitável o desgaste, ao ponto de o nosso jogo terminar assim que a energia proporcionada pelo escudo se esfumar. Jogado com as configurações arcade, Galaxy Force II é uma experiência hardcore. No fim do segundo mundo já estão a passar pelas primeiras frustrações. Mas a M2 colocou opções de alargamento da vitalidade do escudo, entre outras que moderam o grau de dificuldade, aliviando o peso do desafio.

Podem também optar por diferentes modelos de cabine: FX e Super FX.

À semelhança de Space Harrier, a M2 acrescentou mais alguns efeitos especiais, nomeadamente sons da máquina arcade, assim como perspectivas mais distantes que abarcam um pouco da máquina. Apesar deste magnífico trabalho, Galaxy Force II transporta consigo o peso de mais de vinte anos de uma experiência arcade, algo curta quando completada num quadro de dificuldade suavizado. Porém, os fãs mais hardcore até se sentirão tentados em juntar o pro circe pad como forma de garantir uma reprodução mais fiel da arcade, jogando na dificuldade normal.

De qualquer modo, 3D Galaxy Force II é uma das mais pujantes e interessantes produções da M2 nesta vaga de clássicos adaptados à Nintendo 3DS. A conversão é perfeita e não só há um trabalho de restauro cuidado como também existe uma preocupação em garantir uma reprodução fiel da máquina arcade. Só falta mesmo usar as moedas virtuais da 3DS para obter créditos suplementares.

8 / 10

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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